POV: (S/N)
— (s/n)! — A voz de minha mãe soava mais irritada do que o de costume. — Já organizou sua mala?
— Sim, mãe. Tudo pronto, mãe. — Falei entediada pela milésima vez, enquanto me deitava na cama desarrumada e esticava as pernas na parede.
— Está de brincadeira, né?! — Sua voz esganiçada veio da cozinha. Onde ela provavelmente encontrou as quatro malas que havia preparado. — Você está indo para o exército e não para um desfile! — Abaixei a cabeça quando escutei seus passos pararem bruscamente na porta do meu quarto. — Reduza essa bagagem a apenas uma mala pequena e uma mochila. Ou você não vai a lugar algum!
Sua ameaça surtiu o efeito desejado.
Deslizei pela cama até o chão e engatinhei aos seus pés, agarrando suas panturrilhas.
— Manhêêê! — Implorei, mas ela franziu os lábios com desaprovação e saiu andando enquanto eu ainda estava agarrada em suas pernas, me fazendo chocar com o ombro no batente da porta. — Desalmada. — Resmunguei, mas endireitei o corpo e fui até a cozinha buscar a bagagem.
Ela não aprovava minha entrada no exército da princesa com sangue divino.
Para as Gerudos, não existia honra maior do que servir nossa própria rainha. Mas para a minha sorte, eu também era Zora, o que não fazia com que as outras guerreiras esperassem muito de mim.
Eu não tinha a altura imponente de minhas colegas e família, uma falha genética imagino, já que meus pais eram altos. Meus cabelos ondulados e turquesa, irritavam profundamente minha treinadora, que por coincidência também era minha tia. Mas sua aversão a minha aparência era esquecida quando ela me observava lutar. E voltava a todo o vapor à medida que eu envelhecia e, segunda ela, me tornava a cópia cuspida de sua irmã mais nova.
Ouvir a história escandalosa do amor de minha mãe era o meu passatempo preferido. Sempre me surpreendia quando minha avó contava como ela gritou para os quatro ventos que nunca iria se casar, e que seria uma solteirona pela eternidade, mas que ao visitar o Zora's Domain uma única vez, encontrou o homem de sua vida e viveu lá até que eu nascesse.
Não tenho lembranças do Reino das Águas, já que a tradição requeria que as jovens Gerudos ficassem confinadas nesse inferno de areia até atingirem a idade adequada para saírem a procura de um marido.
O que se dependesse de mim, não aconteceria tão cedo.
— Não tenho vocação para ser esposa. — Comentei um dia na sala de aula, chocando minhas amigas, que estavam ansiosas por suas próprias jornadas.
— Nenhuma de nós tem, bela. — A professora Ashai gargalhou da ideia. — Por isso temos nossas filhas e retornamos para o Paraíso Proibido.
Para mim soava muito trabalhoso viajar por toda Hyrule em busca de uma pessoa só para depois ter de criar uma filha sozinha.
Então, quando a princesa Zelda nos visitou ao lado de guerreiras incrivelmente poderosas, anunciando que precisaria de recrutas para seu novo exército, tive a certeza de que aquela seria a minha última chance de postergar minha caçada matrimonial.
E eu sabia que enquanto estivesse ocupada treinando, não teria capacidade mental para pensar em homem algum.
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🔴 OBSERVAÇÃO: As imagens utilizadas nas capas dos capítulos, estão disponíveis para download no Pinterest. E não possuem link direto para o criador da imagem, portanto não sei quem são os donos das ilustrações. Qualquer problema nesse sentido, me enviem uma mensagem aqui mesmo que removo a imagem imediatamente.
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Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)
FanfictionO herói, agora aliviado do peso da profecia e da morte das pessoas que amou, enfrenta um novo dilema. A paixão pela guerreira de cabelos perolados pode bagunçar a paz que ele já experimentava nos últimos meses vivendo ao seu lado. Ela estava com o c...