Quando se é um jovem adulto descobrindo seus mais profundos desejos, suas vontades, seus anseios, tudo se torna mais intenso. A adrenalina correndo em doses altas pelas veias, o coração sempre disparado ao ir de encontro com o objeto de desejo. Tudo é mais interessante. Mas, a partir do momento que se entra em algo fora do comum; nem tudo são flores e hormônios a flor da pele.
Quando o desejo se volta para um jogo nada convencional, onde os prazeres estão ligados à troca de poder; a verticalidade de uma relação e não menos importante aos jogos danosos e perigosos, acaba por se tornar algo desafiador, para todas as partes envolvidas: O Top têm maiores responsabilidades, maiores percepções sobre tudo, a todo tempo, dentro de uma sessão ou cena. O bottom, por sua vez, lhe dá a entrega. A confiança, o corpo, o desejo... assim como lhe dá seus limites e coloca a frente, uma linha imaginaria, onde não se pode cruzar jamais. Onde uma palavra diferente de todo um contexto acaba com todo jogo.
Acariciando a cabeça de duas mulheres chorosas entre suas pernas, a dominante não podia deixar de, rebobinar em sua mente, todos os últimos acontecidos. A bagunça, a correção, as palavras provocativas, as lágrimas em desespero. Até que ponto elas iriam aguentar? Conhece o ponto fraco de cada uma, sabe como fazê-las chorar: de raiva, frustração, agonia ou até prazer. Mas, desta vez, uma certa surpresa apossou-se de si:Angel poderia ter falado a palavra de segurança e não disse. Carina, esta que, nunca se arriscaria a ir tão longe, a sair da sua zona de conforto dentro de um contexto, surpreendeu ainda mais.
- Acabou, meninas. Está tudo bem, shiii. - Vênus dizia calmamente, tentando de algum modo, cessar o choro copioso de ambas as mulheres.
Aftercare, cuidados posteriores. Muito se fala deste momento, muito se romantiza. Há quem diga que é sobre muito carinho e afago, apenas uma boa conversa, dormir de conchinha no fim da noite. Quem estabeleceu este padrão? E se... o bottom quiser um momento só? E se... o top não quiser um feedback por alguns minutos enquanto rebobina em sua mente tudo que acabara de acontecer?
Olhando atentamente, cuidadosamente, com ar preocupado, Vênus não queria abrir a boca, não queria interromper o momento das mulheres. O choro, mesmo que, copioso, como de uma criança saudosa aos dois anos de idade, era um modo de elas se liberarem de toda a tensão que o corpo e a mente sofreram. Aí está! O cuidado da dominante: No toque suave ao topo de duas cabeças, no afago, no silêncio carregado de um "Não sairei daqui até que estejam bem", no olhar carregado de preocupação, de zelo, afeição.
Até que o silêncio reinasse, não moveu um músculo do corpo para sair de tal posição; mesmo que doessem algumas boas partes do mesmo. Perto do que causara e ainda poderia causar em uma punição ou em qualquer prática, isso não era nada.
- Querem conversar ou um banho primeiro, hum? - Vênus perguntou, acabando com o silêncio que havia se instaurado no quarto.
- Banho. - Carina respondeu de imediato, alisando as bochechas, secando todo e qualquer vestígio de lágrima que pudesse haver ali. Virando-se para a amiga. - Banho também, né?
Angel assentiu fracamente, lançando um sorriso preguiçoso para a loira, levantando sua cabeça afim de encarar Vênus.
- A Senhora está bem?
- Estou bem, querida. - Afirmou, dando-lhe um beijo casto na testa, fazendo o mesmo com Carina que, tinha olhos apertados encarando-a em desconfiança. - Não mentiria, podem acreditar!
- Tudo bem, tudo bem. Agora, quem vai banhar primeiro? - Indagou Angel, correndo os olhos para Carina, vendo-a dar de ombros.
- Não tenho pressa, além do mais, não posso ir embora. Vênus não deixaria nem a pau.
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Nosso Prazer [BDSM]
ChickLitAtravés das lentes, Victoria Vilarin captava formas, coisas e pessoas. Sendo uma fotógrafa no apogeu de seus bem vividos 30 anos, possuía uma carreira brilhante no ramo fotográfico. Mas, como nada era 100% como se via, ela mantinha uma outra faceta...