Escada

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Pov Augusto:

As horas pareciam se arrastar em uma lentidão insuportável, aquilo estava me deixando louco.

Havia me desacostumado a passar os dias longe de Renata, a sua ausência tornava tudo cinzento e chato. Sinto falta dos momentos antes preenchidos por sua risada, agora tudo o que eu tinha era uma vazio doloroso.

Os dias se passavam assim como os minutos, parecia que estavam carregando grandes fardos.

Desde o dia em que saí de casa eu não a vi mais, todas as notícias que tenho dela são dadas através de Lanza. Sinto que a distância entre nós aumenta cada vez mais.

Renata é minha bússola, e sem ela eu fico desnorteado, sem eixo.

Augusto? Augusto?

Saio de meus pensamentos ao ouvir vozes, me fazendo voltar para o mundo real.

– An? Oi! – passou a mão pelo rosto afim de afastar aqueles pensamentos – O que foi Rafaela?

– Me pediram para entregar esses documentos para você. – sorriu entregando a pasta.

– Obrigado! – Augusto pegou a pasta e sentiu o toque da mulher em sua mão.

– Você parece tão tenso...

– É impressão sua. – Saiu de trás de sua mesa e foi em direção a porta.

Sinto a mão de Rafaela agarrar meu pulso me fazendo parar.

Me viro e sou surpreendido por um beijo inesperado.

– Chega! – Augusto falou se afastando da mulher.

– Augusto, eu posso te fazer mais feliz do que a Renata... – Rafaela tentou se aproximar de Augusto, mas ele se afastou ainda mais.

– Escuta aqui – apontou o dedo em sua cara – desde o dia em que você pisou os pés nessa redação tem feito da minha vida um inferno, se eu e a Renata estamos separados é por sua culpa. – Augusto falava visivelmente irritado.

– Se ela te largou é porque não te ama.–  um sorriso brotou nos lábios da mulher ao saber que Augusto e Renata estavam separados.

– Cala a sua boca! – voou pra cima da mulher a prensando contra a parede – Presta bem atenção no que eu vou te falar – deu uma pequena pausa, seus olhos brilhavam de fúria – pode ter certeza que hoje foi o último dia que você infernizou minha vida, porque agora eu vou infernizar a sua, vou retribuir todo o favor que você me fez – soou sarcástico – Aliás, pode ir arrumando suas coisas porque vou fazer de tudo para que você saia daqui.

– Você está me machucando. – Rafaela sentia falta de ar.

– Está avisada. – por fim, Augusto a soltou a vendo cair de joelhos no chão – Você é maluco! – passou a mão pelo pescoço.

– Você ainda não viu o maluco. – gargalhou arrumando sua roupa.

A vejo se levantar e sair dali com pressa, me direcionou ate a porta e a tranco, não queria ser incomodado por ninguém.

Me jogo no sofá massageando as têmporas, minha cabeça estava começando a doer.

Sinto meu celular vibrar no bolso da calça, o pego e estranho Lanza estar me ligando naquele horário.

Ligação on:

– Oi lan...

– Augusto, pelo amor de Deus, a Renata caiu... ela desacordada... – Lanza falava desesperadamente.

– O que? Como assim, Lanza? – Augusto deu um pulo do sofá.

vem pra , por favor, eu não sei o que fazer. – Lanza tinha a voz chorosa.

– Lanza, liga para a emergência, eu estou chegando!

Ligação off:

Receber a notícia de que Renata havia sofrido um acidente e que está a inconsciente me deixou em um completo desespero. Peguei minhas coisas e saí às pressas da redação, durante o trajeto até o Leblon dirigi acima da velocidade permitida e fiz ultrapassagens inadequadas.

Ao chegar lá, me deparei com uma ambulância enfrente ao prédio, estacionei o carro de qualquer forma e fui em direção a entrada.

Ao passar pelas portas de vidro, avistei Renata sendo levada em uma maca pelos paramédicos, mas atrás avistei Lanza com o rosto banhado de lágrimas.

Meu coração disparou de angústia e preocupação ao ver a face de Renata tão pálida, ela estaria completamente branca se não fosse pelo pequeno corte que havia em sua testa.

Corri apressadamente em sua direção, queria ter notícias dela e da nossa filha.

– Senhor, por favor, se afaste. – um dos paramédicos pediu.

Me afasto sentindo a preocupação aumentar cada vez mais. Levo as mãos a cabeça me sentindo culpado pelo o que havia acontecido com ela, se eu não tivesse saído de casa ela estaria bem agora.

– Augusto... – ouço a voz de Lanza.

– O que aconteceu, Lanza? – Augusto perguntou para a estilista.

– Eu não sei, quando cheguei ela estava caída. – Lanza abraçava o próprio corpo – Augusto, ela estava sangrando.  – Lanza falou com os olhos marejados.

Sinto uma forte dor se instalar em meu peito. Um turbilhão de medo e preocupação invadiu minha mente, a cada batida do meu coração parecia que ecoava a incerteza do que poderia acontecer.

– Lanza, vai com ela, eu te encontro no hospital. – disse Augusto.

【...】

Enquanto dirigia rumo ao hospital, minha mente parecia uma zona de guerra, estava cercado por incertezas, medo, angústia e preocupação.

Cada semáforo parecia uma eternidade, a ansiedade aumentava a cada segundo.

A cada segundo eu pensava em Renata e na nossa filha, a nossa Alice. O medo me rondava, aquilo era avassalador.

Eu não era a pessoa mais religiosa do mundo, mas ali, perante aquela situação, eu rezava baixinho para que tudo terminasse bem.

Eu não iria aguentar perder outro filho, e perder o amor da minha vida.

Juntos pelo acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora