Hoje ele teria tres anos

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Você está grávida

Você está grávida

Aquela frase rondava a mente de Renata

A mulher olhou para Augusto que estava ao seu lado, o rapaz estava tão branco quanto um papel.

- Isso não é possível. - Renata se negava a acreditar.

- É sim. Olha aqui. ‐ mostrou o bebê no monitor.

Era verdade. Ele estava bem ali. Quietinho.

Vanessa entregou um papel toalha para Renata se limpar e voltou a se sentar em sua mesa.
Augusto estava em choque, não sabia como agir ou o que falar. Então acompanhou Renata e se sentou ao lado da mulher.

- Vanessa, você me disse que era impossível eu engravidar novamente. - Renata estava inconformada, um tanto quanto surpresa.

- Eu disse que era difícil e não impossível. - Vanessa a corrigiu - As chances de você engravidar eram poucos, mas ainda estavam lá.

Augusto se perdeu nos pensamentos, ouvia de longe a conversa de Renata com a doutora Vanessa.

- Eu preciso.. preciso ir respirar. - Augusto disse de súbito, se levantou e saiu rapidamente daquela sala.

Caminhou com passos apressados até o carro, iria esperar Renata lá. O passado tinha atingido em cheio sua mente.

- Isso não pode estar acontecendo novamente. - Augusto apoiou a cabeça no volante e algumas lágrimas teimosas rolaram por seu rosto.

O passado era algo que lhe artomentava frequentemente. E agora, ao descobrir que Renata está grávida tudo veio à tona com força.

Poucos minutos depois Renata entra no carro, enxugou rapidamente as lágrimas e ergueu a cabeça.

- O que deu em você, hein Augusto?- Renata tirou a máscara e encarou o rapaz.

Augusto não a respondeu, colocou a chave na ignição e deu partida.

- Por que saiu daquele jeito? - Renata insistiu.

- Em casa conversarmos, agora eu estou dirigindo. - Disse Augusto em um tom firme.

Durante o rosto do caminho ninguém não disse mais nada, foram em um completo silêncio.

Ao entrar em casa Augusto passou direto para o quarto, Renata foi atrás queria respostas.

- Pronto, já estamos em casa. Agora você pode me explicar o motivo de ter saído daquele jeito da sala? - Renata colocou as mãos na cintura.

Ouviu Augusto respirar fundo, ele parecia estar...chorando.

- Ei, o que houve? - Renata se aproximou de Augusto e tocou seu ombros.

- Eu tive um filho, Renata. - Augusto de virou para Renata, seus olhos estavam cheios de lágrimas - Hoje ele teria três anos. - deu um sorriso amargurado.

- Augusto... eu... - Renata arregalou os olhos surpresa.

- Ele morreu quando tinha apenas um ano e oito meses, ele tinha uma doença incurável.

- Como ele se chamava? - Renata perguntou.

- Heitor. - sorriu - Ele era o meu pequeno príncipe, eu sempre quis ter um filho. - Augusto se sentou na beirada da cama ‐ Quando descobrimos que Helena estava grávida ficamos felizes, quando descobrimos o sexo dele começamos a comprar as coisinhas. Tudo estava perfeito até que ela entrou no sétimo mês de gestação, Heitor nasceu prematuro. - deu uma pausa e respirou fundo - Fizeram todos os exames necessário e então descobriram que ele tinha uma doença rara. Ele teve que ficar no hospital por mais alguns meses pois era prematuro, quando levamos ele para casa foi uma festa. Mas dois dias depois voltamos para o hospital, ele não estava nada bem. Foi assim a nossa vida durante oito meses, praticamente todos os dias estávamos no hospital. Helena tinha até se demitido do emprego para poder cuidar do Heitor. Aqueles meses foram os piores meses da minha vida, ver o meu filho morrendo aos poucos estava me matando junto. Até que no dia treze de agosto ele piorou, levamos ele para o médico e acabaram o internado. No dia seguinte ele morreu nos meus braços sorrindo para mim. - Augusto olhava fixamente para suas mãos, grossas lagrimas caiam de seus olhos.

Renata ouvia tudo atentamente. Estava em choque, nunca que iria passar por sua cabeça que Augusto perderá um filho.

Não sabendo o que falar para o consolar Renata o abraça com força.
Dentro daquele abraço Augusto chorou ainda mais, pode colocar toda a tristeza que tinha acumulado durante esses anos para fora.

Renata fez carinho nos cabelos negros de Augusto, o pranto do rapaz foi se cessando aos poucos.

O corpo de Augusto foi ficando cada vez mais pesado, sua respiração agora estava lente. O rapaz tinha dormido.

Com um pouco de esforço Renata conseguiu deitar Augusto na cama, tirou o sapato que ele estava usando e jogou uma coberta por cima do rapaz.

Diminuiu as luzes e foi até o banheiro, optou por tomar um banho de banheira para relaxar um pouco, foi muita informação para um dia só.
Tirou a roupa que estava usando e entrou na banheira, um gemido de prazer escapou por seus lábios ao sentir a água quente entrar em contato com seu corpo.

Ficou i por longos minutos, saiu apenas quando a água começou a ficar fria.

Saiu da banheira e pegou sua toalha que estava presa no gancho.
Quando estava voltando para o quarto passou enfrente ao enorme espelho que tinha no banheiro, deu dois passos para trás ficando de frente para o espelho.

Pensou por alguns segundos se deveria fazer aqui mas, a vontade falou mais alto.

Soltou a toalha a deixando cair no chão.

- Como eu nao percebi que tinha alguém aqui dentro. - Renata sussurrou enquanto trassava um caminho imaginário com a ponta dos dedos por sua barriga.

Sua barriga estava um pouco maior, assim como seus seios. Foi então que percebeu que seu sono estava um pouco desregulado, foi causa da gravidez.

- Será que o seu papai vai querer você? - perguntou olhando para sua barriga.

Resolveu sair dali, não queria se apegar ao bebê ainda. Iria conversar com Augusto pela manhã.

Vestiu seu pijama e voltou para o quarto, Augusto ainda estava na mesma posição, depositou um beijo demorado na testa do rapaz.

Desligou as luzes e se deitou ao lado de Augusto. Demorou para dormir, ficou o tempo todo pensando no que poderia acontecer.

Quando dormiu já era quase duas da manhã.

Juntos pelo acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora