Três dias depois...
Seu corpo repousava formidável entre os lençóis. Totalmente descoberto, exposto aos raios de Sol, era banhado, graciosamente, pela luminosidade que transpassava às cortinas brancas propositalmente abertas. Como se a conhecesse por uma longa e árdua jornada, o Sol, em todo seu esplendor, beijava-lhe a pele, esquentando-a; Victoria se remexera, movendo-se de encontro à quentura que, lhe despertava vagarosamente.
Seus olhos castanhos se adaptaram à claridade, seus outros sentidos começaram a trabalhar normalmente. Nenhum som fora captado por sua audição, nenhum cheiro fora aspirado por seu olfato, nenhum corpo fora sentido através do tato. Ergueu-se, lentamente, espreguiçando-se.
Acordara transbordando em sua própria presença. Não havia uma ausência no ambiente; Angel dormira na casa... só não ali.
A três noites, ela dormia no quarto de hóspedes. Em comum acordo com Vênus, como consequência de suas ações pirracentas e petulantes, era ali seu dormitório pelo prazo de uma semana. Sem toques noturnos, sem doçura nos dizeres e sem leveza na condução. Até que a dominante julgasse necessário, a moçoila pagaria o preço. Sendo ele, amargoso e frio na medida que fosse do agrado. Do agrado da dona dessa casa, dona da persona submissa que dormia no quarto ao lado.
Sentindo todo o corpo, a energia, a vida correndo por cada milímetro de pele, colocou seus pés no piso, suspirando ao sentir a frieza do mesmo. Levantou-se, caminhando em passos leves até o banheiro; mirou-se no espelho. A face amarrotada pelo sono, os cabelos desgrenhados, despontando para todas às direções, os lábios mais inchados, assim como as bochechas. Quem a visse, no mínimo, se espataria. Era o que pensava todas às vezes em que se via pela manhã.
Umedeceu a derme, deu-se uma ajeitada, encaminhando-se para frente do quarto onde a submissa deveria estar.
Girou maçaneta, adentrando no cômodo silenciosamente.
Se não fosse por uma respiração suave, calma e ritmada, julgaria, de primero momento, estar só.
Não estava.
Caminhando, na ponta dos pés, aproximou-se da cama, expondo o corpo da mais nova ao puxar-lhe a coberta. De uma só vez. Jogando-a para longe.
- Que merda... - Angel murmurou, sentindo a atmosfera fria cobrir-lhe o corpo.
- Que merda? Não, Angel, isso não é algo que se diga logo cedo. - Repreendeu, cruzando os braços na altura dos seios em insatisfação. - Trate de levantar. Aliás, já o deveria ter feito.
Angel, com muito custo, gravando tais palavras no fundo de sua mente, abrira os olhos, erguendo-se.
- Perdão, Senhora. Acabei demorando para pegar no sono, por isso não havia levantado. - Explicou-se, mirando por fim, a figura estática em sua frente.
- Angel, Angel... sabes que odeio explicações matutinas. - Salientou Vênus, movendo-se até a porta. - Dou-lhe cinco minutos. Caso não esteja lá embaixo no tempo estipulado, irei arrancar-lhe gritos, farei tuas orbes umidecerem, teus lábios secarem e tuas pernas cederem por tamanha dor causada. E não falo da dor que tanto gosta.
Angel enrijeceu-se.
No início, ameaças lhe soavam como um gracejo. Ultimamente, mais especificamente nos últimos três dias, elas tem sido cumpridas excepcionalmente. Dormir em solo gélido, passar metade de um dia acorrentada, sentir a indiferença no dizer; as punições estavam sendo intensas, sem piedade por parte de Vênus. De fato, o sadismo esvaia-se rapidamente de seus poros, as orbes brilhavam em ânsia por uma disciplina. Ela estava pronta para ferir, ensinar qual o lugar de bottom indisciplinada no portar-se.
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Nosso Prazer [BDSM]
ChickLitAtravés das lentes, Victoria Vilarin captava formas, coisas e pessoas. Sendo uma fotógrafa no apogeu de seus bem vividos 30 anos, possuía uma carreira brilhante no ramo fotográfico. Mas, como nada era 100% como se via, ela mantinha uma outra faceta...