Eu achava que a festa do ano anterior havia sido lendária. Eu achava que as celebrações que havia visto nos meus dois anos de Hogwarts haviam sido memoráveis. Mas nenhuma delas se comparou a aquilo. Para começar, a festa durou a noite inteira. Regada de uma comida que nunca acabava e de taças que nunca ficavam vazias (as da mesa dos professores, com certeza, se enchiam com mais do que uma variedade impressionante de sucos e chás gelados), os ânimos e energias estavam muito além do máximo. Todas as mesas estavam empolgadas, com alunos indo e voltando de uma e outra, conversando com seus amigos de outras Casas.
Do meu lado, porém, fiquei bastante sentada em um só lugar. Apesar de frequentemente lançar meu olhar através do salão, acenando e sorrindo para os leões que me queriam com eles, permaneci entre os meus como não me permitia fazia muito tempo. Faziam muitas semanas desde que me deixei apreciar o veneno doce de Pansy, ou rir com os galanteios exagerados e floridos de Blásio. Ah, Blás. Assim que eu e Draco descemos do banco, se materializou do meu lado e empurrou o garoto para longe, passando os braços ao redor da minha cintura e puxando meu corpo para o dele, sempre tomando muito cuidado para não agarrar nenhuma área exposta de cicatrizes.
— Sinceramente, Draco — ele ralhou, parecendo ofendidíssimo. — Se não fossemos tão amigos, eu levaria para o coração você ter tanta intimidade assim com a futura sra. Zabini.
A carranca de Malfoy, uma mistura exata de desdém e impaciência, foi recompensa o bastante pela brincadeira, e eu e ele rimos com o resultado de nosso engodo, meus lábios encontrando sua pele escura e macia, tão suave em seu rosto como eu sabia que seria em qualquer outro lugar. Meu imbatível noivo quase pareceu corar com isso, mas era seguro e bom demais para deixar qualquer emoção que não quisesse demonstrar aparecer, me lançando um sorriso que fez meu coração esquentar antes de me soltar, sempre inteligente em não abusar de sua sorte.
Ficamos todos juntos, outra vez. Eu estava agora entre Draco Malfoy e Blásio Zabini, cada um se recusando a deixar meu lado. À minha frente estava Sue Hopkins e Theodoro Nott, lado a lado. E com eles também Pansy Parkinson, quase de braços dados com Daphne Greengrass. Sua querida irmã, Astoria, estava do outro lado, perto de Blás, seu corpo inclinado e curvado sobre a mesa, ignorando o olhar de reprimenda da irmã mais velha com solenidade para poder me olhar no rosto e conversar comigo. Aliás, todos queriam conversar comigo e o assunto era apenas um: o que era verdade e o que era mentira sobre as centenas de milhares de coisas que se diziam por aí.
Sim, eu fui carregada por Potter em cima de um centauro, Astoria. Sim, eu estava desacordada. Não, ele não estava sem camisa. Sim, nós estivemos na Câmara Secreta. Não, eu não vou dizer onde ela era. Sim, era, pois a destruímos. Sim, o terremoto que acordou o castelo inteiro e o deixou com fissuras aqui e ali foi provavelmente causado por isso. Sim, o Monstro da Câmara havia sido morto – era um basilisco. Potter o matou. Sim, Nott, o Potter. Com a espadada de Godric Gryffindor que Fawkes, a fênix de Dumbledore, trouxe para nós dentro do Chapéu Seletor. Isso, Sue, uma fênix. Eu ajudei, claro, mas minha briga não era com Villant. Não, Parkinson, ninguém estava sem roupa, no máximo o que restava das minhas estava em péssimo estado, feliz? Havia mais perigos na Câmara do que sua criatura e foi com isso que me mantive ocupada, Malfoy. Não, Daphne, eu não vou explicar e fico feliz que ainda se lembre disso sobre mim.
Entre gracejos e muitas voltas e voltas, a noite seguiu. Oh, haviam muitas coisas a se fazer no futuro. Daphne. Draco. Os Malfoy, meus tios. Mas agarrei com tudo que eu tinha, mãos, garras e presas, naquele pedaço de tempo suspenso e ri de jogar a cabeça para trás, e provoquei a ponto de deixar os outros sem palavras e comi como se quisesse repor todas as semanas de refeições negligenciadas em uma. Houve muitos poucos momentos em que eu não estava com algo na boca, a maioria deles quando me arrastavam para o assunto da Câmara e do meu tempo na enfermaria, muitas perguntas sendo feitas também sobre minha saúde. Inclusive, eu estava me deliciando com um grande pedaço de pernil quando Justino Finch-Fletchley se arrastou até meu lado, a cabeça baixa e a voz quase se quebrando ao oferecer a mão na minha direção e dizer como sentia muito e esperava que eu o perdoasse por seu comportamento ao longo do ano.
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Corona II
Fiksi PenggemarAlvo Dumbledore havia dito que algumas perguntas devem permanecer sem respostas e, na opinião de Malorie Lewis, ele estava certíssimo. Depois de ajudar a salvar a Pedra Filosofal de Lorde Voldemort (e de ter seu próprio confronto com o bruxo malign...