Capítulo 32

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Os olhos dela viraram fendas.

— Você é atrevido.

— Agora que equacionamos o primeiro problema, é hora de passar para o segundo. Podemos jantar.

— Você equacionou o primeiro problema — ela respondeu. — Eu não equaciono nada com essa facilidade. Jante com sua conta bancária. É o que você entende.

Ele se levantou e aproximou-se sem pressa.

— Nós concordamos que, quando estamos fora daqui, não somos parceiros comerciais.

— Não estamos fora daqui. — Ela ainda empinava o queixo. — Eu estou em seu escritório, aonde fui intimada a vir.

— Não vai estar hoje à noite.

— Eu vou estar onde quiser hoje à noite.

— Então, hoje à noite — ele continuou, tranquilo — não seremos parceiros comerciais. Não foram essas as suas regras?

Pessoal e profissional, com aquela linha tangível de demarcação. Sim, era assim que ela queria, mas não era tão fácil fazer a separação como pensara.

— Talvez esta noite — disse com um dar de ombros — eu esteja ocupada.

Arthur olhou o relógio.

— Já é quase meio-dia. Podemos considerar que é hora do almoço. — Tornou a olhar para ela, com um meio sorriso. — Na hora do almoço, não há negócios entre nós, Carla. E hoje à noite eu quero estar com você. — Com os lábios, tocou-lhe o canto da boca, depois o outro. — Quero passar longas... — enviesou os lábios sobre os dela — horas privadas com você.

Ela esperava isso também, por que fingir que não? Jamais acreditara em fingimentos, só em defesas. De qualquer modo, já decidira cuidar de Marcos e da cozinha à sua maneira. Juntando as mãos na nuca dele, retribuiu-lhe o sorriso.

— Então estaremos juntos hoje à noite. Você traz o champanhe?

Estava amolecendo, mas não cedendo. Arthur achava isso infinitamente mais excitante que a submissão.

— Isso tem um preço?

— Quero que você faça por mim uma coisa que não fez antes.

Virou a cabeça e tocou os lábios com a ponta da língua.

— O quê?

— Cozinhe para mim.

A surpresa iluminou os olhos dela antes da risada explodir.

— Cozinhar para você? Bem, é um pedido bastante diferente do que eu esperava.

— Depois do jantar talvez eu faça outros.

— Quer dizer que você quer que Carla Diaz faça o jantar para você. — Ela pensou no assunto enquanto se afastava. — Talvez eu cozinhe, embora essas coisas em geral custem muito mais que uma garrafa de champanhe. Uma vez em Fortaleza preparei um jantar para um homem do petróleo e a nova noiva dele. Fui paga com ações. De grandes empresas.

Arthur pegou a mão dela e levou-a aos lábios.

— Eu lhe comprei uma pizza. De pepperoni.

— É verdade. Oito horas então. E eu o aconselho a comer coisa leve no almoço. — Ela estendeu a mão para a maçaneta da porta e olhou para trás com um sorriso. — Gosta de Cervelles Brulées?

— Talvez, se eu soubesse o que é.

Ainda sorrindo, ela abriu a porta.

— Miolo de bezerro assado. Au revoir.

Arthur ficou olhando a porta. Desta vez ela sem dúvida tivera a última palavra.

Sobremesa de CarlaOnde histórias criam vida. Descubra agora