Juntos pelo acaso

Distância crescente

Os dias se passavam rapidamente, e a cada dia que se passava Renata sentia Augusto cada vez mais distante.

O observava  sair cedo para o trabalho, despedindo-se rapidamente e com um beijo superficial. Ela sorria, mas seus olhos revelam uma pontada de tristeza. À medida que os dias passam, ela nota que as conversas se tornam mais superficiais, os gestos mais automatizados e a conexão emocional mais distante.

Ela compartilhava as últimas notícias sobre a gravidez com entusiasmo, mas Augusto mal levanta os olhos do celular. Os jantares silenciosos tornam-se a norma, com Renata sentindo a ausência emocional de Augusto cada vez mais intensamente. Ela anseia por conexão, mas parece que Augusto está em outro mundo.

As noites se tornam longas e solitárias para Renata, enquanto ela tenta compreender a crescente distância entre eles. Ela se pergunta se ele ainda a vê ou se está apenas fisicamente presente. O vazio emocional cresce dentro dela, e a incerteza sobre o futuro do relacionamento paira no ar.

【...】

Ao sair do banheiro Augusto se deparou com sua namorada lendo um livro.

– Boa noite, querida. – Augusto deu um beijo rápido nos lábios de Renata e então se deitou ao lado da mesma.

Renata permaneceu calada por alguns instantes, pensava se devia ou não tocar no assunto que lhe rondava a mente nos últimos dias.

– Augusto? – deixou o livro de lado.

– Hum? – murmurou em resposta.

– Você está bem? – Renata perguntou receosa.

– Como assim? – se virou para a jornalista – Claro que estou bem. – riu.

– Não é isso que você demonstra. – Renata falou tentando esconder a preocupação em seu tom de voz.

– Eu estou bem, Renata. Eu só... – deu uma pausa longa – só estou um pouco cansado. – completou.

– Eu sinto que estamos nos afastando. – Renata confessou com lágrimas nos olhos.

– Da onde você está tirando essas ideias? – Augusto perguntou rindo – Eu só estou muito ocupado com o trabalho, logo as coisas voltarão ao normal.

– Augusto, eu preciso te perguntar algo. – Renata respirou fundo tomando coragem – Você está cansado de mim?

Augusto olhou para a mulher com ternura.

– Claro que não Renata, pare com essas coisas. – Augusto negou.

– Eu tenho sentido que tenho te sobrecarregado, e as vezes sinto que eu te encho o saco com cobranças. – Renata tinha a voz embargada pelo choro que tinha preso.

– Não, Renata, você nunca me sobrecarrega. – segurou o rosto de Renata entre as mãos. – Eu sei que tem sido difícil para nós, mas isso vai passar.

– Você tem outra pessoa? Está gostando de outra? – Renata perguntou – Me diz a verdade, por favor. – era possível notar a decepção no olhar de Augusto.

– Outra pessoa? Renata! O que deu em você? Por que está pensando nisso? – Augusto passou as mãos pelos próprio cabelo – Eu nunca faria isso.

– Desculpa! – lágrimas rolaram dos olhos de Renata – Eu estou insegura,  mas é difícil não pensar nisso vendo você se afastar cada vez mais.

Augusto suspira e se levanta da cama com raiva.

– Chega! – esbravejou – Não dá para ser assim. Eu preciso de um tempo. – os olhos do rapaz estavam avermelhados – Não da para conviver com você, não enquanto você achar que eu estou te traindo.  – Augusto sai em direção ao closet.

Pov Renata:

Augusto sai do closet minutos depois, porém agora ele tinha uma mala em mãos.

Ele havia falado sério em dar um tempo.

– Augusto, por favor, não faça isso. – Renata o segurava pelo braço – Eu sei que fui injusta...

– Renata eu entendo seus motivos para estar assim, mas você machuca os outros sem perceber. – Augusto respirou fundo, lutava para segurar suas lágrimas –  Eu preciso de um tempo, nós precisamos de um tempo. – Augusto olhava no fundo dos olhos da mulher a sua frente.

– E nós? O que será da gente?

– Só o tempo dirá. – Augusto se afastou da jornalista – Desculpa.

Augusto sai pela porta deixando uma Renata magoada para trás.

A jornalista pensava na partida repentina de Augusto. Ela sentia um misto de tristeza, arrependimento, preocupação e ansiedade.

– O que eu fiz? – Renata se pergunta mentalmente.