Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)

26 - ADMIRAÇÃO

POV: (S/N)

Adiamos ao máximo nossa jornada para o Vilarejo de Kakariko. Em meio a conversas intermináveis e períodos de silêncio confortável, chegamos ao vilarejo de madrugada.

Vagalumes sobrevoavam o céu escuro, deixando rastros luminosos à medida que suas asas os guiavam mansamente pelo ar, que se tornava mais gélido com o passar das horas. As casas de parede bege e telhados de palha se espalhavam pelo terreno escalonado, indo em direção ao Palácio de Impa, a maior construção daquele lugar. Com sua escadaria, que se agigantava até uma porta de madeira com entalhes em metal, e suas muitas bandeiras, com símbolos antigos pintados nelas.

Ficamos parados ao lado de uma estátua da deusa Hylia, ponderando se deveríamos acordar nossa anfitriã àquela hora. Por fim, decidimos que a ofensa seria menor se acampássemos na clareira atrás do Palácio e nos apresentássemos pela manhã.

A única árvore, se erguendo solitária pelo terreno de grama aparada da clareira, dava um ar estranhamente desolado para aquele cantinho. Observei o Link estender uma manta acolchoada, que eu não o tinha visto carregar. Meu coração dançando descontroladamente no peito, hiper ciente da presença de apenas nós dois ali.

Eu precisava me mexer, para não pensar.

Avistei alguns gravetos que poderiam servir para a fogueira, e me precipitei naquela direção, dando as costas para o herói.

— Link? — Uma voz sonolenta perguntou baixinho. — O que está fazendo aqui de fora? Estávamos a sua espera.

Uma mulher trajando roupas típicas da tribo Sheikah, andava na direção do herói com um lampião erguido na altura dos olhos. Quando percebeu a minha aproximação, ela se jogou no chão, completamente apavorada.

Depois de uma apresentação, no mínimo desconcertante, a seguimos até o Palácio.

A princesa parecia que não dormia a semanas, suas olheiras escuras contrastando doentiamente com sua pele de porcelana. Mas mesmo que seu rosto entregasse o cansaço, suas vestes e cabelo permaneciam impecáveis.

Uma senhora se sentava em um trono de almofadas vermelhas e, se não estivesse meditando, provavelmente tinha dormido.

— Finalmente... — A princesa Zelda se levantou tropega e o herói se ajoelhou, em uma reverência solene. Depois de um segundo, imitei seu gesto e aguardei até que ela nos dissesse para levantar. — Seu atraso me dá enxaqueca.

— Ficamos presos próximo ao estábulo na divisa de Akkala. — Link tocou meu braço e nos erguemos.

— Não consigo imaginar qual empecilho tomaria tanto do seu tempo. — Ela atravessou uma porta nos fundos do ambiente mal iluminado e retornou com um bule e duas xícaras.

— Não foi algo ruim. — Ele retrucou, aceitando as xícaras e o bule e nos servindo o chá.

Vi as engrenagens do cérebro da princesa trabalhando, seu olhar sonolento observando os movimentos do herói com atenção redobrada, até parar no meu rosto. Sua feição se tornou enigmática à medida que ela se ajeitava sobre a almofada.

— Sinto muito pela indelicadeza. É um prazer conhecê-la pessoalmente. — Zelda esticou o braço sobre a mesa na minha direção. — Quando pedi que o Link descobrisse quem era a Gerudo que tinha se unido ao nosso exército, não imaginei que ele a traria até mim. Comitiva real? — Ela ergueu as sobrancelhas para o Link, que estava muito ocupado abrindo o zíper das botas brancas para perceber o modo que ela lhe encarava.

— É sempre bom ter mais de uma pessoa quando o assunto é escoltar a futura rainha. — Eu disse.

— Certamente. — Ela pegou o bule e se serviu. E com as bochechas ardendo, percebi que o Link não havia enchido a xícara vazia da princesa. — Mas se a questão é quantidade, dois guerreiros não seriam insuficientes?

— Não comigo e a (s/n) escalados para o serviço. — Link comentou, esticando as pernas e em seguida as sobrepondo.

— Entendi. É ótimo saber que mais alguém conquistou a sua admiração.

Depois de um bocejo sonoro, a princesa se retirou para o mezanino, na companhia da mulher Sheikah que quase infartou quando me viu na clareira.

— Link.

Quase cuspi o chá ao lembrar que a senhorinha ainda permanecia imóvel em seu trono de almofadas vermelhas. E a combinação sinistra de seus olhos arregalados e das sombras que as velas conferiam ao seu rosto enrugado era digna de pesadelos.

— Lady Impa. — Link curvou a cabeça em uma breve reverência e a anciã se ergueu com agilidade que não condizia à sua idade avançada e ajoelhou à frente do herói, que espelhou sua postura com os ombros alinhados dignamente.

Eu não tinha percebido que prendia a respiração até minhas vias aéreas queimarem implorando por alívio. Era extremamente desconfortável assistir ao modo com que Impa encarava o Link, com aquele olhar vidrado e sábio, com um toque de insanidade. Mas o guerreiro não dava sinais de desconforto sob o escrutínio. O ar da sala se tornava quente e úmido ao passo que uma fina linha de suor escorria por minha têmpora.

— Você parece bem. — Foi tudo o que saiu de seus lábios, e o Link lhe ofereceu as mãos. A anciã as tomou, com a feição se contorcendo lindamente em um sorriso. — Muito me alegra ver sua alma em paz, após tantos anos.

Eu não entendia o motivo do alívio que pintava o rosto da senhora em conjunto a felicidade que vi nos olhos do Link quando transferiu seu olhar para mim.

— Ah! — Impa soltou como uma risadinha. — Estaremos prontas pela manhã.

O herói a guiou até uma porta e sua figura diminuta sumiu em meio a escuridão.

Quando retornou, agora ao meu lado, ele inclinou a cabeça lentamente até que sua testa pousasse em meu ombro. Acariciei seus cabelos e ele me abraçou pela cintura. Senti sua respiração balançando meu cabelo enquanto falava, mas eu não consegui ouvir o que dizia.

A vontade de chorar veio como uma onda, o alívio misturado ao contentamento, me inundaram e afundei o rosto em seu pescoço. Nossas lágrimas silenciosas escorrendo pelo nosso corpo, um símbolo de que a espera tinha terminado. Mesmo que não tivéssemos percebido que ansiávamos tão intensamente pela presença um do outro.

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Obrigada por ler o capítulo de hoje!! 🥰🥰

Vejo vocês em breve, bye bye!!