Capítulo 3

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Dias atuais.

Geralmente, quando um ser humano acorda ele não consegue entender muito do que está se passando ao seu redor. Ele fica ali, faz o que tem que fazer mas simplesmente não entende nada, pelo menos não até acordar completamente.
É assim que eu me sinto agora.
Não fasso a menor ideia do que esteja acontecendo no restaurante, não sei se alguém me perguntou algo, não me lembro mais porque diabos eu estou aqui, porque a única coisa da qual meu cérebro consegue lidar, a única coisa da qual ele é capaz de entender e absorver é a mulher deslumbrante na minha frente.
Cinco anos, cinco anos que eu não a vejo e ela parece não ter mudado nada e ter mudado em relação a tudo ao mesmo tempo.
Seu corpo macio, liso, não parece ter mudado muito, os seios avantajados continuam tão empinados quando da última vez que eu os senti na minha boca, sua barriga continua chapada e os quadris estreitos enganam muito bem a bunda que ela tem.
Mas, apesar de sentir o calor do seu corpo desorientar o meu próprio só porque estou totalmente consciente de que ela também está me checando, é seu rosto que realmente me faz arfar.
Da última vez que olhei em seu rosto, ele estava dolorosamente lindo, mas vermelho, molhado por lágrimas, e seus olhos azuis que sempre me remetia ao paraíso estava mais tristes do que eu já tinha visto, mas agora não!
Agora seu rosto está entre a linha tênue do céu e o inferno, porque onde aqueles olhos azuis as vezes sérios, as vezes amorosos e animados, agora, na verdade, remetem ao paraíso e a sutil indireta do que pode acontecer com qualquer um que ousar a tirar do seu trono.
O céu do seu olhar continua ali, sendo realçado pela sombra preta, mas também há um ar de poder. Antes, se você olhasse nos olhos de Josephine Langford veria uma garota durona, que mostrava que não se intimidava com facilidade, agora você pode ver poder, poder e poder com apenas alguns traços de paixão. Paixão... não, definitivamente ela exala tudo menos paixão.
Seus lábios brilham com o gloss que ela passou, e eu abro a boca, inconsciente, enquanto a sensação de tomar aqueles mesmos lábios volta para mim. Ela também usava gloss da primeira vez que eu a vi.
Não sei quanto tempo se passa, minutos, horas, segundos, meses, anos, uma vida inteira talvez, só sei que a namorada de Titan fala algo antes de arrastar a melhor amiga para os fundos do salão, provavelmente o banheiro, ou algo assim.


Eu me sento no mesmo lugar que ocupava a antes, e é só então que meu cérebro passa a registrar as informações.
O restaurante, o suposto encontro que meu irmão me implorou para vir porque achava que seria bom para mim, mesmo que eu estivesse morto do reino de hoje, a mulher que deveria ser uma total desconhecida mas na verdade é Josephine.
Minha cabeça gira enquanto eu tento colocá-la no lugar, não sei o que fazer ou falar, até que meu irmão coloca um copo com Whisky na minha frente.
Quando que ele pediu a bebida ? Um garçom veio aqui? Não sei, e não me importo, eu apenas bebo o líquido âmbar, satisfeito pelo fogo em forma de líquido que desce pela minha garganta.



- Melhor?


Meu irmão me pergunta quando eu tomo mais um gole, colocando assim meu cérebro para funcionar. Mas que merda!



- Sim. Melhor.


Eu digo, embora ainda não esteja olhando para nada em específico. Não poderia olhar mesmo que quisse, a porra da Josephine está novamente embaçando a minha visão.



- Que porra que acabou de acontecer?



Meu irmão mais velho me pergunta, e eu rio porque eu também não fasso a menor ideia. Sei que continuo sorrindo, ao mesmo até uma ideia me ocorrer.




- Você e Inanna não planejaram essa porra de propósito, né?



Eu pergunto para Titan, já meio puto, mas por sorte meu irmão me olha parecendo tão confuso quanto eu.



Você e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora