— Ah, presentes.
Sorrindo, ela aceitou a caixa.
— Você disse que tinha um fraco por eles.
Arthur viu o sorriso com que ela abriu a caixinha.
Dentro havia diamantes — elegantes, até mesmo delicados, na forma de um fino bracelete, brancos e nobres contra o fundo de veludo negro.
Não eram muitas às vezes em que ela se sentia arrasada. Agora se via lutando em meio a ondas de pasmo.
— O jantar é simples demais para um símbolo desses — conseguiu dizer. — Se eu soubesse, teria preparado algo espetacular.
— Eu não diria que a arte algum dia é simples.
— Talvez não, mas... — Ela ergueu o olhar, dizendo a si mesma que não devia deixar-se comover com essas coisas. Eram apenas belas pedras, mas seu coração transbordava. Lindo, perfeito. Acho que você me levou muito a sério quando falei em pagamentos e presentes. Não fiz isto esta noite por nenhum outro motivo além de querer fazer.
— Isso me fez lembrar de você — ele disse, como se ela não houvesse falado. — Vê como são frias e altivas as pedras? Mas... — Tirou o bracelete da caixa. — Se olhar de perto, se o expuser à luz, vai ver calor, e até mesmo fogo.
Enquanto falava, o bracelete pendia de seus dedos, de modo que captasse as chamas das velas e reluzisse com elas. No momento, era o mesmo que estar vivo.
— Tantas dimensões, de todo ângulo se vê uma coisa diferente. Uma pedra forte, e mais elegante que qualquer outra. — Pondo o bracelete no pulso de Carla, ele fechou-o. Ergueu o olhar e travou no dela. — Não fiz isto esta noite por nenhum outro motivo além de querer fazer.
Ela ficara sem fôlego, vulnerável. Seria assim toda vez que ele a olhasse?
— Você começa a me preocupar — sussurrou.
Esta única declaração em voz baixa deixou-o quase fora de controle. Ele se levantou, puxou-a para pô-la de pé e esmagou-a contra si antes que ela concordasse ou protestasse.
Sua boca não teve paciência desta vez. Parecia haver uma desesperada necessidade de pressa, tirar tudo, tomar tudo. Uma fome que nada tinha a ver com o jantar ainda inacabado percorreu-o todo. Ela era todo desejo, e todo resposta. Abafando um palavrão, ele puxou-a para o chão.
Era um vendaval. Ela jamais estivera ali, encurralada, eufórica. Eufórica com a rapidez, tremendo com a força, Carla movia-se com ele. Não houve paciência com as roupas desta vez. Viram-se puxados, empurrados e jogados de lado, até a carne encontrar a carne. Quente e ávido, o corpo dela arqueava-se contra o dele. Ela queria o vento e a fúria que só ele lhe podia trazer.
Quando as mãos dele a percorreram, ela se deliciou com a firmeza delas, a força de cada dedo individualmente. Suas próprias demandas grassavam de forma igual. Ela corria a boca pelo pescoço dele abaixo, mordiscando, a língua dardejando. Cada respirada instável dizia-lhe que ela o impelia do mesmo modo que ele a impelia. Havia prazer naquilo, descobriu. Dar paixão e recebê-la de volta. Embora tivesse a mente turvada, soube o instante em que o controle dele se partiu.
Ele foi rude, mas ela se deliciou com isso. Levara-o além do civilizado apenas por existir. Arthur tinha a boca em toda parte, saboreando, numa louca jornada dos lábios aos seios — demorando-se — e depois mais embaixo, ainda mais devagar, até ela prender a respiração de pasma excitação.
O mundo perdeu a cor, o piso, as paredes, o teto, depois o céu e o próprio chão. Ela já transcendera tudo isso, no mesmo túnel em espiral onde só os sentidos dominavam. Seu corpo não tinha limites, nem ela controle. Gemia, lutava por um momento para recuar, mas o primeiro pico a arrebatara, jogando-a às cegas. Até a ilusão de razão se despedaçara.
Ele a queria assim. Uma parte escura e primitiva precisava saber que podia levá-la àquela pulsação, àquele mundo que não ligava para as sensações. Ela tremia embaixo dele, arquejando, mas ele continuou a impeli-la repetidas vezes, apenas com as mãos e a boca. Via o rosto dela à luz das velas — aqueles adejos de paixão, de prazer, de necessidade. Estava úmida e quente. E ele ganancioso.
A pele dele pulsava onde a tocava. Quando tocou com a boca a curva sensível onde as coxas encontram o quadril, ela arqueou-se e gemeu o seu nome. O som disso o rasgou, martelando no sangue muito depois de fazer-se silêncio.
— Diga que me quer — ele exigiu, subindo pelo corpo dela de novo. — E só a mim.
— Eu quero você. — Ela não pensava em nada. Dar-lhe-ia qualquer coisa. — Só você.
Juntaram-se numa violência que prosseguiu infinitamente, depois se despedaçaram numa cristalina satisfação.
Ela ficou deitada embaixo dele, sabendo que jamais reuniria forças para mexer-se. Mal tinha força para respirar. Isso não parecia importar. Pela primeira vez, notou que o chão embaixo era duro, mas isso não a inspirou a mudar para uma posição mais confortável. Com um suspiro, fechou os olhos. Sem muito esforço, podia dormir exatamente onde estava.
Arthur mexeu-se, apenas para levantar-se e tomar o seu peso nos próprios braços. Ela de repente parecia tão frágil, tão completamente indefesa. Ele não fora delicado, mas durante o amor ela parecera tão forte, tão fogosa.
Entregou-se ao prazer de olhá-la meio adormecida, sem nada mais no corpo que os diamantes no pulso. Olhando-a, viu os olhos abrirem-se para ele, como os de um gato, sob as pálpebras meio cerradas. Ele sorriu e beijou-os.
— O que tem de sobremesa?
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Sobremesa de Carla
FanficUma chef refinada, mas viciada em junk food? Quanto mais Arthur Picoli conhece a extraordinária confeiteira Carla Diaz, mais fica intrigado e decidido a contratá-la. Arthur quer o melhor profissional do ramo, e Carla possui uma experiência excelente...