Oie amores,
Como vcs estão?
Não tá fácil, eu sei, mas como muitos de vcs pediram vou continuar por aqui... ainda continuamos sendo uma família e família apoia o outro inclusive nos momentos mais difíceis.
Pelo menos aqui a gente ganha e ganha muito feliz sempre!Beijinhooos💋
Rafa🦋
@ConduruRafa
——————————————————————Diabos, como era frustrante. Arthur já ouvira homens queixarem-se de mulheres, chamando-as de incompreensíveis, contraditórias, misteriosas. Como sempre julgara possível lidar com elas num nível sensato, jamais dera crédito a nada disso, até conhecer Carla. Agora, via-se em busca de mais adjetivos. Levantando-se da escrivaninha, foi até a janela e franziu a testa para a vista que tinha da cidade.Quando haviam feito amor a primeira vez, ele percebera que jamais soubera que uma mulher podia ser tão macia, tão desprendida. Forte — ainda forte, sim, mas com a fragilidade de um homem deitado em veludo. Era imaginação, ou ela fora totalmente sua de todas as formas possíveis de alguém pertencer a outra pessoa? Ele podia jurar que, por aquele espaço de tempo, ela em nada pensara além dele, nada quisera além dele. E, no entanto, antes dos corpos esfriarem, ela fora tão prática, tão... tão desprovida de emoção.
Que diabo, não devia um homem sentir-se grato por isso — um homem que desejava o prazer e a companhia de uma mulher, sem todas as outras complicações? Ele se lembrava de outros relacionamentos em que um nítido conjunto de regras se mostrara inestimável, mas agora...
Lá embaixo, um casal andava pela calçada, os braços em torno dos ombros um do outro. Olhando-os, ele os imaginava rindo de algo que ninguém mais entendia. E pensou em sua declaração sobre os graus de intimidade. O instinto dizia-lhe que ele e Carla haviam partilhado uma intimidade tão profunda quanto qualquer casal poderia sentir. Não apenas a fusão dos corpos, mas um toque, uma torção, de pensamentos e necessidades absolutos. Se seus instintos lhe haviam dito uma coisa, porém, ela dissera-lhe outra. Em qual das duas acreditar?
Frustrante, ele tornou a pensar, e deu as costas à janela. Não negava que fora ao apartamento dela na noite passada com a ideia de seduzi-la e pôr fim à tensão entre eles. Mas tampouco negava que fora seduzido após cinco minutos a sós com ela. Não podia vê-la sem querer tocá-la. Não podia ouvi-la rir sem querer saborear a curva dos lábios dela. Agora que fizera amor com ela, não sabia se uma noite se passaria sem que a quisesse de novo.
Devia haver um termo para o que sentia. Arthur sempre se sentia mais à vontade quando podia rotular algo e arquivá-lo da maneira certa. O título mais eficiente, a categoria mais lógica. Como se dizia quando se pensava numa mulher quando se devia estar pensando em outra coisa? Que nome se dava a essa constante sensação de nervosismo?
Amor... A palavra insinuou-se nele, de um modo não inteiramente agradável. Deus do céu. Intranquilo, Arthur tornou a sentar-se e ficou olhando a parede em frente a ele. Estava apaixonado por ela. Muito simples — e muito aterrorizante. Queria estar com ela, fazê-la rir, fazê-la tremer de desejo. Queria ver aqueles olhos fulgirem de raiva e paixão. Queria passar noites calmas e noites bárbaras com ela. E estava certíssimo de que ia querer a mesma coisa vinte anos depois.
Desde a primeira vez em que descera os quatro lances de escada do apartamento dela, não pensava em outra mulher. O amor, se algum dia se poderia considerá-lo lógico, era a conclusão lógica. E ele estava preso. Pegando um cigarro, correu os dedos por ele. Não o acendeu, mas continuou a fitar a parede.
E agora?, perguntou-se. Estava apaixonado por uma mulher que se mostrara claríssima sobre o que pensava de compromissos e relacionamentos. Não queria nada com eles. Ele, ao contrário, acreditava em permanência, e até mesmo em romance e casamento — embora jamais pensasse em aplicar isso especificamente a si mesmo.
Agora era tudo diferente. Ele era um homem organizado demais, tanto externa como mentalmente, para não ver o casamento como resultado direto do amor. Com amor, queria-se estabilidade, votos, resignação. Ele queria Carla. Recostou-se na poltrona. E acreditava muito que sempre havia uma maneira de chegar ao que queria.
Se sequer mencionasse a palavra amor, ela sumiria num clarão. Mesmo que ele não se sentisse muito à vontade com isso ainda. Estratégia, disse a si mesmo. Tratava-se de uma questão de estratégia — ou pelo menos assim esperava. Simplesmente tinha de convencê-la de que era essencial para a sua vida que o relacionamento deles se destinava a quebrar seu conjunto de regras.
Ao que parecia, o jogo continuava — e ele ainda pretendia ganhar. Franzindo o cenho para a parede, começou a trabalhar no problema.
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Sobremesa de Carla
FanfictionUma chef refinada, mas viciada em junk food? Quanto mais Arthur Picoli conhece a extraordinária confeiteira Carla Diaz, mais fica intrigado e decidido a contratá-la. Arthur quer o melhor profissional do ramo, e Carla possui uma experiência excelente...