Capítulo 43

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Oiie,

Ele se declarou e agora? O que ela vai fazer??😂😂
E a montanha russa tá on.
Comentem muitoo, quero saber o que vcs estão achando.

Beijinhooos💋
Rafa🦋
@ConduruRafa
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Ela o olhou, o sorriso esmaecendo-se lentamente. Não reconhecia o que se passava com ele. Não parecia ser qualquer sensação, mas uma cornucópia de medos, excitação, descrença e anseios. Curiosamente, nenhum dos dois parecia dominante a princípio, mas tão misturados e confusos que ela tentava grudar-se a um deles e agarrar-se a ele. Sem saber o que mais fazer, baixou a taça e ficou olhando o líquido que reverberava dentro.

— Isso não foi uma ameaça. — Ele tomou a mão dela e segurou-a até ela tornar a olhá-lo. — Não vejo como isso pode surpreendê-la tanto.

Mas surpreendera. Ela esperava afeto. Era uma coisa com a qual podia lidar. Compreendia o respeito. Mas amor — uma palavra tão frágil. Tão facilmente quebrável. E uma coisa dentro dela implorava que essa palavra fosse arrancada dele, acarinhada, protegida. Carla lutava contra isso.

— Arthur, eu não tenho de ouvir esse tipo de coisas como as outras mulheres. Por favor...

— Talvez não. — Ele não começara como pretendia, mas agora que o fizera, ia acabar. — Mas eu preciso dizer. Já venho precisando há muito tempo.

Ela puxou a mão da dele e tornou a pegar a taça, nervosa.

— Eu sempre achei que as palavras são as primeiras coisas a prejudicar um relacionamento.

— Quando não são ditas — ele respondeu. — É a falta de palavras, de sentidos, que prejudica um relacionamento.

— Estas não são palavras que eu use casualmente.

— Não. — Ela não acreditava. Talvez a crença fortalecesse o medo. O amor, quando dado, exigia alguma espécie de retribuição. Ela não estava pronta, tinha certeza de que não estava. — Acho melhor, se quisermos deixar tudo como está, que nós...

— Eu não quero nada como está — ele interrompeu. Preferia ter-se irritado a sentir o pânico que se insinuava. Esperou um instante, tentando aliviar os dois sentimentos. — Quero que você se case comigo.

— Não. — O pânico desabrochou por completo. Ela se levantou rápido, como se quisesse apagar as palavras, restaurar a distância. — Não, é impossível.

— É muito possível. — Ele também se levantou, não querendo que ela se afastasse. — Quero que você partilhe minha vida, meu nome. Quero ter filhos com você e partilhar todos os anos que a gente leva para vê-los crescer.

— Pare.

Ela ergueu a mão, desesperada por deter as palavras, que a comoviam, e sabia que seria fácil demais dizer sim e cometer esse último erro.

— Por quê? — Antes que ela pudesse impedir, ele tomara-lhe o rosto entre as mãos. O toque era delicado, embora houvesse aço por baixo. — Por que tem medo de admitir que é uma coisa que também deseja?

— Não, não é uma coisa que eu desejo, não é uma coisa em que acredito. O casamento... é uma licença que custa alguns dólares. Um pedaço de papel. Por mais alguns milhares de dólares, a gente obtém uma certidão de divórcio. Outro pedaço de papel.

Ele sentia-a tremendo e maldisse a si mesmo por não saber como se fazer entender.

— Você sabe que não é isso. O casamento são duas pessoas que fazem promessas uma à outra e se esforçam para mantê-las. O divórcio é a desistência.

— Não estou interessada em promessas. — Desesperada, ela empurrou as mãos dele do rosto e recuou. — Não quero que me faça nenhuma, nem farei nenhuma. Estou feliz com minha vida exatamente como está. Tenho de pensar em minha carreira.

— Isso não basta para você, e nós dois sabemos. Você não pode me dizer que não sente nada por mim. Eu vejo. Toda vez que estou com você, aparece em seus olhos, cada vez mais. — Não estava lidando bem com a situação, mas não via outro rumo senão seguir em frente. Quanto mais perto chegava, mais ela se afastava. — Droga, Carla, eu esperei demais. Se meu senso de tempo não é tão perfeito quanto eu queria, nada se pode fazer.

— Tempo? — Ela passou a mão pelos cabelos. — De que está falando? Esperou? — Baixando as mãos, pôs-se a andar de um lado para outro. — Era esse um de seus planos a longo prazo, tudo bem pensado e arrumadinho, meticulosamente delineado? Oh, eu entendo. — Exalou um trêmulo suspiro e voltou-se rápido para ele. — Você ficou sentado no escritório repassando sua estratégia ponto por ponto? Foi essa a preparação, a busca de falhas, o seguimento?

— Não seja ridícula...

— Ridícula! — ela atirou de volta. — Não, acho que não. Você joga bem: desarma, confunde, encanta, apoia. Paciência, você tem um bocado. Esperou até achar que eu me encontrava no ponto mais vulnerável? — Respirava forte, e as palavras se atropelavam. — Me deixe dizer uma coisa, Arthur, eu não sou uma cadeia de hotéis que você adquire esperando o preço de mercado amadurecer.

De uma maneira enviesada, era de uma precisão mortal. E a precisão o punha na defensiva.

— Droga, Carla, eu quero me casar com você, não adquirir você.

— As palavras em geral são as mesmas, no meu modo de pensar. Seu plano está um pouco fora de esquadro desta vez, Arthur. Nada feito. Agora quero que me deixe em paz.

— Nós temos muitas coisas para discutir.

— Não, não temos nada a discutir, não sobre isso. Eu trabalho para você, enquanto durar o contrato. Só isso.

— Ao diabo com o contrato. — Ele a pegou pelos ombros e deu-lhe uma sacudida, de frustração. — E ao diabo com você por ser tão teimosa. Eu amo você. Isso não é uma coisa que você empurre para o lado como se não existisse.

Para surpresa dos dois, os olhos dela lacrimejaram de repente, de uma forma pungente.

— Me deixe em paz — ela conseguiu dizer, quando as primeiras lágrimas escorreram. — Me deixe completamente só.

O choro o fez desmoronar como o mau gênio jamais conseguira.

— Não posso fazer isso. — Mas soltou-a, quando queria segurá-la. — Vou lhe dar um tempo, talvez nós dois precisemos de tempo, mas teremos de voltar a isso.

— Simplesmente vá embora. — Ela jamais se permitia chorar diante de ninguém. Embora tentasse segurar as lágrimas, outras rolaram logo. — Vá embora.

Ao repetir isso, deu-lhe as costas, segurando-se até ouvir o estalido da porta.

Olhou para trás, e embora ele houvesse partido, estava em toda parte. Desabando no sofá, ela deixou-se chorar e desejou estar em outro lugar.

Sobremesa de CarlaOnde histórias criam vida. Descubra agora