46 - AJUDA DOS CÉUS

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POV: PRINCESA ZELDA


As nuvens cinzentas anunciavam mais um dia chuvoso. Os campos em frente ao Castelo estavam enlameados e escorregadios, mal tendo tempo de secarem entre uma tempestade e outra.

A Armada Real se deslocava pelo acampamento, cumprindo diferentes tarefas, alguns treinavam, outros poliam e limpavam suas armas enquanto conversavam, enquanto outros se preparavam para entrar na caverna subterrânea.

Impa enviou seus melhores soldados e sua neta Paya, que se mostrou uma líder nata. Sua ajuda e conhecimento vieram a calhar quando todos os outros debandaram.

Toquei as costas da mão direita em um gesto nervoso. Apesar de dizer para mim mesma que tudo daria certo mesmo que estivesse por conta própria, eu sabia que não era bem assim.

O passado era prova de que tentar fazer tudo sozinha trazia um peso maior do que eu estava disposta a carregar novamente.

— Majestade! — Paya corria pelos campos, guardiões aranhas a seguindo de perto.

Avancei na direção dela, sentindo a luz divina preenchendo minhas veias com seu brilho dourado, pronta para surgir ao meu comando. Contudo, trovões rasgaram o céu e atingiram as criaturas que explodiram em milhões de pedaços.

Raios de sol penetraram por entre as nuvens carregadas e vislumbrei um exército alado se aproximar. Dragões de todas as estaturas e cores pintavam o céu, e criavam sombras gigantescas no terreno abaixo.

Eros e Kael lideravam o grupo, que aos poucos pousava na clareira. Farosh, um dos poucos dragões que circulavam por essas terras depois da calamidade, era o responsável pelo clima ter clareado e sendo o senhor do trovão controlava a chuva ao seu bel prazer.

Link foi o primeiro a descer das costas de Kael.

— É bom vê-la bem, Zelda. — Seu tom era educado, mas triste e penitente.

— Digo o mesmo. — Desviei o olhar do dele, ressentida, e me fixei na imensidão de dragões que nos encaravam com expectativa. — O que está acontecendo rei Eros?

— Viemos ajudar, vossa alteza. É claro, se a senhora permitir.

Eu queria questionar o que os tinha levado a descer de seu próprio reino para ajudar uma raça que as lendas diziam ter sido o motivo de eles precisarem ir embora em primeiro lugar. Mas foi desnecessário. O príncipe Sidon surgiu em meio aos corpos gigantescos trazendo uma versão frágil de Kayra em seus braços.

— O que aconteceu?! — Perguntei alarmada. A guerreira parecia bem na última vez que a tinha visto, mas agora seu complexo trazia uma palidez doentia.

— Temos muito o que conversar, Zelda. — A híbrida se sentou na pata de Eros e me incentivou a fazer o mesmo.

— Com a sua licença, senhor. — Falei constrangida para o dragão que sustentava o semblante sereno. — Você está horrível, Kayra.

— Eu sei. — Ela riu. — Zelda, o que a preocupa? — Gaguejei, tentando afastar a pergunta, mas a mulher agarrou a minha mão com força que não condizia com sua aparência frágil. — Nem se dê ao trabalho de mentir, ou contar meias verdades.

— Eu tive um sonho. Uma mulher, rodeada por luz, tentava me contar alguma coisa e quando não consegui entendê-la, seu rosto se entristeceu e ela chorou. — Busquei em minha memória o motivo de a cena ser tão familiar, o tipo de familiaridade que machucava quando não era reconhecida.

— Hylia. — Link disse. — Você sonhou com a Deusa Hylia.

— Como pode saber? — E assim que perguntei, a resposta surgiu. O rosto desfocado, as lágrimas e a tristeza. Hylia, a deusa que havia abençoado e ao mesmo tempo amaldiçoado as mulheres da minha família com seus dons, havia me alertado sobre o surgimento de Ganon, mas eu tinha ignorado seu aviso, e no dia seguinte, no meu aniversário de dezessete anos, o mal tinha tomado conta de Hyrule. — Vai ser hoje.

Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)Onde histórias criam vida. Descubra agora