45 - A vida é um soco na boca do estômago.

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As falas em itálico: é flashback.
Boa leitura.

Momentos antes...

Ao estacionar em frente ao enorme casarão, uma lufada de ar escapou pelos lábios de Victoria, fazendo-a perceber que prendera sua respiração por tempo demais. Estar ali, era como ser puxada instantaneamente para um dos momentos mais terríveis de sua vida; e, lembrar, era como sangrar novamente, sem ao menos ser tocada.

- Que porra está fazendo, me solta, Fernando. - Victoria resmungou, tentando livrar-se do toque dele.

Como se estivesse em um jogo, o sujeito riu. Pressionando o braço da mulher com ainda mais força, ouvindo-a resmungar ferozmende, estapeando seu braço com a mão livre. Como era tola. O homem, era notoriamente mais alto e forte, os leves tapas eram como cócegas em sua pele.

- Me fala o que você quer? Eu dou, mas me deixa ir. - Disse em tom aflito, forçando seu corpo para trás, querendo fugir para longe. - Me solta! - Colocou ainda mais força enquanto o rapaz ria, puxando-a de forma firme em direção ao enorme casarão.

Victoria já havia passado alguma vezes por esse lugar, era muito comentado por sinal. Só não fazia ideia de quem era o proprietário da casa que mais parecia um mausoléu. Em seu tom marrom, com muros extremamente altos aos lados, separando-o de duas casas menores, parecia ter sido planjeado por alguém medonho, que, certamente, assistia muitos filmes de terror em seu tempo livre. Altos e elegantes portões soavam convidativos, mostrando um enorme jardim na entrada do lugar; tudo parecia bem cuidado. Mas, a casa em si, não soava amigável aos olhos. Talvez, sua grandeza em exagero ou suas cores tão marcantes, mais espantavam do que escolhiam.

- Socorro! - Vilarin gritou, pisoteando o pé esquerdo do homem, fazendo-o afrouxar o aperto. Soltou-se, então correu, não conseguindo ir além de duas casas. Então sentiu seu couro cabeludo queimar, a mão forçar seu corpo contra chão, arrastando-a pelo asfalto. - Socorro! - Chamou mais alto dessa vez.

- Cala essa boca, Victoria. Ou, irá apanhar aqui mesmo. - Fernando rosnou, carregando-a para dentro da propriedade privada, arrastando seu corpo pelo chão como se fosse algo normal; o choro desesperado da mulher não comovia em nada. - De qualquer jeito, o dinheiro estará caindo em minha conta.

- Foi ele quem te mandou aqui, não foi? Foi o pai de Jéssica? - Indagou, indo de encontro ao piso gélido da casa, sendo arrastada pelos cômodos até ter suas costelas judiadas por uma longa escada. Tudo doía. - PARAAAAAA, ESTÁ DOENDO. EU IMPLORO! - Choramingou, tendo seu corpo jogado próximo a uma pilastra no centro do porão. - Se quer dinheiro, eu posso oferecer. Eu juro. Eu não irei a polícia, nem nada. Eu juro, me deixa ir.

Fernando tornou a rir. Pousando um de seus pés sobre a costela dolorida da fotógrafa, pressionando-o, adorando àquela medolida em forma de gemido. Gemido de dor.

- Não quero teu dinheiro. Eu quero mais, quero te ver sofrer, Victoria. - Esbravejou, acertando-lhe um chute com o calcanhar, ouvindo o "clack" reverberar pelo ambiente. Uma costela quebrada. - Quero o que me roubou, sua vadia! - Rosnou, acertando outro chute, dessa vez, no rosto, ouvindo o estalo que quebrara o nariz de Victoria.

- Aaaaaah... para... por favor... - Pronunciou as palavras de forma sôfrega, sentindo o gosto metálico adentrar sua boca; tanto sangue escorrendo, fazia seus sentido ficarem comprometidos. Estava, pela primeira vez, com muito medo do que poderia acontecer consigo. Estava entregue à própria sorte. - Chega... Fernando... - segurou a canela do sujeito, e, juntando todas as suas forças, desequilibrou aquele corpo enorme.

Victoria tentava, mesmo não aguentando toda essa confusão. Arrasou-se, tentando buscar algum objeto pontiagudo, não encontrando nada além de um garfo solto por ali. Alguém já havia passado por esse inferno? Alguém vivia secretamente nessa droga de casa? O agarrou. E, no mesmo momento, seus tornozelos foram agarrados, sendo puxados mais uma vez.

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