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   Depois de juntar vários ingredientes para a poção, Yoongi, disse que ainda precisava de mais três ingredientes que não tinha, e precisava fabricar um deles - o que demoraria dois dias - e os outros teríamos que buscar fora da fortaleza. A frutinha azul e uma flor que nasce perto do penhasco. Eu até iria pegar uma das frutinhas que tinha no quarto da minha irmã, mas a porta estava trancada e ela não deixou a chave comigo. Peguei minha bolsinha - que Seonghwa me ensinou a fazer - e fomos ao penhasco. 

   Durante o caminho, encontramos alguns membros da guarda de guerra, alquimia e até de exploração - que não foram escalados para o treinamento de hoje - que se ofereceram para nos acompanhar e fazer a segurança, já que haviam boatos de ter uma movimentação estranha por lá.  E conversando com eles, pude notar como eles respeitavam e admiravam o Yoongi. Não por ser um dos chefes da guarda, mas por ser uma pessoa boa - mesmo sendo um pouco casca grossa às vezes - divertido e estar sempre disposto a ajudar alguém sempre que pode. E quando não está de bom humor, é por causa do cansaço, porque ele quem cuida de muita coisa não só da fortaleza, mas também de muitas coisas da província. 

   A verdade é que muitos não conseguem manter a imagem que ouviram dele, já que uma parte do seu tempo, ele está muito ocupado e poucos conseguem acompanhar o seu ritmo e acabam sendo desligados ou até mesmo pedem transferência para uma outra província. Seonghwa e Taehyung, são seu aprendizes em tempo integral, e pelo visto estão assumindo as funções intermediarias, já que Yoongi e prontificou de me ensinar da mesma forma e algumas coisas mais. Ele não é compreendido, porque carrega muita responsabilidade. 

   — Luna, esses são as ervas que eu comentei ontem com você. — Yoongi, falou se abaixando e pegando algumas e guardando em seu cesto. — Ainda bem que achamos no caminho. — Se levantou limpando as mãos. 

   — Qual delas? Você comentou sobre três. 

   — São para destravar o intestino, Luna. — A mesma garota de antes da guarda de guerra, falou. 

   — Oh, então pega mais. — Falei. 

   — Não é suficiente para você? — Yoongi, perguntou se abaixando para pegar mais. 

   — Para mim, é suficiente mas a minha irmã tem um problema sério de prisão de ventre. — Menti. — A coitadinha precisava se entupir de remédio, para conseguir fazer suas necessidades fisiológicas. 

   — Sério? — Um membro da guarda de alquimia, perguntou. 

   — Sim, o que minha querida irmã tem de bonita, tem em dificuldade para fazer suas necessidades. 

   Lógico que a Sora não tem uma prisão de ventre assim, mas sei de algumas pessoas que irão ficar com seus "botões" muito frouxos. Acham que fazerem implicância com a minha irmã, e como punição serem desligadas da guarda é algo ruim? Isso porque ainda não sabem como eu sou vingativa. Seu Madruga disse uma vez: "A vingança nunca é plena, mata a alma e envenena".  Mas dar um chá e uns quitutes para elas, não vai matar a minha alma e muito menos envenenar. Pelo contrário. Vai deixar mais saudável e em paz. 

   Quando chegamos no penhasco, fiquei encantada com tamanha beleza do horizonte e de algumas flores que tinham ali. Se eu tivesse com meu celular, poderia tirar uma foto e mostrar para Sora. Melhor ainda, quando ela voltar e for liberada a saída, irei trazer ela aqui. Como seu período fértil já passou, não terá problema nenhum com as flores. Yoongi, colheu o suficiente e depois aproveitamos para apreciar a vista. Mas em meio a algumas flores e pedras, notei uma placa com algo esculpido. Me aproximei e vi que era uma sepultura. 

   — Gente, aqui é um cemitério? — Perguntei alto, sem tirar os olhos daquela placa. E pelo tamanho da sepultura, deveria ser de uma criança. 

   — Não, todos são cremados, Luna. — Yoongi, respondeu. — São bem raras às criaturas que são enterradas. Por quê?

   — Acho que encontrei uma raridade aqui. — Falei, e depois ouvi passos vindo atrás de mim. 

   — É, tem uma sepultura aqui, Yoongi. — A garota que descobri se chamar Amare, falou. — Mas pela letra e o nome que está escrito aqui, já sei quem fez. Não precisam se preocupar. — Ela disse, e todos voltara  a atenção ao que estavam fazendo antes.

   — Quem é, Amare? 

  — É o antigo mascote do Jungkook. — Ela disse. — Ele era praticamente o pai dele, e ser enterrado aqui, tem um significado enorme para o chefe da guarda de exploração. Não diga a ninguém que esteve aqui e que achou a sepultura dele. 

   — Por quê? 

   — Porque... — Ela olhou para os lados e se aproximou mais. — Quando ele está muito triste ou até mesmo precisa refletir sobre alguma coisa que está quase o deixando louco, gosta de vir aqui sozinho, sem contar que é o lugar preferido e onde sente paz. Ele não traz ninguém aqui, a não ser que seja muito importante. Principalmente durante à noite. 

   — Aqui durante à noite, deve ser sinistro. — Falei baixo, olhando ao redor. — Tem muitas árvores, e deve fazer muito frio. 

   — É um pouco, mas é muito bonito na primavera e no verão. — Ela falou com uma expressão nostálgica. 

   — E como sabe isso dele? 

   — Digamos que ele e eu, temos um passado que é melhor deixar quieto. — Ela falou e deu um sorriso triste. — Por favor, Luna, mantenha segredo sobre o que eu falei. Sei que não gosta de espalhar as coisas aos quatro ventos, por isso te contei. — Se levantou e depois estendeu a mão em minha frente. — Vem, acho que já estão terminando de colherem as flores. 

   Quando voltamos a fortaleza, Yoongi, terminou a primeira etapa da poção e depois ele me liberou. Fui em direção ao refeitório e pedi ao Kader, para usar a cozinha dele. Depois de uma breve negociação, consegui entrar e preparar o que eu queria, e depois fui em direção ao meu quarto, onde peguei uma capa longa e com capuz, para esconder boa parte do meu rosto e fui escondida até a vila. Cheguei em frente a casa de cada uma das garotas e deixei uma pequena cesta com o chá, bolinhos, flores e um bilhete dizendo que elas poderiam gostar e como destinatário um admirador secreto. E através da janela, pude ver elas se deliciarem com o chá e os bolinhos. 

   Voltei rapidamente para a fortaleza, antes que alguém sentisse a minha falta ou me encontrassem ali, sem contar que ainda corria perigo de ser encurralada por alguém a mando do mascarado no qual nunca vi antes e prefiro continuar assim. De volta ao meu quarto, tomei banho e me preparei para o jantar. Quando estava passando pela parte de treinamento da guarda de guerra, vi o grupo de exploração chegar da floresta. Fiquei ali esperando a minha irmã e meus amigos. 

   — Luna, como passou o dia? — Sora, perguntou assim que me viu. 

   — Muito bem, acho que posso dizer que foi excelente. 

      [...]


Guardiã: Entre Dois Mundos.Onde histórias criam vida. Descubra agora