23- Seguindo o rastro de sangue

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Realmente existe essa coisa de conexão entre pessoas? Existe mesmo toda essa coisa de almas gêmeas, sem se estar em um relacionamento com uma determinada pessoa? Isso explicaria um pouco da agonia que Lia estava sentindo no momento.

Após resolver toda a burocracia na faculdade, conseguindo finalmente trancar o curso, a menina almoçou em um restaurante perto da universidade mesmo e veio direto para casa.

Mas algo não estava legal, no mesmo instante que colocou seus pés para dentro do apartamento que há anos chamava de lar, sentiu um aperto no peito e seu pensamento gritava a todo custo o nome de Victoria.

A menina então jogou seu corpo no sofá, decidida a mandar uma mensagem para a mulher.

*Domme Sadic*

Senhora?

Lia enviou a mensagem encarando atentamente o celular, mas a mensagem sequer chegou ao dispositivo da mulher. Apenas apareceu um ponto, quando deveriam aparecer dois.

Foram 3 minutos sem resposta, um recorde; pois Victoria não demorava nada para respondê-la. Quando Lia resolveu deixar a tela escurecer por completo, já roendo a unha em nervoso, uma notificação fez com que ele acendesse. Mas não era uma mensagem da Domme; isso a fez bufar irritada, era apenas o seu aviso diário de "beba água".

Se agarrando a ideia de que a mulher devia estar em seu trabalho, se enfiou dentro do seu "ateliê" improvisado. Talvez fazer arte aliviasse um pouco de sua agonia, como era de costume.

Sentada em um banco mediano diante da enorme tela, tentou de todas as formas fazer algo interessante, mas tudo o que havia na tela eram traços e mais traços em vermelho, formando uma coisa abstrata e sem sentido algum. Uma obra deveria ter sentimentos, essa não tinha nada além de... estranheza?

A menina encarava a tela com o cenho franzido e não entendia o que havia ali, quanto mais pincelava, mais estranho ficava. Cansada de tentar entender, Lia levantou, colocando a paleta no mesanino, pegando seu celular que estava ali, saindo do ambiente.

Enquanto andava até o quarto novamente olhou o chat aberto na conversa da Domme e nada. Lia já estava começando a ficar preocupada; a falta de resposta era incomum, fazendo-a criar coisas em sua cabeça.

Pouco se importando se era cedo ou não para ir até a casa da mulher, Lia escolheu uma roupa para vestir pós banho e arrumou uma bolsa com algumas peças reservas para ficar por lá mesmo. Alguns itens higiênicos também foram colocados ali, melhor pecar pelo excesso do que pela falta, foi isso que pensou.

Com tudo devidamente arrumado, despiu-se e foi para o banheiro, ligando o chuveiro na água morna. Seus músculos relaxando com o contato da água na pele, seu bumbum ardendo um pouco, não deixando Lia esquecer que na noite passada os açoites foram doídos e tão gostosos.

Quase que imperceptível, deixou um risinho de canto surgir em seus lábios, não durando muito pois a agonia até na hora do banho se fez muito presente,  que tornando o momento menos relaxante.

Lia não demorou muito no banho, quando terminou enrolou-se na tolha e foi em passos apressados até o quarto, secando-se e colocando a roupa que havia deixado em cima da cama. Pegou sua bolsa, celular e a chave da casa de Victoria, deixando para trás, sem receio algum, seu apartamento.

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Com a bolsa no ombro, o celular em uma mão e a chave na outra, Lia se encontrava parada na entrada da casa de Victoria como da primeira vez: apenas encarando a enorme porta. Mas agora parecia estranho, lavando-na a pensar nas coisas que sua mãe dizia sobre sentimentos compartilhados. Será que Victoria estava mal? Ou seria paranóia de sua cabeça?

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