A segunda foto que tirei no dia foi de Neville, orgulhoso e radiante, ainda segurando o graveto que lhe dei. Ele ficou um pouco constrangido, mas ainda estava feliz demais para que isso entrasse em seu caminho. E quando o som de meio dia chegou até nós do alto, ecoando de forma mágica por todo o castelo, fomos juntos em direção ao Grande Salão. Eu esperava encontrar meus colegas de casa e dar as explicações que com certeza estavam ávidos para receber sobre o motivo de ter sido convocada por McGonagall e então sumir pelo resto da manhã, mas fui encontrada primeiro.
— Olhe só quem desgrudou dos amiguinhos de sangue-frio! — Ronald se fez notar, dobrando o corredor ladeado de Granger e Potter, ambos sorrindo na minha direção. Até mesmo o primeiro, com os olhos azuis brilhando em cima das sardas pontilhadas em seu nariz comprido.
— Que doce, Weasley, sentiu minha falta? — devolvi, fazendo os outros dois darem risadinha.
— Eu senti — Hermione não perdeu tempo ou se sentiu tímida ao vir para o meu lado, um sorriso largo no rosto de dentes grades. — Eu não converso com você desde o banquete, não que aquilo possa ser chamado de conversa, e juro que esses dois não tem nada de interessante para contar!
— Com licença?! — O rosto de Rony estava ofendidíssimo, mas sua voz estava aguda demais para soar séria. — Tudo que você mais queria saber eram sobre as matérias que foram dadas!
— E demos para você tudo que tínhamos! — Potter apoiou o amigo, uma carranca em direção a Mione, que encolheu os ombros de forma quase inocente, virando e piscando os olhos castanhos para mim.
— Os resumos deles são um horror, Mal! Peço que me prove que nem todos meus melhores amigos são displicentes com sua própria educação! Ah, oi, Neville!
Um pouco constrangido por ter sido deixado de lado por um momento, Longbottom acenou e cumprimentou a todos, mas não ficou por perto. Me agradecendo uma última vez e chegando até a tremer com a vontade de me dar um abraço, mandei-o emboca com um aperto em seu ombro e fui para a mesa da Grifinória, meio escoltada e meio guiada pelos meus leões, intimada a almoçar com eles. Tenho que admitir que não foi nem de longe nenhum sacrifício. Apesar de ter acenado e esperado que Daphne entendesse minhas desculpas do outro lado do salão quando a corte apareceu, também fazia tempo demais em que eu não me sentava na mesa vermelha e dourada.
Foi como voltar para o primeiro ano. Ou pelo menos, uns seis meses neste. Com Ronald e Harry lado a lado, de frente para mim e Hermione. Cumprimentei de relance todos meus conhecidos da Casa (Gina, os gêmeos, Percy, Lino), mas nenhum deles avançou para se infiltrar em nosso pequeno grupo. Nem mesmo Fred, que parecia ter quase tomado o passo final para pular para o meu lado no banco, mas quando percebeu que era Granger que me fazia companhia, apenas me piscou o olho e voltou a conversar com o irmão. Eu o agradeci profundamente por isso pois a última vez que eu tinha tido algum tempo com Hermione Granger havia sido no dia em que ela fora atacada.
E tínhamos muito o que conversar.
De mente objetiva e metódica, minha amiga teve a delicadeza de buscar as informações que queria de forma cronológica. Queria saber tudo que havia acontecido do momento em que "não estava mais por perto" em diante. E apesar de com certeza (pelos suspiros e olhares demorados dos garotos) ela ter tirado tudo que conseguia daqueles dois, de vários ângulos diferentes, agora era a minha vez de ser espremida. Levei tudo com o maior bom humor, porém, temperando minha narrativa com deliciosos pedaços de pernil, deixando que a leoa ouvisse, processasse e ralhasse comigo nos momentos certos. O primeiro não demorou quase nada.
— Onde já se viu, Mal?! — Seu tom se elevou, autoritário e sério, o rosto em uma carranca. — Explodir as janelas de um andar inteiro desse jeito?! E se você se machucasse? E se houvesse alguém perdido por aí, com azar o bastante para estar lá naquela hora e fosse acertado? Isso foi muito irresponsável! E eu nem vou falar de você ter quebrado as portas da biblioteca, sinceramente!

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Corona II
FanfictionAlvo Dumbledore havia dito que algumas perguntas devem permanecer sem respostas e, na opinião de Malorie Lewis, ele estava certíssimo. Depois de ajudar a salvar a Pedra Filosofal de Lorde Voldemort (e de ter seu próprio confronto com o bruxo malign...