Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)

53 - CARMA

POV: (S/N)

Estava funcionando!

Ganon direcionava calamidade em todas as direções e quando percebeu que seria inútil lutar, tentou conjurar seu casulo novamente, mas aquele dragão púrpuro arrancou a estátua da fonte da praça e a arremessou na direção de Ganon, que precisou desintegrar a estátua, e acabou perdendo o foco.

Aeron era um dragão de água, como eu havia suspeitado, pela sensação de águas tranquilas que ele me dava. Porém seu ataque não era nem um pouco sereno, a cada jato de água Ganon cambaleava para trás ao absorver o impacto. A velocidade fazia da água tão letal quanto as estacas de gelo que Kayra dispara incessantemente, ainda com as coxas estrangulando o pescoço do príncipe Sidon, que lutava contra a horda de monstros como se sua esposa fosse uma extensão de seu próprio corpo.

Chegou a hora (s/n).

Olhei na direção em que Aeron olhava e pedi que ele fosse até lá. Link estendeu os braços e pulei das costas de Aeron com facilidade e me permiti afundar no calor da pele de Link. Cheiro de mil florestas. Força monstruosa. O herói da lenda. Meu homem.

— Ele é todo de vocês. — Olhei do Link, que segurava o tridente, cujo brilho o distinguia do gêmeo em minhas costas, para a Zelda, e fiz um gesto como se abrindo caminho para que ela passasse. — Ao seu comando, princesa, capitão.

Ela acenou com a cabeça e icei meu corpo de volta para as costas de Aeron. Ela ficou parada a uma distância segura, comigo e Aeron a protegendo enquanto o Link avançou por entre a multidão.

Zelda criou um arco com o seu poder dourado e imitou o movimento que Kayra fazia, retesando uma linha invisível e dela uma flecha de luz surgiu. Ela tinha os olhos bem abertos e a respiração controlada. Quando expirou libertou a flecha que viajou pelo ar como se atraída pela malícia, e acertou precisamente seu alvo, o trespassando das costas até sair pelo peito.

Ganon se virou na nossa direção, possesso.

Mas Link bloqueou seu avançou ao saltar no ar com o tridente pronto para ser arremessado, Ganon caiu de costas no chão da praça com o impacto da arma e puxei Zelda para a minha frente e Aeron nos levou até lá.

A princesa reuniu as mãos no coração, seu corpo inteiro brilhando e apontou um dedo para a base do cabo do tridente que se mantinha de pé por estar enterrado no peito de Ganon. O tridente absorveu o poder, que passeou até as lâminas e explodiu em luz dourada.

O grito de Ganon ecoou pela praça, seu corpo havia sido destroçado, sangue manchava o piso cinza, que naquela luz agourenta da lua, parecia preto.

O silêncio que se seguiu era de cansaço, vitória, alegria e tristeza. Finalmente Ganon havia sido aniquilado. As nuvens se moveram no céu, a lua recuperou seu tom natural e o sol surgiu alto no céu, mostrando que estávamos lutando a mais tempo do que imaginávamos.

— Vida longa à rainha Zelda! — Invoquei um grito do fundo da alma e Zelda chorou à minha frente, seu alívio palpável.

Aeron sobrevoou as fileiras de guerreiros que nos seguiam em nossa comemoração e parou em frente aos reis dragões. Ciaran estendeu a mão para Zelda, que a aceitou, mas se desequilibrou e foi parar em seus braços fortes, que não permitiram que ela caísse.

Desci pelo outro lado e Kayra voou para meu pescoço, chorando. Sorri e lhe dei tapinhas reconfortantes nas costas, mas ela continuava inconsolável. Meu estômago contorceu. A afastei e encarei seu rosto, meu sorriso sumiu. Seus lábios trêmulos formaram o último nome que eu esperava ver sendo pronunciado em tom de luto.

— Não... — Me afastei dela, que tentou me segurar novamente e me impedir de ir até o local onde o sangue de Ganon manchava o piso de pedra.

Link estava deitado de bruços, tinha sangue demais, não poderia ser apenas de Ganon. Ajoelhei ao seu lado, tateando seu corpo, procurando onde ele havia se ferido.

— Filha, pare. — Nem havia percebido que minha mãe tinha sua malinha de couro aberta ao lado do herói e me olhava com tristeza e dó. — Ele não vai acordar.

— Aeron! — Berrei, e ele já estava derriçando a poucos centímetros de mim. — O que eu faço? — Eu tremia da cabeça aos pés, mal conseguindo segurar a mão de Link na minha, meus dedos haviam endurecido de pânico e eu não conseguia respirar.

O focinho de Aeron encostou na altura dos meus ombros e deslizou até que todo o seu rosto suportasse minhas costas, sua cauda envolveu minha cintura e apertou delicadamente.

Reivindique seu poder (s/n). Você já fez isso, várias vezes.

Novamente Aeron compartilhou lembranças comigo, cada hora eu salvava alguém diferente.

Todas as almas que te juraram lealdade têm uma dívida com você. Cobre a dívida, se for necessário. Estou aqui para o que precisar.

Balancei a cabeça negativamente, o choque secara as lágrimas em meus olhos e eu foquei no Link. Levantei a mão até encontrar o chifre de Aeron e cortei minha mão ali, virei o corpo do herói para cima e abri sua armadura, coloquei a mão ensanguentada sobre a ferida que rasgava seu tronco, a outra, pus em meu próprio coração.

Vou pagar meu carma. Foi meu pensamento enquanto as palavras desconhecidas deslizavam pela minha língua e eu sentia minha vitalidade ser transferida para o Link, sorri quando o corte se fechou sem deixar cicatriz, vi seus olhos azuis me reconhecerem e tudo escureceu.