Guardiã: Entre Dois Mundos.

72

   — Foi ele quem deu a informação. — Miko, falou frustrada assim que terminou de ler o bilhete. — O mascarado conseguiu nos atrapalhar mais uma vez.

   — Mas não acham estranho o fato dele ter feito a Sora acreditar no que estava escrito, mesmo depois de tudo que ele tentou fazer contra ela? — Jin falou. — Entretanto, nós também deixamos a desejar por muitas vezes a questão da confiança.

   — Eu disse que essa ideia não iria ter um bom resultado! — Jimin respondeu de braços cruzados. — Teremos sorte de fazê-la voltar para cá e conviver pacificamente sem se preocupar com o que for comer, beber, ou até mesmo se permitir descansar.

   — Precisamos encontrar a Sora. — Respondo. — Não podemos deixa-la sozinha e desprotegida. Não podemos esquecer que ela é da realeza e acima de tudo, foi prometido perante ao conselho que faríamos o possível para ajudar e proteger.

   — Se tivessem conversado com ela e terem chegado em um acordo, certamente isso não teria acontecido. — Jimin respondeu me encarando. — Não lembro desde quando as pessoas dessa fortaleza começaram a resolver tudo com mentiras ao invés da verdade e confiança.

   — Vamos resolver isso com prudência e rapidez. — Namjoon interrompeu. — Não temos tempo para discutir sobre isso agora. Amanhã bem cedo, dividam algumas duplas para procurarem seus mascotes.

   — Se encontrarmos os Krystallos, encontraremos ela. — Yoongi respondeu.

   [...]

   Sora Pov

   Irada com o que acabei de descobrir, fui atrás da única pessoa que teria dado ordens para que isso acontecesse. Miko, estava regando a árvore no meio da sala principal e parecia surpresa ao me ver.

   — Sora, como foi o treinamento com Jungkook? — Perguntou enquanto colocava o regador no chão.

   Assim que estava bem perto dela, dei um soco em seu rosto e depois outro no seu estômago. Assim que ela colocou as mãos na barriga, puxei seus cabelos para fazê-la olhar no meu rosto. — Odeio mentiras, Miko. Pensei que já tivesse falado sobre isso antes. Se acha que tudo se resolve com mentiras e na força bruta, que assim seja. — A empurrei em direção a algumas jarros de flores que haviam perto das enorme janelas abertas. — Eu descobri o porque me mandaram para longe e isso será imperdoável.

   Começando a brigar e a quebrar muitas coisas na sala, mas assim que comecei a ficar um pouco zonza e com a visão um pouco turva, me afastei dela. A poção que Jungkook havia me dado, estava começando a fazer efeito. Corri em direção a uma das janelas e voei em direção a floresta. Precisava encontrar um local seguro onde ninguém me encontraria enquanto ficasse apagada e nem tentassem algo contra mim.

   Voei até uma clareia, onde havia um pequeno lago e certamente teria que improvisar um abrigo o mais rápido possível antes de perder a consciência. Tentei me concentrar e fazer uma varredura se existia algum perigo e por sorte não havia nada no qual me preocupar. Caminhei um pouco mais para dentro da floresta, mas meus olhos começaram a ficar mais pesados e minha cabeça começou a girar.

   — Droga, agora não. — Resmunguei com dificuldade, e me escorando em uma das árvores. — Não, eu não posso dormir agora.

   Com dificuldade comecei a rastejar quase meio metro, mas infelizmente acabei adormecendo. Quando acordei, era início da noite e não estava mais em meio a floresta, mas em frente a uma fogueira em uma caverna, embrulhada com um cobertor de lã.

   Olhei para os lados devagar, porque ainda estava zonza, porém, não encontrei ninguém. Antes que pudesse raciocinar e imaginar como fui parar ali, escutei muitos passos vindo em minha direção. Fingi ainda estar dormindo, entretanto, preparada para atacar quem fosse.

   — Deixa de charme, que eu sei que você está acordada, Sora. — Uma voz feminina ecoou e escutei sons de madeira no chão.

   Abri um dos olhos e vi Amare. — Amare, o que está fazendo aqui?

   — Eu é quem deveria perguntar, o que aconteceu para você ter atacado a Miko e ter feito alguns Krystallos ficarem todos amontoados sobre você, enquanto estava desacordada? — Perguntou e se sentou a minha frente. — Teve sorte que eu encontrei você.

   — Longa história. — Respondo e tento me sentar, mas minha cabeça estava doendo e fiquei até um pouco zonza. — Não posso contar, mas o que vale é que teve um bom motivo. — Fiquei de cabeça baixa assim que me sentei.

   — Se você diz, então está tudo bem. Eu trouxe alguma coisa para que você pudesse comer e beber. — Ela tirou uma bolsa pequena das costas e deixou ao meu lado. — Quando se sentir melhor, pode comer. Vim conferir se estava bem, porque preciso voltar rápido.

   — Como estão reagindo depois do ocorrido?

   — Estão agindo estranho, mas preocupados com você. Estão te procurando o dia todo, Sora. — Amare respondeu.

   — E onde estão os Krystallos que você mencionou antes?

   — Estão na entrada da caverna. Trouxe frutinhas suficientes para que eles pudessem comer e não saíssem do seu lado. Eles estavam te protegendo a todo custo quando te encontrei. — Amare comentou. — E creio que seja melhor assim.

   — Amare, quem mais sabe que estou aqui?

   — Ninguém.

   Olhei em sua direção. — Tem certeza?

   — Absoluta.

   — Por favor, não conte a ninguém a minha localização. Não quero voltar para lá.

   — Sora, aqui é um local perigoso, principalmente para você, que não conhece.

   — Eu sei, mas terei que correr o risco. Mas mesmo que eu estivesse naquela fortaleza, eu também estaria. Nenhum lugar é seguro para mim.

   — Seu ponto de vista é totalmente diferente do meu, e você tem que fazer o que acha melhor. Só espero que também fique ciente que terá que arcar com as consequências, Sora. — Amare respondeu. — Não esqueça que estamos em meio a uma tensão, e ficar sozinha nesse momento é burrice. — Ficamos em silêncio por um momento e depois ela prosseguiu. — Se te faz bem, vou te dar um conselho, Sora. Volte a fortaleza e pegue os outros Krystallos. Se quiser se manter viva e protegida por um tempo, mantenha o máximo possível deles com você.

   — E para onde eu os levarei?

   — Fique com eles aqui. — Respondeu. — Se eles te arrastaram até a entrada da caverna, é porque deva ser um local seguro. Eu também explorei o local, e posso afirmar isso. — Apontou para uma parte mais adentro da caverna. — Naquela direção, você vai encontrar uma espécie de rio subterrâneo. Igual aquele que tem nas masmorras, mas é água potável. Pode beber dela. Aqui tem comida suficiente para alguns dias e para os seus mascotes, é só fazer aquele mesmo plantio e estará tudo certo.

   Depois de comer e me sentir melhor, convenci Amare ir comigo para a fortaleza por teletransporte. Assim que chegamos, me despedi dela e fui até os estábulos onde encontrei meus mascotes se preparando para dormirem.

   — Oi, meus amores. — Falei em um tom calmo e eles vieram para a minha direção. — Venham, nós temos que ir.

   Os levei em direção a saída do estábulo, mas infelizmente fui descoberta.

   — Sora? — Era a voz de Jungkook.

   — Era só o que me faltava. — Resmunguei baixo.

   [...]