Delegacia

307 23 3
                                    

Durante o trajeto até a casa de Renata, uma musica calma tocava no radio, até que o celular de Augusto, que estava no porta copos, começou a tocar sem parar.

Augusto tirou uma das mãos do volante e pegou o celular, leu o nome que estava escrito na tela: Maia.

Augusto atendeu a ligação e colocou o telefone no ouvido.

Ligação on:

O que foi Maia? – Augusto perguntou assim que atendeu.

Boa noite, aqui quem está falando é o delegado Pedro Toledo. O senhor é parente da senhorita.. Maia Jiménez? – O delegado perguntou.

Sim, ela é minha irmã. – respondeu desconfiado. – Aconteceu algo com ela? – Perguntou preocupado.

Sua irmã foi pega junto com uma amiga, ambas estavam dirigindo alcoolizadas. – O delegado Pedro relatou – A amiga dela pagou fiança e foi solta, mas sua irmã permanece aqui.

Certo. Estou indo para aí. – Encerrou a ligação.

Ligação off:

– Renata se importa se pararmos em um lugar antes? – Augusto perguntou olhando para a mulher que estava sentada ao seu lado.

– Não, claro que não. – respondeu dando um pequeno sorriso.

Augusto deu a volto e dirigiu em direção a delegacia que a irmã estava.
Ao chegar no destino, Augusto entrou na delegacia acompanhado de Renata.

– Boa noite, sou o Augusto Jiménez. Irmão da Maia Jiménez. – Augusto encarou o policial que estava atrás do balcão.

– Ah sim! O delegado está te esperando na sala dele, é só seguir esse corredor, primeiro porta à esquerda. – Disse o policial apontando para o corredor.

– Obrigado! – agradeceu.

Augusto e Renata fizeram o pequeno trajeto que o policial disse. Augusto deu três toques na porta que o policial indicou.

– Entre! – uma voz masculina soou de dentro da sala, Augusto reconheceu aquela voz sendo a mesma da ligação de minutos atrás.

Augusto levou a mão até a maçaneta e abriu a porta, e deu passagem para Renata entrar.

– Boa noite! – o delegado que estava sentado, se levantou e cumprimentou aos dois com um aperto de mão.

– O "papai" chegou. – murmurou Maia que estava sentada em uma cadeira defronte para a mesa do delegado.

Augusto ignorou completamente o comentário da irmã, dava para perceber em sua voz que ela estava alcoolizada.

– Qual o valor da fiança? – Augusto perguntou respirando fundo.

– Será de dois mil e quinhentos reais. – disse o delegado.

– Certo. – sacou a carteira do bolso da calça. – Aceita cartão de crédito? – Augusto perguntou.

– Sim! – concordou. – É só ir lá na recepção que eles irão te ajudar. – indicou.

– Obrigado! – Augusto estendeu a mão para o delegado, que a apertou em seguida.

Augusto, Renata e Maia saíram da sala do delegado e seguiram para a recepção. Enquanto Augusto pagava a fiança da irmão, Renata ficou ao seu lado, e Maia seguiu para o lado de fora da delegacia.

– Obrigado! – Augusto agradeceu guardando a carteira no bolso da calça.

Augusto e Renata seguiram para o lado externo da delegacia, e encontraram Maia sentada em um banco ali perto.

Augusto se aproximou da irmã pisando forte, iria ter uma conversa séria com ela, e seria agora e alí mesmo.

– O que você acha disso que você fez, Maia? – Augusto parou na frente da irmã. – O que a mamãe acharia se soubesse o que você fez? – era possível notar a mágoa em seu tom de voz.

– Você não entende o que eu estou passando! – disse a mulher com a voz embargada, Augusto não sabia se era pela bebida ou pela lágrimas que se acumulavam nos seus olhos.

– Maia, esquece aquele homem de uma vez por todas! – passou a mão pelos cabelos. – Você está acabando com a sua vida por causa daquele desgraçado. – encarou a irmã.

– Eu amava ele. – Disse baixinho.

– O que você acha que a mamãe acharia se soubesse que a filha dela foi detida por causa das próprias atitudes? – Augusto tinha um tom sério na voz.

Mas a mulher nada respondeu, enquanto isso Renata só observava a conversa dos dois em silêncio.

– Já que você não responde, eu respondo – deu uma pausa. – Ela sentiria desgosto! – apontou o dedo indicador na face da irmã.

– Você não é meu pai para falar assim comigo! – Maia aumentou o tom de voz, se levantou ficando cara a cara com Augusto.

– Posso não ser o seu pai, mas foi eu que assumi o papel que ele devia ter cumprido. – disse Augusto tentando se manter calmo, mas estava sendo um pouco complicado. – O seu pai, o seu herói, te abandonou assim que soube que a nossa mãe estava grávida! –  disse com os dentes cerrados.

– E pelo visto o seu pai fez o mesmo com a nossa mãe. – disse Maia sem pensar nas consequências.

– Mas pelo menos ele teve a decência de me registrar, cuidar de mim, ajudar na minha criação, mesmo estando longe, o que o seu pai não teve coragem de fazer. – rebateu Augusto com indiferença.

Renata resolveu irtervir naquela discussão, antes que eles se ferissem com as palavras ditas.

– Já chega, né? Vocês estão cansado, precisam descansar um pouco. – disse Renata entrando no meio dos dois e os afastando.

– Você está certa. –  Augusto respirou fundo se acalmando.

Os três seguiram em direção ao carro em silêncio, Augusto deu partida dirigindo em direção ao Lebon.

Durante o trajeto nenhuma palavra foi trocada, de minuto em minuto Augusto verificava a irmã pelo retrovisor do carro. Sabia que tinha pegado pesado com ela, se arrependia disso, amanhã iria conversar com mais calma com ela.

Ao chegar no endereço que Renata tinha dado, Augusto para o carro defronte ao prédio.

– Obrigada por me trazer. – Renata agradeceu retirando o sinto de segurança.

Mas antes que a mulher  saísse do carro, Augusto segura seu pulso.

– Me desculpa? – Augusto pediu olhando nos olhos escuros de Renata.

– Pelo o que exatamente? – Renata perguntou colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha.

– Por ter feito você presenciar aquela... discussão entre mim e a minha irmã. – disse Augusto timidamente.

– Tudo bem, eu sei como é um relacionamento entre irmãos, afinal, eu também tenho uma irmã. – riu.

– Espero que possamos nos reencontrar, mas dessa vez sem nenhuma confusão. – disse Augusto sorrindo.

– Agora eu preciso ir, meu marido deve estar me esperando. – Renata deu um beijo na bochecha de Augusto. – Até! – se despediu, saiu do carro e fechou a porta.

Augusto ficou a observando até que ela sumiu de seu campo de visão.

– Vai ficar aí com essa cara de bobo apaixonado ou vamos pra casa? – Maia perguntou com os braços cruzado.

– Você não estava dormindo criatura? – Augusto perguntou encarando a irmã através do retrovisor.

– Acordei com as risadas de vocês. – disse Maia. – Muito bonita a sua namorada. – cruzou os braços enquanto encarava o breu pelo vidro.

– Ela não é a minha namorada. – disse pausadamente.

– Uma pena! – encostou a cabeça na janela do carro.

Juntos pelo acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora