Errônea

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Fiquei na biblioteca com Cedrico até dar a horário do café da manhã. Ele ainda ficaria um pouco mais, porém eu não tinha que estudar para nenhuma prova decisiva. Então quando terminei de revisar minhas matérias de Feitiços, me despedi. Não demorei muito a me arrepender da decisão, já que assim que entrei no Grande Salão senti os olhares na minha pele. Não eram da mesa dos leões, eles não teriam como saber que eu passei a noite na ala hospitalar. Era de gente mais preocupada em me odiar por ter tido a audácia de não esperar que fossem me visitar.

Pensei, por um momento, eu pular o café da manhã e voltar a me refugiar em um canto qualquer. Ainda não havia ido visitar Hagrid e lá eu conseguiria pelo menos uma generosa dose de chá para forrar o estomago até o almoço. Porém, quase no mesmo instante que a sugestão me apareceu, senti novo. Não de Rúbeo, mas de fugir. De que eu estava com medo? Eram apenas crianças mimadas, irritadas por eu ter as contrariado mais uma vez. Nenhuma novidade e com certeza nada que eu não pudesse lidar. Caras torcidas, olhos afiados e palavras miradas – como se já não tivesse passado por muito pior.

— Eu que não devia ser nada demais — Sue foi a primeira a falar assim que me sentei na mesa. Levei meus olhos para ela, um sorriso leve no rosto, enquanto a mesma se virava para Daphne. — Snape teria dito se fosse, e ela com certeza não teria corrido da enfermaria antes mesmo do sol nascer.

— Vocês foram me ver com o sol nascendo? Que gracinha — a cara deles, ao contrário, não era. Me concentrei em duas, nas piores. Greengrass e Parkinson não pareciam nada felizes. Apesar disso, olhei para Malfoy. Seu rosto duro e os olhos de aço frio, suas emoções latejavam demais. — Não era minha intenção causar alguma desfeita ou desencontro, mas acordei cedo e não quis gastar a manhã na cama. Cheguei a ir para o dormitório me trocar, não me culpem por dormirem pesado.

— Você também dormiria se tivesse ficado rolando de preocupação na cama até muito depois da meia noite — Daphne não tinha vergonha de admitir sua preocupação comigo, nunca teve. Sempre teve muita consideração por mim, uma coisa genuína que me fazia sentir um gosto amargo ao imaginar que a manchei. — Ficamos todos preocupados, Mal. Você não parecia bem nas aulas da tarde, mas quando ia te perguntar, olhei para o lado e tinha sumido.

— Depois Snape apareceu com sua mochila — Blás entrou na conversa, seus olhos escuros fincados no meu rosto. Procurava qualquer sombra da garota pálida da tarde do dia anterior, mas já não estava mais ali. — E disse que você passaria a noite na ala hospitalar.

— Não deixou que fossemos para lá na hora — Parkinson tinha um quê de irritação palpável na voz. Se por ter perdido tempo com sua preocupação ou por tido que aguentar Daphy girando na cama ao lado metade da noite, não sabia. — Disse que você não receberia visitas, pelo menos, até o dia seguinte.

— Eu aprecio a preocupação de vocês — e estava sendo honesta. Com a boca torcida de Pansy, os ombros tensos de Daphy e a voz quase magoada de Sue, seria mentira se dissesse que permaneci alheia. Ainda havia Blásio e seus olhos quentes, derramando preocupação em cima de mim. E Malfoy, recuado até o limite dentro de si. — Mas, vejam, eu estou muito bem. Foi apenas uma coisa rápida e Pomfrey resolveu na mesma hora, mas sabem como ela é, fiquei a noite de observação.

— Nunca vi você ter sequer um resfriado — a voz, do jeito que saiu, desarmou alguma de minhas defesas. Era muito diferente da arrastada e estridente do pátio no dia anterior, não havia desprezo em cada letra e nem raiva em sua respiração. Era uma pena que a usasse tão pouco. — Seja uma tosse ou dor de cabeça, com certeza nada disso nunca tinha te lavado para a enfermaria, então o que houve de repente?

— Fico lisonjeada por ter prestado tanta atenção em mim, pequeno lorde, fico mesmo — a arrogância brincava na ponta dos meus lábios e a deixei ali quando a prata se afiou. — Mas não há com o que se preocupar. Já passou, seja o que for. E posso garantir que já tive algumas dores de cabeça.

Corona IIOnde histórias criam vida. Descubra agora