22- A dor precisa ser sentida

4.4K 273 83
                                    

Algumas pessoas insistem em dizer que a dor vem para ensinar, ensinar o que? Por que deveríamos aprender com ela ao invés de apenas supera-lá?

Era isso que Victoria se perguntava mentalmente, enquanto abria com certa dificuldade sua terceira garrafa de vinho. Era fato: um porre não faria com que esquecesse toda a merda que aconteceu em sua sala, mas um porre em casa evitaria muita coisa ou não.

Não passava do meio dia e tudo que a mulher fazia era beber, beber e beber mais. As lembranças de todo um passado assombrando sua mente, fazendo com que percebesse o quão burra foi em se entregar a alguém que não moveria um pé para fora da zona de conforto por outrém.

Victoria estava tão presa nessa bolha que apenas conseguiu voltar a sua realidade com o barulho alto de seu telefone tocando incessantemente. Por isso, com muito custo e desgosto, levantou-se; tropeçando em seus próprios pés até chegar onde ele tocava, atendendo a chamada.

- Alô. - Victoria foi curta, tentando não deixar transparecer a fala arrastada devido a grande quantidade de álcool ingerida.

- Victoria, você não vem trabalhar?

- Mika? - Victoria perguntou confusa, não estava bem. Tamanho o estrago que um vinho fez que nem sabia se era de fato a companheira de trabalho no outro lado da linha.

- Sim?

- Cordene o pessoal no meu lugar, eu não consigo ir hoje.

- Você tá bem? - O tom de Mika era preocupado, Victoria nunca faltava o trabalho. Tinha algo de errado nisso e ela não era lerda ao ponto de não perceber.

- Estou.

- Certeza?

- Já disse que estou, só faça o que pedi ou nosso próximo contato será para assinar os papéis da sua demissão, Mika.

- Tudo bem... Eu só... Fiquei preocupada, seu tom de voz não está normal.

- Não se preocupe, agora tenho que desligar.

Assim que se despediu de Mika, Victoria tratou de desligar o celular, jogando-o no sofá. Então, em passos cambaleantes, subiu as escadas; adentrando seu quarto indo direto ao guarda-roupas, tirando de dentro dele: Uma calça jeans e uma regata branca. Não passaria mais um minuto na casa, o ambiente já estava se tornando sufocante demais.

.

Depois de passar um bom tempo caminhando, Victoria adentrou um bar sofisticado que nunca tinha tido a chance de entrar até o atual momento.

Andou até o fim do local, encontrando uma mesa de quatro lugares com vista para a rua, perfeito. Se sentou e logo uma garçonete veio atender.

- Boa tarde! A senhorita gostaria de pedir algo?

No mesmo momento Victoria deixou um riso frouxo escapar por entre os lábios, era algo estranho ser chamada de Senhorita e sempre seria engraçado.

Sua atitude não passou despercebida pela jovem que deu uma leve balançada de cabeça, não entendo bulhufas do porquê da mulher estar rindo.

- Eu vou querer uma pinacolada. - Victoria lançou um sorriso preguiçoso para a jovem, olhando fixamente para ela que anotava o pedido em um pequeno bloco. Talvez ela achasse estranho o olhar de uma cliente tão fincado em si, mas a verdade era: Victoria só estava tentado focar, sua visão estava mais do que turva.

- Mais algo?

- Vedem garrafa fechada de uísque aqui?

Nosso Prazer [BDSM]Onde histórias criam vida. Descubra agora