57 - Entregues ao prazer.

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Elas estavam deitadas. Após toda agitação, a calmaria reinava em cada cômodo da residência.
Madalena se colocou à disposição para colocar as crianças no colo de Morfeu, dando espaço para que o "casal" pudesse descansar. Era mesmo um anjo.

- No que está pensando? - Lia questionou, passando a ponta dos dedos sobre as cicatrizes que se formaram no braço de Vilarin. Olhava diretamente nas orbes que  fitavam-a profundamente; não conseguia decifra-la com a mesma facilidade que ela o fazia.

- No quão incrível será dormir por uma noite inteira.

- Esteve insone?

- Estive. - Moveu-se na direção da jovem, deixando com que os rostos ficassem a pouquíssimos centímetros de distância, enlaçou a magra cintura, puxando-a para si. Não queria soltá-la tão cedo. - Mas, pouco importa agora. Está aqui, em segurança, posso ficar tranquila.

- Sinto tanto por isso... - Havia tristeza em seu tom de voz. Lia tinha plena consciência dos estragos causados pelos seus atos; parte deles a mesma carregaria por toda  vida. As cicatrizes simbolizavam sua estadia pelo que julgaria ser o "inferno" na Terra. Pouco importava-se, ter marcas que jamais seriam apagadas era, dos males, o menor. Mas, ter Victoria frágil, aparentemente exausta, era de causar angústia. Culpa. Todos os sentimentos que seriam repudiados por ela. - Não queria te fazer passar por tudo isso.

Vilarin sorriu preguiçosamente, concordando suavemente com um aceno. Ambas estavam fragilizadas, sensíveis; a mais velha sabia que seria desgastante entrar em argumentações extensas apenas para salientar que tudo aconteceu por uma razão. Não se fazia necessário carregar a culpa pelo que seria irreversível; tampouco esbanjar lamúrias acerca do ocorrido. O que foi, foi. Impossível voltar atrás e reverter ações, mas seria de grande valia saber como reagir ao ocorrido dali em diante.

- Vamos fazer um acordo, Lia?

- Qual? - Indagou, aninhando-se ao carinho que recebia em sua pele.

- Não falaremos do que houve atribuindo culpas; remoendo como se isso fosse nos impulsionar à frente, obviamente não vai. Então, vamos buscar olhar para o lado bom. Para o frutífero. Assim, iremos nos reerguendo de maneira saudável, sensata e coerente. Sigamos respeitando os limites da nossa compreensão, do nosso corpo e mente. Sem pressa, sem avançar sinais nesse processo. Pode ser?

Lia, sem dizer nenhuma palavra, roçou seu nariz no de Vilarin num beijo esquimó, causou-lhe um gargalhar rouco, baixo e extremamente verdadeiro. Era um convite para seu próprio riso largo vir à tona; fora o que fez.

- Essa é sua nova maneira de concordar, menina? - Perguntou entre risos.

- Uhum. - Murmurou, seguindo com seu gesto.

- Isso faz cócegas, por deuses! Meu nariz deve estar vermelho devido a essa avidez com que mexe o seu nele. - Resmungou divertidamente.

- Ah, para. Ele está uma graça. Vai dizer que não sentiu falta dessa entre aspas implicância? - Perguntava retoricamente; já sabendo a repsosta.

- Olha, posso estar cansada, louca ainda não.

- Ora! Acho bom, hein. - Simulou uma seriedade nada convincente, gargalhando em seguida; estava a pirraçar. Vendo que Victoria estava falsamente séria, depositou-lhe um casto selinho nos lábios, acabando de vez com àquela "marra". - Não fique caruda, é feio. - Beijou-lhe outra e mais uma vez.

- Huum. - Suspirou. A mão que antes acariciava, puxou Lia com certa firmeza comedida. Trilhava um caminho assertivo até a nuca, trazendo-a para um contato mais duradouro. - Não estou "caruda", estou com imensa vontade de beijar essa boca que consegue deixar escapar tantas pérolas, isso sim. - Confinou, atenta aos lábios rosados e atrativos.

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