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   Depois de fazer metade dos meus afazeres pela manhã, havia muito tempo livre durante a tarde. Resolvi treinar mais a concentração para utilizar minhas asas, então me teletransportei em direção a praia. Consegui evoluir em muitas partes, mas o meu voo ainda está uma negação. Mesmo não conseguindo atingir mais de dois metros de altura da areia e ficar por alguns minutos no ar, ainda não me dei por vencida.

   — Tente outra vez. — Escutei a voz do Namjoon. — Você conseguiu ficar mais tempo no ar, nessa última vez.

   — Não é tão fácil como parece, Namjoon. — Falei me levantando e limpando a areia da minha perna esquerda.

   — Eu sei. — Comentou se aproximando. — Já sabe como fazê-la funcionar, e isso significa muito.

   — Minha mente fica uma bagunça e acaba mexendo nos meus sentimentos também. Mesmo que tente me concentrar em um sentimento bom e ficar calma, o medo e o nervosismo acaba me desconcentrando. — Respondi frustrada.

   — Precisa relaxar, ache algo para descarregar suas preocupações e que te dê calmaria. — Me entregou um cantil. — O que vem na sua cabeça, quando tenta voar?

   — Eu lembro de algumas coisas que vivi na minha dimensão e aqui. — Respondi enquanto íamos em direção a algumas palmeiras. — Mas acaba em bagunça, nervosismo e medo. Por isso não tive bons resultados.

   — Além do medo e nervosismo, qual o outro sentimento que você sente? — Perguntou  assim que nos sentamos sobre a sombra.

   — Nesse momento, tenho frustração. — Respirei fundo e fechei os olhos. — Sei que posso voar, mas não consigo manter por muito tempo.

   — Então devemos tentar algo que te ajude a ficar calma e relaxada. Vamos para a água. — respondeu.

   — Agora? — A encaro surpresa.

   — Sim, agora. Você precisa deixar sua mente vazia e calma, antes de pode se concentrar em algo e conseguir fazer suas asas funcionarem como devem. — Namjoon, levantou e me encarou. — Sei que suas asas também ficam pesadas na água, então entrarei com você.

   — Não, Namjoon, não precisa. Eu posso tentar fazer isso depois com a Lucy. — Respondi enquanto sentia meu coração acelerar. — Você também deve estar ocupado, e só veio á praia, para tentar relaxar e respirar um pouco. Não quero ser um incômodo para você.

   — Você nunca será um incômodo para mim, Sora. Eu sempre estarei aqui para você. — Ele sorriu e esticou sua mão em minha direção. — Então, vamos entrar no mar?

   — Não tem como recusar um pedido desses pelo visto. — Comentei rindo e segurei sua mão.

   [...]

   Estava na vila, para ajudar com a organização do abrigo subterrâneo. Cumprimentei algumas pessoas que encontrava no caminho e pude notar outras pessoas cochichando e já deduzi que estava acontecendo alguma fofoca, na qual iria chegar aos meus ouvidos mais cedo ou mais tarde.

   — Sora se apresentando para o trabalho, senhorita. — Falei assim que encontrei Amare.

   — Ainda bem que chegou, Sora. Precisamos de ajuda no setor d. — Amare, respondeu aparentemente aliviada. — Alguns operários, acharam algo estranho nessa área, e acho que você, Miko ou Yoongi, que podem saber o que fazer.

   — O que é? — Perguntei enquanto ela me acompanhou até o túnel.

   — Uma pedra meio amarela com laranja, muito brilhante. — Amare respondeu, enquanto aceleramos os passos. — Algumas pessoas passaram mal, e aquela parte está interditada. — Ela olhou rapidamente para o meu cabelo e minhas roupas e riu. — Seu cabelo e umas partes das suas roupas estão molhadas. Estava tomando banho?

   — Treinando na praia. Quando percebi que estava me atrasando, vim correndo para cá. — respondo.

   — E notou alguma coisa no caminho para cá? — Perguntou rindo.

   — Percebi algumas pessoas cochichando e me olhando. Sobre o que é a fofoca da vez? — Perguntei assim que chegamos em uma parte interditada.

   — Viram você e o Namjoon, nadando no mar, e pelo que falaram, muito perto e brincavam bastante. E que notaram a presença de alguém, e estavam fingindo estarem treinando. — Amare, falou parando de andar. — E antes que você pense que foi a Lucy, quem falou isso, lembre-se que ela nem está na província.

   — Minha nossa, essas pessoas ao invés de estarem ocupados com as suas funções, vivem falando e inventando histórias ou tirando tudo do contexto. — Comentei. — Não vou me preocupar com isso. Deixa o povo falar. Quanto mais eles comentam, mais aumenta minha audiência e eu alimento meu ego. Sem contar, que logo vai ser desmentido e eu nem precisarei falar nada.

   — Isso é verdade. Bom, a pedra está logo ali na frente, mas eu ficarei aqui te esperando. Mesmo estando a alguns metros de distância, já sinto uma sensação estranha.

   — Tudo bem, se eu precisar de algo lá na entrada, você busca. — Respondo e voltei a andar. Cheguei até o local de escavação, e vi uma cristal semelhante ao do reino perdido. Terminei de escavar ao redor e ele bem maior do que aparentava ser. Resolvi tocar e tentar descobrir sua história.

   — Não faça isso, Sora. — Escutei a voz da minha oráculo, atrás de mim.

   — Por que? — Olhei para trás.

   — Esse cristal é da outra dimensão. — Ela respondeu. — Porém, seu efeito aqui é diferente. — Ela disse e eu afastei minha mão dele. — Se tentar ver o que ele presenciou, ficará presa nele para sempre.

   — E como irei tirar ele daqui?

   — O cubra de lama, depois pegue um pano escuro e o embrulhe nele e poderá retirar daqui com segurança. Assim você não ficará presa nele, e nem os outros irão passar mal. — Dito isso, ela sumiu novamente.

   Voltei até onde a Amare estava e pedi para me trazer em um pano escuro e forte, para embrulhar a pedra, e ninguém passar mal. Enquanto a esperava, fui fazer uma poça de lama, e com a ajuda de alguns materiais que estavam lá, consegui cobrir de lama e movimentar o cristal. Voltei para pegar o pano, passei mais duas camadas de lama na pedra e consegui deixar seca com os meus poderes. Envolvi com cuidado no pano e amarrei e depois fui para a fortaleza, onde deixaria aquela pedra em um lugar seguro, onde ninguém não autorizado tivesse acesso. 

  — O que tem aí, Sora? — Hongjoong, perguntou assim que me viu chegar pela entrada principal.

   — Algo que vai para a sala protegida. — Dito isso, ele se afastou assustado e eu ri.

   — Não quero mais saber o que é, pode ir. Ainda sou muito jovem para morrer. — Respondeu. — Tudo que vai para aquela sala, é perigoso e mortal.

    — Então não deve andar no abrigo, enquanto não estiver tudo totalmente pronto. Acabaram de achar essa belezinha, e tenho certeza que não será a última.

   [...]

Guardiã: Entre Dois Mundos.Onde histórias criam vida. Descubra agora