Cap 07 - Clássicos

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Elijah

Desde que conheci Morana não consigo parar de pensar nela, seu jeito me fascina, ela tem um porte de mulher mas com uma delicadeza de menina, das poucas palavras que troque com ela pude ver que é culta e bem instruída, a forma como as maçãs de seu resto coram quando recebe um elogio é incrivelmente esplêndido. Estou na sala da casa junto com Niklaus, Hope e Caroline.

- Se quiserem passar a noite aqui tudo bem. - Caroline nos diz.

- Não queremos incomodar. - Niklaus fala querendo fazer cerimônia, ele visivelmente ainda está chateado por Caroline ter escondido Morana por todos esses anos, mas por outro lado sei que ele entende que foi melhor assim.

- Não tem problema! - diz e vai para a escada.

- Hope seu quarto é subindo as escadas segunda porta a direita, o de vocês é a esquerda, vão dividir o quarto. - Completa apontado para mim e pro Niklaus.

- Tudo bem! - digo e olho para meu irmão.

- Certo! - ele diz, Caroline sobe as escadas. Eu, Hope e Niklaus vamos logo atrás.

- O que achou da Ana irmão? - Niklaus pergunta assim que entramos no quarto.

- Bem, ela parece uma boa menina! - digo desabotoando o paletó.

- Eu nunca irei perdoar a Caroline por ter me escondido isso. - diz sentando na cama.

- E Elijah por favor não va dormir pelado, me poupe. - diz em seu tom normal de sarcasmo.

- Muito engraçado Niklaus. - penduro o paletó no cabideiro, desato o nó da gravata e a coloco também pendurada, começo a desabotoar a camisa.

- Acho que ela só fez o que achava certo para proteger a filha. - digo tentando faze-lo ver o lado dela.

- Fazer o que é certo? Afinal de contas eu sou o pai e tinha o direito de saber da existência dela. - ele levanta da cama furioso.

- Se acalme Niklaus! - tiro a camisa e penduro junto ao paletó.

- Porque ela escondeu isso de mim Elijah? - ele pergunta me olhando sério, ele tira a jaqueta e a camisa ficando só de calça, as joga em cima da poltrona e senta na cama. O quarto possui duas canas de solteiro uma ao lado da outra, vou para a cama que está vazia e me sento.

- Eu não sei o motivo pelo qual ela não te contou, mas acho que realmente foi para a proteção da Morana. - digo olhando para ele. Niklaus deita e fica olhando para cima.

- Nenhuma razão é justificativa pelo que ela fez. - ele diz e vejo a tristeza em suas palavras.

- Bem, acho que no começo ela ficou com medo de sua reação ao saber que seria pai, afinal nós ameaçamos e torturamos alguns dos amigos dela e sinceramente a sua reputação não é das melhores também, e depois que a Hope nasceu ela viu nossa luta para mantê-la segura de seus inúmeros inimigos e... - olho para ele e vejo que ele dormiu.

- Ela é uma das poucas coisas boas que você fez na vida! - falo sabendo que ele não está ouvindo, me referindo a Morana. Fico pensando na Morana e não consigo dormir, viro de um lado para outro na cama e nada. Todas as vezes que fecho meus olhos a vejo. Levanto e pego minha camisa, a visto e saio do quarto, antes de sair olho para Niklaus e ele dorme. Ando pelo corredor e quando me dou conta estou em frente ao caixão de Morana, coloco minha mão sob o caixão e logo estou de volta no salão. Vejo ela sentada no sofá com as pernas estiradas e um livro na mão lendo, é o mesmo livro de mais cedo. Quando ela me vê sorrir e fecha o livro o colocando em seu colo.

- Espero não está atrapalhando. - digo colocando a mão no bolso e indo até ela, ela encolhe as pernas e as coloca no chão, me sento ao seu lado, ela olha para a mesa de centro e faz aparecer uma garrafa de bourbon e um copo. Sorriu e a olho.

- Estou tão previsível assim? - pego o whisky e me sirvo um dose.

- Longe disso, só quero te agradar. - suas palavras chegam a mim como musica.

- Orgulho e preconceito? - digo me referindo ao livro, ela o pega e coloca embaixo de uma almofada.

- É um clássico! - diz me olhando tímida.

- Claro que sim! - concordo com ela e tomo um gole de whisky.

- Você toca? - digo olhando para o piano a minha frente.

- Sim! - ela segue meus olhos. Me levanto e vou até o piano, sento ao banco e olho para ela.

- Clássicos? - digo e começo a tocar sonata ao luar de Beethoven, olho para ela que sorrir amplamente, levanta e se junta a mim ao banco, começa a tocar comigo, seus dedos deslizam delicadamente sob as teclas, mas com muita precisão, ela sabe exatamente o que está fazendo, a admiro algumas vezes enquanto tocamos. Quando terminamos ela me olha e pressiona os lábios um conta o outro sorrindo e baixa a cabeça.

  - Toca lindamente! - digo com orgulho, meus olhos fixos em seus lábios, me pergunto o gosto que tem.

- Agradeço! - suas bochechas coram e ela fica radiante, sua respiração acelera e isso chama minha atenção, logo volto para seus lábios, levanto e pego meu copo que está na mesa de centro, dou um gole no whisky tentando afastar pensamentos impróprios, vejo um quadro na parede que chama a minha atenção, é a lua e tem sombras em volta dela, como se fossem nuvens, mas o que mais me chama a atenção é um rosto que se forma dentro da lua, uma mulher, parecida com Morana, cabelos brancos, olhos roxos, porém ela perece uma criatura mítica, tem o rosto de mulher porém nitidamente não é humana, o olhar dela é aterrorizante.

- Essa mulher, você que criou? - pergunto a olhando, ela levanta do piano e vem até mim.

- Digamos que sim. - diz olhando o quadro.

- O que achou? - pergunta sem colocar os olhos em mim.

- Bem, muito criativo, mas julgando pelo olhar, não gostaria de cruzar com ela. - a olho com um sorriso porém ela permanece séria.

- Eu disse algo errado? - ela me olha e faz sinal negativo com a cabeça.

- É melhor ir agora, já amanheceu! - ela diz indo para o sofá.

- Como sabe? - pergunto indo até ela.

- Cheguei a pouco tempo, não é possível já ser manhã. - a olho e ela pega o livro que lia antes.

- O tempo aqui passa de maneira diferente. - diz e faz um gesto de mão.

Quando me dou conta estou de frente para o caixão com o corpo de Morana. Não entendo porque ela fez isso, será que fiz algo que a ofendeu? Vou para fora do quarto e percebo que realmente o sol já nasceu. Vejo Niklaus saindo do quarto.

- Ai está você! - diz e vamos para a escada, descemos e Hope está na sala de estar.

- Vamos? - ela diz ao nos vê.

- Sim! - Niklaus diz e olha para Caroline que vem da cozinha.

- Eu posso visitar a Ana? - ele a pergunta.

- Pode, claro que pode, só tome cuidado. - diz e me olha.

- Você também Elijah, se quiser vir não tem problemas, eu só peço a vocês que não contem para mais ninguém, nem para o resto da família, é para a segurança da Ana, quando ela acordar poderá conhecer os outros. - diz nos olhando.

- Tudo bem! - Hope diz.

- Pode deixar, não vamos contar. - Niklaus fala e nós saímos.

Chamas do Destino ( Liv 01 )Onde histórias criam vida. Descubra agora