Capítulo 48

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Oiiie,

Gente esse é o nosso penúltimo capítulo.
Mais tarde eu volto com o final.

Comentem bastante!

Beijinhooos💋
Rafa🦋
@ConduruRafa
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Quando abriu a porta, Mara não podia ficar mais satisfeita com a filha. O simples vestido de macia seda jade, apertado e sutilmente sexy, tornava muito romântica a sua leve palidez.

Chérie, que bom que você não me decepcionou.

— Não posso demorar muito, mãe. Preciso dormir um pouco. — Estendeu uma caixa amarrada com fitas cor-de-rosa. — Mas eu queria lhe trazer um presente de casamento.

— Que doçura. — Mara roçou os lábios pela face da filha. — E eu tenho uma coisa para você. Espero que guarde sempre como um tesouro.

Saindo da frente, puxou Carla para dentro.

Assim, não, pensou Carla em desespero quando o primeiro choque da visão de Arthur ondulou por seu corpo. Quisera estar preparada, descansada, confiante. Não queria vê-lo ali, então. E os pais dele — uma olhada à mulher ao lado de Arthur e soube que era a esposa de J.P. Nada mais fazia sentido — o tipo de sentido de Mara.

— Seu jogo não tem graça, mãe — ela murmurou em francês.

— Pelo contrário, talvez seja a coisa mais importante que já fiz. J.P. — disse num tom alegre —, já conhece minha filha, oui?

— Na verdade, sim. — Com um sorriso, ele entregou a Carla uma taça de champanhe. — É um prazer tornar a vê-la.

— E a mãe de Arthur — continuou Mara. — Beatriz, posso lhe apresentar minha única filha, Carla?

— Muito prazer em conhecê-la. — Beatriz tomou a mão de Carla com simpatia. Não era cega e vira o olhar desorientado que passara entre ela e seu filho. Houvera surpresa, anseio e incerteza. Se Mara montara o palco para isso, Beatriz ia fazer o melhor possível para ajudar. — Acabei de saber que você é uma chef e é responsável pelo novo menu que apresentaremos amanhã.

— É. — Carla procurou alguma coisa para dizer. — Gostou da viagem de barco? Taiti, não foi?

— Nós nos divertimos muito, embora J.P. tenda a se tornar o Capitão Bligh se a gente não ficar de olho nele.

— Capitão Bligh?

— É. A personagem tirânica do filme O grande motim, que foi interpretado na primeira versão por Charles Laughton e na segunda por Marlon Brando.

— Mas que bobagem. — Ele passou o braço pelos ombros da esposa. — Esta é a única mulher a quem um dia confiarei o leme de um dos meus barcos.

Os dois se adoram, percebeu Carla, e descobriu que isso a surpreendia. O casamento deles se aproximava do quadragésimo ano, e era óbvio que não deixara de enfrentar tempestades... mas era claro que os dois adoravam um ao outro.

— É um tanto bonito, não é, quando marido e mulher partilham de único interesse e são... duas pessoas independentes? — Mara deu-lhes um radiante sorriso e olhou para Arthur. — Vocês não concordam que essas coisas mantêm um homem e uma mulher juntos, mesmo quando eles têm de enfrentar tempos difíceis e mal-entendidos?

— Eu concordo. — Ele olhou direto para Carla. — É uma questão de amor, respeito, e talvez... otimismo.

— Otimismo! — Mara visivelmente achava a palavra perfeita. — É, é parecido. Eu, claro, sou sempre... talvez demais. Tive quatro maridos, visivelmente otimista demais. — Deu uma risada de si mesma. — Mas também, creio que sempre procurei primeiro, e talvez apenas, romance. Você diria, Beatriz, que é um milagre não buscar além disso?

— Nós todos procuramos romance, amor, paixão. — Ela tocou de leve o braço do marido, num gesto tão natural que nenhum dos dois notou. — Depois, claro, respeito. Creio que eu teria de acrescentar duas coisas. — Olhou para J.P. — Tolerância e tenacidade. O casamento precisa disso tudo.

Ela sabia. Quando J.P. viu a expressão nos olhos da mulher, percebeu que ela sempre soubera. Durante vinte anos, soubera, sim.

— Excelente. — Um tanto satisfeita consigo mesma, Mara pôs seu presente na mesa. — É a hora perfeita para abrir os presentes que celebram meu casamento. Dessa vez pretendo pôr tudo isso nele.

Carla queria ir embora. Disse a si mesma que era apenas uma questão de dar as costas e sair. Mas ficou ali plantada, os olhos travados nos de Arthur.

— Oh, mas é bonito. Com toda reverência, Mara ergueu o minúsculo carrossel feito à mão do leito de papel. Os cavalos eram de marfim, com as bordas em ouro; cada um perfeito, cada um único. Girando-se a base, tocava um romântico Prelúdio de Chopin. — Mas querida, que coisa mais perfeita. Um carrossel para celebrar um casamento. Os cavalos deviam chamar-se romance, amor, tenacidade, e assim por diante. Vou guardá-lo como um tesouro.

— Eu... — Carla olhou para a mãe, e de repente nenhum dos aspectos práticos, nenhum dos erros importava. — Seja feliz, ma mére.

Mara tocou o rosto dela com a ponta do dedo, depois a roçou com os lábios.

— E você também, mignone.

J.P. curvou-se para sussurrar no ouvido da esposa.

— Você sabe de tudo, não sabe?

Sorrindo, ela ergueu a taça.

— Claro — respondeu baixinho. — Você jamais conseguiu esconder segredos de mim.

— Mas...

— Eu sabia então e odiei você durante quase um dia todo. Lembra de quem foi a culpa? Eu não lembro mais.

— Deus do céu, Bea, se você soubesse como eu me sentia culpado. Esta noite eu quase sufoquei com...

— Ótimo — ela disse simplesmente. — Agora, seu velho tolo, vamos sair daqui para que essas crianças acertem tudo. Mara... — Ela estendeu a mão, e quando as mãos se encontraram, transmitiram entre as duas tudo o que jamais se diriam. — Obrigada por uma noite adorável, e meus melhores votos de felicidade para você e seu marido.

— E os meus para vocês. — Com um sorriso que lembrava o passado, Mara estendeu a mão para J.P. — Au revoir, mon ami.

Ele aceitou o abraço, sentindo-se como um homem que acabara de receber anistia. Não queria mais nada além de subir para sua suíte e mostrar à esposa o quanto a amava.

— Talvez almocemos juntos amanhã — disse meio aleatoriamente a todos na sala. — Boa noite.

Mara pôs-se a dar risadinhas quando a porta se fechou atrás deles.

— Amor — disse. — Isso sempre vai me fazer rir. Assim... — Bruscamente, começou a embrulhar o presente e guardá-lo na caixa. — Estão com minhas malas lá embaixo, e meu avião parte dentro de uma hora.

— Uma hora? — começou Carla. — Mas...

— Já fiz o que tinha de fazer. — Enfiando a caixa embaixo do braço, Mara ergueu-se nas pontas dos pés para beijar Arthur. — Você teve a boa sorte de ter pais excelentes. — Depois beijou a filha. — E você também, meu docinho, embora não servissem para continuar sendo marido e mulher. A suíte está paga pela noite toda, o champanhe continua gelado. — Parando na porta, olhou para trás. — Bon appétit, mes enfants.

E considerou esta uma de suas mais belas saídas.

Sobremesa de CarlaOnde histórias criam vida. Descubra agora