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Não sei quanto tempo estamos presas nessa cela. É até um pouco estranha, porque tem uma daquelas árvores de cor salmão, algumas lanternas espalhadas pelas paredes, as "camas" são duas pedras grandes e ao lado tem uma espécie de mine lago (?). Poderíamos tentar achar uma saída por esse lago, mas não sabemos se algum bicho vive ali, a profundidade, se é ou não tóxico.

--- Olha pelo lado bom, Sora. - Luna, falou chamando minha atenção. --- Pelo menos estamos vivas.

--- Até quando, Luna? - Perguntei e me sentei em uma das pedras menores, em frente ao lago. --- Até quando?

--- Vai ficar tudo bem, é só ter pensamentos positivos.  - falou se deitando em uma das "camas". --- Se eles quisessem fazer algo com a gente, teriam feito aquele momento.

--- Como você pode estar tão tranquila, Luna? - Perguntei já irritada. --- Não estaríamos nessa situação, se você tivesse me dado ouvidos e voltarmos para casa, quando falei.

--- Qual o seu problema? - Perguntou calmamente.

--- Qual o meu problema? QUAL O SEU PROBLEMA, LUNA? SERÁ QUE NUNCA VAI DAR OUVIDOS AO QUE EU FALO? - Gritei, me levantando e indo  em direção a entrada da cela.

--- Colocar a culpa em mim, não vai resolver. - ela responde simplista. --- O que podemos fazer é sentar e esperar.

--- Sentar e esperar a morte chegar, você quer dizer. - falei e voltei para perto dela.

--- Sora, eu não sei se você percebeu, mas não é só você quem está presa aqui, e se eu pudesse fazer alguma coisa, é lógico que teria feito. - ela me olhou e depois fechou os olhos. --- E até aprece que eu ia adivinhar que isso ia acontecer. Pega uma dessas pedrinhas e joga na água, vai ajudar a tirar seu estresse.

Voltei a me sentar onde estava e comecei a jogar pequenas pedras na água. Depois de algum tempo, fiquei apenas encarando a água e pensando na minha mãe, meus três amigos... E na comida. Meu estômago começou a roncar, porque não comi nada desde cedo.

--- Luna? - chamei minha irmã com uma voz manhosa. Ela não respondeu, então chamei novamente. --- Luna?

--- Que foi? - respondeu com uma voz sonolenta. --- Estava sonhando com o Tom Holland.

--- Eu estou com fome. - Falei segurando minha barriga. --- Você não tá?

--- Sim, mas não estou com a minha mochila. Eu tinha uma vasilha com comida e uma jarrinha de suco. - falou e depois se sentou. --- Será que eles comem ou se a comida deles é parecida com a nossa?

--- Você perguntou para a pessoa errada. - falei e ri. --- Eu queria muito um fraquinho assado com arroz bem quentinho.

--- E um pudim de sobremesa. - Ela continuou. --- Mas até uma fruta seria bem-vinda agora.

Ouvimos passos um pouco longe, que depois ficaram cada vez mais próximos. Olhamos para a entrada da cela, e três homens apareceram. Dois deles estavam segurando bandejas e o outro estava aparentemente fazendo a segurança deles.

--- Hora do jantar. - o mesmo guarda que havia nos prendido, falou. --- Quando terminarem, ponham na entrada.

Eles deixaram as bandejas no chão e depois saíram de perto. Me aproximei e vi que algumas coisas era iguais as que comemos, já outras, tinham uma aparência e um cheiro estranho.

--- O que é isso? - Perguntei enquanto olhava aquela coisa estranha em uma tigela.

--- Comida. - Respondeu e foram embora.

--- Acho que temos um Sherlock Holmes aqui. - Luna, falou e depois começou a rir. --- Vamos comer essas frutas e depois experimentamos esse negócio estranho.

--- Mas tem uma aparência horrível. - Falei enquanto pegava minha maçã.

--- Seu ex também tinha uma aparência horrível, e mesmo assim, vocês ficaram juntos por três anos. - Debochou e riu da minha cara.

--- Tenho que concordar com você. - ri e voltei a encarar a água. --- Não sei o que eu vi nele.

Começamos a comer e a conversar sobre algumas coisas. Até que resolvemos tomar coragem e experimentar aquela coisa estranha. O cheiro até que não era tão ruim, mas o gosto era horrível. Tentei comer mais algumas colheradas, mas não desceu e acabei vomitando tudo alguns minutos depois.

Deixamos as bandejas no chão da entrada, com as tigelas cheias e depois tentamos dormir. Luna, logo dormiu mas eu fiquei acordada por algum tempo, até que escutei novamente o barulho de passos. Deveriam ser os guardas, então fiquei encarando a entrada mas não vi nenhum deles.

Alguém bem alto, com uma roupa escura e com uma máscara, ficou nos encarando e depois saiu correndo quando ouvimos passos novamente. Ele deveria ser algum prisioneiro fugindo, mas fiquei na minha. Se ele conseguiu fugir, quer dizer que poderíamos também. Logo os guardas apareceram e ouvi eles falarem "Nem elas gostaram da gororoba do cozinheiro". Fingi estar dormindo até que eles foram embora.

[...]

Guardiã: Entre Dois Mundos.Onde histórias criam vida. Descubra agora