Guardiã: Entre Dois Mundos.

66

   Era tarde da noite e eu estava observando a neve cair lá fora. Mesmo com sono, ainda não conseguia dormir. Mais cedo, Peach e Lucy, estavam conversando pelos corredores tão distraídas, que não perceberam que eu estava ao lado delas e se assustaram assim que me viram e tentaram mudar de assunto. Mas não adiantou nada. Eu já havia escutado quase toda a conversa.

   Suspirei ainda observando a neve cair. — Eles foram vistos no templo da Fênix. — Falei abraçando meu travesseiro e depois continuei em silêncio. Humanos foram vistos nessa dimensão. O que estariam fazendo aqui? Como chegaram? Onde estão agora? Essas e outras perguntas rondava minha cabeça. Principalmente como elas sabiam dessa informação?

   Olhei para a estante do meu quarto e depois de encarar aquela concha por alguns instantes, a peguei e chamei por Lucy, na esperança que ela respondesse. Normalmente não sou curiosa, mas desde que todos esses acontecimentos começaram e a maioria das vezes somos informados de tudo, esse meu lado ficou bem ativo. Fiquei um bom tempo chamando a sereia, mas ela não apareceu. Deveria estar dormindo e eu também deveria estar fazendo o mesmo que ela e os outros.

   Coloquei o objeto em seu devido lugar e fui para cama. Mais uma noite que eu dormiria sozinha, e eu poderia adormecer da forma que gostava. Sem roupas. Entretanto, depois que senti a presença de alguém no meu quarto algumas vezes, parei de fazer isso. Muitas coisas me dão medo e alguém me encontrar morta e sem roupa, é uma delas.

   Totalmente despida e bem confortável na cama, fechei os olhos esperando o sono aparecer. Não sei quanto tempo se passou mas escutei alguém mexer na fechadura do meu quarto e depois a porta se abrir. Como estava de costas, não poderia ver quem seria. Entretanto, a energia era calma e familiar, sem contar que a única pessoa que teria uma cópia da chave era o Jungkook.

   A porta se fechou e não escutei seus passos mas senti alguém se aproximar devagar, então me mexo devagar e viro o rosto para direção da entrada e com os olhos um pouco aberto procurei por ele no quarto, sem sucesso. Depois de um tempo ele saiu detrás da minha estante e se sentou na minha poltrona que ficava perto da cama e me mantive quieta o observando.

   — Está com insônia? — Jungkook perguntou sorrindo. Me mantive calada e tentando não rir. — Não adianta fingir, eu sei que está acordada me encarando.

   — E eu não havia falado para não vir aqui? — Perguntei segurando as cobertas e depois abri os olhos. — Onde está o Caligo?

   — Eu só vim conferir como você estava, e meu mascote está dormindo. — Disse e encostou as costas na poltrona. — Tive uma reunião de última hora com os líderes da fortaleza.

   — Pelo menos não é muito tarde. — Respondo.

   — Sora, já é madrugada. O sol já vai nascer. — Jungkook diz.

   — O que? — Perguntei surpresa e me levantando um pouco e puxei as cobertas para perto, na tentativa de cobrir o máximo possível do meu corpo.

   Jungkook me encarava calado e o vi morder os lábios, se levantou e levantou a cabeça fechando os olhos.

   — Acho que entendi o motivo de não me querer aqui hoje. — Ele disse e depois sorriu. — Bom, eu poderia ajudar você a gastar energia, conseguir ficar totalmente cansada e finalmente poder dormir.

   — Se está falando sobre sexo, Jungkook, eu posso fazer isso sozinha. — Eu sorri. — Você mesmo me trouxe a solução na minha bolsa.

   — Então é para isso que serve aquele objeto estranho? Ele te satisfaz como um homem de verdade? — Perguntou ainda olhando para cima.

   — Não sei realmente te responder, Jungkook. Nenhum homem foi capaz de me satisfazer da mesma forma que meu vibrador fez. — Respondo sinceramente. — Não tive muitos parceiros durante a vida, mas quando achava que algum deles conseguiriam, fracassaram. Enquanto meu brinquedinho conseguiu algumas vezes.

   — Algumas vezes? — Olhou para baixo e me encarou. — E onde foi que seu brinquedo te decepcionou?

   — Não escutar uma respiração ofegante, alguém segurar firme o meu cabelo ou mãos e receber algumas palmadas, faz falta. — Disse observando diretamente nos seus olhos, sentindo meu coração acelerar e comecei a sentir um formigamento lá embaixo. — Mas é melhor me contentar com o tenho. Agora, não querendo ser rude, acho melhor você ir, Jungkook. Irei tentar pegar no sono.

   — Você me deixa nessa situação e pede para que eu vá embora neste estado, Sora? — Perguntou e mordeu os lábios mais uma vez me encarando. — Espero que em seu momento de fragilidade, seu brinquedo quebre e precise de ajuda para ajudá-la. Eu garanto a você, que realizarei seu desejo e não terei piedade. Serei o primeiro e se possível o único a te satisfazer mais de uma vez. — Sorriu e virou de costas. — Agora preciso ir, não porque você pediu, mas porque preciso resolver o problema que acabou de me causar. Boa noite. — Dito isso, andou rapidamente até a porta e saiu.

   Meu coração parecia querer atravessar meu peito por conta da adrenalina de estar totalmente despida em frente a Jungkook, sem contar com esse rápido comentário e ainda ter imaginado o que poderia acontecer...

   — Droga. — Falei e corri até a porta a abrindo um pouco para ver se tinha alguém pelos corredores. — Jungkook, volte aqui agora. — Falei no meu tom de voz normal. — Se acha que é capaz de cumprir o que acabou de dizer, faça agora!

   Terminei de falar e fiquei alguns segundos na porta o esperando mas ele não apareceu. Bufando em frustração, fechei a porta e fiquei em pé encarando a minha penteadeira. Estava um pouco excitada e a única solução que eu tinha agora, era me virar sozinha. Andei rápido até a penteadeira e abri minha terceira gaveta, onde estava meu vibrador e tentei ligar mas ele não funcionou.

   Mesmo podendo usar de forma manual, não serviria de muita coisa. No momento em que eu estivesse chegando ao meu ápice, não iria ter forças para continuar e pararia no meio do processo, ou seja, eu estaria vivendo o que tinha com meus ex namorados.

   — Como pode sua praga ter funcionado tão rápido? — reclamei jogando meu vibrador em um canto do quarto.

   [...]