Algumas pessoas insistem em dizer que a dor vem para ensinar, ensinar o que? Por que deveríamos aprender com ela ao invés de apenas supera-lá?
Era isso que Victoria se perguntava mentalmente, enquanto abria com certa dificuldade sua terceira garrafa de vinho. Era fato: um porre não faria com que esquecesse toda a merda que aconteceu em sua sala, mas um porre em casa evitaria muita coisa ou não.
Não passava do meio dia e tudo que a mulher fazia era beber, beber e beber mais. As lembranças de todo um passado assombrando sua mente, fazendo com que percebesse o quão burra foi em se entregar a alguém que não moveria um pé para fora da zona de conforto por outrém.
Victoria estava tão presa nessa bolha que apenas conseguiu voltar a sua realidade com o barulho alto de seu telefone tocando incessantemente. Por isso, com muito custo e desgosto, levantou-se; tropeçando em seus próprios pés até chegar onde ele tocava, atendendo a chamada.
- Alô. - Victoria foi curta, tentando não deixar transparecer a fala arrastada devido a grande quantidade de álcool ingerida.
- Victoria, você não vem trabalhar?
- Mika? - Victoria perguntou confusa, não estava bem. Tamanho o estrago que um vinho fez que nem sabia se era de fato a companheira de trabalho no outro lado da linha.
- Sim?
- Cordene o pessoal no meu lugar, eu não consigo ir hoje.
- Você tá bem? - O tom de Mika era preocupado, Victoria nunca faltava o trabalho. Tinha algo de errado nisso e ela não era lerda ao ponto de não perceber.
- Estou.
- Certeza?
- Já disse que estou, só faça o que pedi ou nosso próximo contato será para assinar os papéis da sua demissão, Mika.
- Tudo bem... Eu só... Fiquei preocupada, seu tom de voz não está normal.
- Não se preocupe, agora tenho que desligar.
Assim que se despediu de Mika, Victoria tratou de desligar o celular, jogando-o no sofá. Então, em passos cambaleantes, subiu as escadas; adentrando seu quarto indo direto ao guarda-roupas, tirando de dentro dele: Uma calça jeans e uma regata branca. Não passaria mais um minuto na casa, o ambiente já estava se tornando sufocante demais.
.
Depois de passar um bom tempo caminhando, Victoria adentrou um bar sofisticado que nunca tinha tido a chance de entrar até o atual momento.
Andou até o fim do local, encontrando uma mesa de quatro lugares com vista para a rua, perfeito. Se sentou e logo uma garçonete veio atender.
- Boa tarde! A senhorita gostaria de pedir algo?
No mesmo momento Victoria deixou um riso frouxo escapar por entre os lábios, era algo estranho ser chamada de Senhorita e sempre seria engraçado.
Sua atitude não passou despercebida pela jovem que deu uma leve balançada de cabeça, não entendo bulhufas do porquê da mulher estar rindo.
- Eu vou querer uma pinacolada. - Victoria lançou um sorriso preguiçoso para a jovem, olhando fixamente para ela que anotava o pedido em um pequeno bloco. Talvez ela achasse estranho o olhar de uma cliente tão fincado em si, mas a verdade era: Victoria só estava tentado focar, sua visão estava mais do que turva.
- Mais algo?
- Vedem garrafa fechada de uísque aqui?
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Nosso Prazer [BDSM]
ChickLitAtravés das lentes, Victoria Vilarin captava formas, coisas e pessoas. Sendo uma fotógrafa no apogeu de seus bem vividos 30 anos, possuía uma carreira brilhante no ramo fotográfico. Mas, como nada era 100% como se via, ela mantinha uma outra faceta...