assumir o lugar dele

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O ano de 2020 começou com tudo, uma forte pandemia começava a se espalhar pelos quatro cantos do mundo.
Os jornalistas estavam sendo gravemente atacados pelo presidente da República e seus apoiadores por estarem fazendo seus trabalhos.

Era uma manhã quente e abafada no Rio.

Deitados na cama aproveitando os poucos minutos que ainda tinham para ficarem juntinhos Renata e Augusto trocava beijos calorosos.

– Chega, Augusto! – Disse Renata empurrando o rapaz de cima de si – Preciso ir me arrumar. – se levantou.

– Só mais um pouquinho? – Augusto pediu fazendo bico.

– Anoite, quando eu chegar da redação, aí sim a gente pode ficar namorando o tempo que você quiser. Mas, agora preciso ir trabalhar.– Renata deu um selinho nos lábios inchados de Augusto e rumou até o banheiro.

Renata fechou a porta do banheiro e entrou de baixo do chuveiro deixando a água quente escorreu sobre seu corpo, tomou um longo banho.

Ao voltar para o quarto Augusto ainda estava deitado mechendo no celular.

– O Ali quer que eu vá ate a redação. – Disse Augusto encarando a tela do celular. – Ele quer conversar comigo.

– Ele disse o motivo? – Renata perguntou do closet.

– Não, apenas disse que era importante. ‐ Augusto estava estranhando a atitude de William – Será que algo aconteceu?

– Só indo lá para saber. – Renata respondeu.

Augusto se levantou e foi até o banheiro, tomou um banho rápido e voltou para o quarto.

Se tratando de uma mensagem de Ali provavelmente seria algo muito importante.

– Se quiser ir comigo se apressa, já estou de saída. – Disse Renata parada na porta do quarto.

– Não vai almoçar? – Augusto questionou.

– Não, não estou me sentindo muito bem. Acho que comi algo que me fez mal. – Renata falou com a mão sobre a barriga.

– Você deveria ir ao médico, Rê, desde quando chegamos você tá tendo esses enjoos frequentes. ‐ Augusto a encarou.

– Não deve ser nada de mais. – deu de ombros – Vai, se apresse!

– Só vou me arrumar e a gente já vai. – Augusto foi até closet.

Augusto vestiu uma calça jeans, uma camisa de manga curta e nos pés um tênis preto.

Saiu do quarto e desceu até a sala, Renata estava sentada no sofa o esperando.

– Vamos, amor?  – Renata se levantou.

– Vamos. – concordou pegando sua carteira que estava sobre a mesinha de centro.

Saíram do apartamento e desceram até a garagem do edifício. Dessa vez quem foi dirigindo foi Renata.

Ao chegar na Rede Globo foram até a redação do Jornal Nacional.

– Nos vemos mais tarde? – Augusto puxou Renata para perto de si antes que as portas do elevador se abram.

– Sim  – respondeu e deu um selinho nos lábios de Augusto.

Se afastaram assim que o elevador chegou no andar da redação, se despediram com um rápido e discreto selinho, Renata seguiu para sua sala enquanto Augusto seguia para a cobertura.

Quando as portas do elevador se abriram se deparou com uma enorme sala de paredes brancas, tinha alguns quadros de pessoas, no meio desses quadros tinha uma de seu pai e Renata na bancada do JN, um pequeno sofá da cor branca, uma enorme janela de vidro que ia do chão ao teto. Uma moça de cabelos ruivos estava sentada atrás de uma bancada.

– Boa tarde! – Augusto encarou a jovem – Eu tenho uma reunião com o Ali. – informou.

– Boa tarde! – respondeu sorrindo – Você deve ser o Augusto, certo?

– Sim. – assentiu com a cabeça.

– O Ali está te esperando na sala dele, só seguir esse corredor. – a jovem indicou para Augusto.

– Obrigado! – Augusto agradeceu e seguiu em direção a sama de Ali.

– Você se parece muito com o seu pai. – ouviu a jovem falar.

Se virou para ela e abriu um pequeno sorriso, e voltou a caminhar.

Realmente Augusto se parecia muito com William, os traços do rosto, o jeito brincalhão e extrovertido, o modo de falar. Era a cópia de William. Só que com os cabelos escuros, ainda.

Deu três toques na porta da sala de Ali, entrou assim que ouviu um 'Entre' vindo d dentro da sala.

Ao abrir a porta ficou surpreso ao ver William ali.

– Boa tarde! – Augusto fechou a porta atrás de si.

– Boa tarde! – responderam juntos.

– Sente-se. – Ali indicou a cadeira ao lado de William.

Augusto se sentou ao lado de William, olhou de William para Ali desconfiado.

– O que esta acontecendo? – Augusto perguntou preocupado.

– Augusto, não sei se você sabe mas hoje seria o dia em que seu pai iria renovar o contrato dele com a emissora. – Ali deu início a conversa, encarou William por breves segundos.

– Sim, mas o que eu tenho haver com isso? – franziu o cenho confuso.

– Augusto eu estou me aposentando da Bancada. – William revelou.

Augusto o encarou espantado, sabia que um dia William iria deixar a bancada mas não pensou que seria assim tão...rápido.

– Mas por que? – Augusto o questionou  estava surpreso com aquela decisão tão repentina.

– Eu passei longos anos da minha vida me dedicando ao JN, agora chegou minha hora de descansar. – abaixou a cabeça e respirou fundo – Eu quero fazer o Bernando o que eu não pude fazer com você e o trio. – Disse William.

– Então porque não tirs ferias? – Augusto insistiu.

– Férias não adiantaria em nada. – deu de ombros – Augusto, chegou a minha hora de deixar a bancada. – William tocou de leve o ombro de Augusto.

– Mas, por que vocês me chamaram aqui? Era para me falar isso? – Augusto encarou Ali.

– Na verdade, Augusto, precisaremos de uma pessoa para ocupar o lugar do seu pai na bancada, e... – deu uma pausa – Pensamos que você poderia ser essa pessoa.

– Calma! – olhou de Ali para William – Vocês querem que eu assuma a bancada do Jornal Nacional? – Augusto perguntou incrédulo.

– Exatamente! – Ali assentiu com a cabeça.

– Não! – negou – Isso não tem cabimento! Vocês deveriam escolher uma pessoa experiente no assunto, eu sou apenas um redator. – riu.

– Augusto você apresentou o Jornal por doze dias, as pessoas te amaram. – William falou.

– Seria bom ter você, como o filho do Bonner, na bancada. Seria tipo uma linhagem. – sorriu.

– Eu não sei, não sei se estou pronto.  – Augusto passou a mão pela nuca.

– Eu te ajudo, irei te mostrar como tudo funciona. – William apertou o ombro de Augusto.

Augusto permaneceu em silêncio por alguns minutos, deu um longo suspiro e respondeu:

– Tudo bem, eu ficarei no lugar do meu pai.

Augusto não tinha certeza daquilo, talvez fosse se arrepender no futuro. Estava fazendo aquilo por seu pai.

Juntos pelo acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora