Mal da Sonserina

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Poppy estaria tão orgulhosa do meu sono agora. Seja por uma super compensação da minha negligencia ou simplesmente preguiça, acordei tarde no dia seguinte também. O dormitório já estava vazio naquela manhã de sexta-feira e apenas Sue tinha ficado para trás, trançando seus cabelos em duas filas e encontrando meus olhos através do espelho de seu banheiro. Sua expressão passou rápido entre surpresa e culpa antes que sorrisse de um jeito quase nervoso.

— Desculpe, Mal — pediu, os dedos ágeis e já acostumados com o movimento nem prestando atenção nas ultimas torções de cabelo. — Não te acordei, não é?

— Não — e terminando de me levantar, deixei meus pés quentes pelas cobertas tocarem o chão de pedra fria. — Onde estão as outras?

— Oh, já foram — e dando as costas ao seu reflexo, se juntou a mim no quarto. — Não é tão tarde, mas fiquei para trás para dar um jeito no meu cabelo. Ele acordou imprestável hoje.

— Eu tenho certeza que sim, Sue, depois que Theodoro fez sabe-se lá o que com ele ontem a noite — meu comentário cantado quase fez a garota pular, um delicioso tom de vermelho subindo pelo seu rosto.

— Mal! Não, não é nada disso! Já não basta a Pam...! — A voz afinou no final, me arrancando uma risada alta e solta.

— Você tem que melhorar tanto para chegar perto de pelo menos não se entregar de cara, Hopkins, mas eu te perdoo — para seu rosto mortificado, apenas sorri e deslizei para o banheiro depois de uma rápida parada no meu baú. Minha única calça estava lavando, então apenas peguei a saia do uniforme, já que era a alternativa. Deixando a blusa regata de lado, me sentindo exposta demais de saia e sem a capa do uniforme, escolhi minha maior blusa (ao menos cinco números acima do meu) e me senti melhor depois do banho. Para minha surpresa, porém, eu não estava sozinha quando abri a porta do meu banheiro.

— Pensei que você poderia precisar ajuda com seu cabelo — Sue murmurou, sentada bem na beirada da minha cama, como se não tivesse certeza sobre ficar tão à vontade no meu território. Arqueei uma sobrancelha, reconhecendo a desculpa no momento em que saiu de seus lábios, mas deixei que as coisas seguissem, me sentando na sua frente. — Não tenho a escova mágica da Pansy, mas vai funcionar.

— Ponho minha esperança de ainda tomar café da manhã nisso — foi toda minha resposta, esperando com paciência enquanto seus dedos começavam a passar pelo meu cabelo, tirando os nós maiores antes de qualquer coisa. Ficamos em silêncio nos primeiros minutos, meus olhos as vezes se fechando, as vezes se perdendo nas águas claros do lago pela manhã.

— Theo me convidou para o sabbat do Solstício de Verão que os Parkinson vão celebrar — ela sussurrou atrás de mim, finalmente, incerta e hesitante enquanto começava a passar a escova. — Ele disse que quer me apresentar pra família dele — a simples palavra a colocou sem fôlego e então Hopkins soltou uma risadinha estranha e curta. — São só palavras agora, eu sei. Não estou acreditando até ter o convite nas minhas mãos, mas...

— Porque você precisaria de um convite de Nott? — Foi um esforço não inclinar a cabeça e manter meu pescoço parado. — Se é a família de Pansy que está dando a festa, peça para ela te convidar.

— E ela faria isso, Mal? Mesmo? — A descrença e quase desdém em sua voz me pegaram de surpresa. — Aqui na escola posso fingir que sou como vocês. Vestimos as mesmas roupas e comemos a mesma comida e temos a mesma rotina, mas fora daqui? Minha família não dá bailes para centenas de pessoas, um dos eventos mais populares do ano, com toda a imprensa falando sobre — suas mãos pararam por um instante, a tensão dos seus ombros chegando até mim. — Caramba, tudo que meus pais tem para mim nestas férias é uma viagem pelo interior para pesquisar sobre o livro deles e, então, ficar na fazenda da minha avó como todos os anos.

Corona IIOnde histórias criam vida. Descubra agora