POV: LINK
O Reino dos Dragões surgiu em meio as nuvens que escondiam sua beleza do mundo da superfície, onde o Reino de Hyrule se preparava aos poucos para lidar com a nova ameaça.
As densas florestas de árvores milenares, com copas de cores destoantes ao que a estação vigente pedia, se erguiam pelos céus, em suas ilhas flutuantes. Cachoeiras desaguavam no vazio, ou ainda, em laguinhos calmos na superfície abaixo.
Kayra não prestava atenção em nada ao seu redor. Outros dragões a cumprimentavam e a parabenizavam pelo casamento, mas ela não parava para lhes oferecer o seu sorriso gentil, ou o seu olhar caloroso.
Suas asas desaceleraram apenas quando a estrutura perolada do castelo de Eros surgiu, na ilha flutuante mais alta.
Não me surpreendi quando vislumbrei as figuras majestosas do rei e de seu consorte nos aguardando na entrada.
Kayra estava exausta. Sua forma de dragão desapareceu, deixando apenas a guerreira Hylian caindo pelos céus. E antes que eu a trouxesse para perto e retirasse o paraglider das costas, Kael abocanhou as vestes de sua filha, enquanto eu me agarrava em seus chifres.
Quando o corpo de Kayra foi colocado inerte no chão de pedras brancas, o dragão negro substituiu sua forma para a de um Hylian de cabelos longos e negros, e tomou a guerreira em seus braços tatuados. Eros soluçou antes de se aproximar. A visão de sua filha desacordada o deixando nauseado.
Eu não precisei explicar o que estava acontecendo com ela, os dois já sabiam e, espelhando seus comportamentos desolados, eu também desabei.
— Daremos um jeito, Link. — Kael falou em meio as lágrimas que borravam sua visão. — Vamos entrar.
O interior do castelo era tão vasto que nem mesmo o mais robusto dos dragões se sentiria encarcerado ali. Seus cômodos amplos, em cores claras com enormes arcos perfurando suas paredes, se assemelhava ao Zora's Domain.
Pensar no reino das águas me entristecia ainda mais. Ela não deveria ter contado para o Sidon o que estava acontecendo. Olhei de relance para o rosto pálido da Kayra, seus cílios úmidos estavam levemente congelados, devido à atual instabilidade de seus poderes, sua respiração fraca saindo em névoas.
Eros afastou as cortinas para que nós pudéssemos entrar. O mármore branco com veios marrons preenchia todas as paredes e piso. Uma banheira transparente jazia no centro do quarto circular. E ali os arcos vazados eram mínimos e a iluminação, drasticamente reduzida.
Estranhas árvores, cujos galhos entravam pelas escassas aberturas nas paredes, tinham folhagem branca e soltavam pólen luminescente no ar. Vozes fracas podiam ser ouvidas, mas eu não conseguia tirar significado do que diziam.
Com o coração na boca, vi o corpo da minha companheira ser colocado na água, e seu vestido azul, da mesma tonalidade pálida de suas escamas, ficar enxarcado e grudar em sua pele.
Kael soltou os cabelos dela do elástico e posicionou sua cabeça no encosto. Me aproximei devagar. Mergulhei minha mão na água borbulhante e toquei seus olhos, observando o gelo derreter e a temperatura de seu corpo se elevar.
— Ela realmente perdeu a alma? — Perguntei e Kael passou o braço por meus ombros, me trazendo para junto de seu peito.
— Não exatamente. A alma dela está adormecida. — Ele fez carinho em meus cabelos ao passo que Eros se deitava no chão ao nosso lado e encostava sua cabeça na borda da banheira em que sua filha descansava. — Esperando pelo desfecho dos horrores que estão em seu futuro.
— Quanto tempo... — Engoli com dificuldade, ponderando se Kayra partilharia do mesmo destino que eu, e se precisaria ficar ali por cem longos anos também.
— Algumas horas serão o suficiente. Temos magia, enquanto seu reino foca mais na tecnologia. — Ele completou quando me mostrei cético. — Ela deveria ter vindo aqui assim que descobriu, mas ignorou os sinais e seus poderes colapsaram.
— Kael.
— Sim?
— Posso pedir por seu auxílio?
Ele parecia surpreso. E eu não o culparia por isso. No passado, ele estivera disposto a auxiliar na minha jornada e da Kayra, e sinceramente, com os dragões ao nosso lado, tudo teria sido resolvido rapidamente. Contudo, eles não poderiam interferir em algo que não lhes dizia respeito.
— Preciso salvar uma pessoa.
— Não posso ajudar. Link, eu sei a quem você está se referindo. E não acredito que salvá-la seja a melhor opção.
— Por que...?
— O destino que une vocês dois não é gentil. Vocês vão machucar um ao outro mais do que se amarão. Não sei ainda se intencionalmente, mas acontecerá.
— Está enganado.
— Você já teve curiosidade em conhecer suas outras reencarnações? Em ponderar o emaranhado de possibilidades que a sua existência exerce em outras linhas do tempo, em outras dimensões?
Neguei com a cabeça e ele fez um movimento para que eu o seguisse. Andamos por bastante tempo, sempre subindo, mas nunca alcançando o topo da torre que parecia mais distante a cada degrau que avançávamos.
Um arrepio desceu pela minha espinha antes mesmo que ele encostasse a mão na parede, e essa se desfizesse ao seu toque. Uma passarela translúcida se estendia pelo abismo da noite em direção a outra torre. Mas tinha algo errado. Não deveria estar de noite ainda, no entanto, constelações brilhavam ao nosso redor.
Um dragão diminuto se enroscava em uma bolinha luminosa e incorpórea no centro de almofadas negras. Ele ergueu a cabeça quando nossa aproximação o tirou de seu sono.
— Já está na hora? — Ele se espreguiçou e observou o meu rosto com curiosidade.
— Infelizmente.
Só me aproximei quando assim me foi solicitado. O dragão tocou meu braço direito com suas pequenas garras, o virando e analisando como se eu fosse uma relíquia nas mãos de um estudioso sedento por desvendar um mistério.
Depois de um momento ele passou sua atenção ao meu coração, me instruindo a deitar no mar de almofadas em que ele estivera descansando. O dragão se enroscou em meu peito, com sua aura anil pulsando ao nosso redor até formar um casulo. Olhei preocupado para Kael, mas a minha visão se escureceu quase que imediatamente.
O calor que queimava minha pele dormente era familiar.
Gerudo. Eu estava nos desertos de Hyrule.
Quando abri os olhos novamente, um exército estava enfileirado na praça principal da Cidade Proibida. Uma cabeleira cacheada e turquesa chamava a atenção em meio aos incontáveis ruivos. E uma figura completamente armada e corpulenta parou a sua frente, tomando seu rosto na mão.
Avancei, pronto para quebrar seus dedos, mas meu corpo atravessou o do homem, (s/n) trincou os dentes enquanto encarava os olhos azuis que a observavam.
Recuei, incrédulo.
As mãos que a tocavam com selvageria e os olhos azuis que a recriminavam, eram os meus.
________________________________________________________________________________
Oi oi!! Sinto muito pela demora para atualizar essa fanfic. Mas nas últimas semanas minha ansiedade e depressão levaram a melhor, e eu não conseguia me importar o suficiente para fazer outra coisa além de admirar o teto do meu quarto. Estou tão cansada...🥲
Mas escrever é a minha paixão, e mesmo não estando 100%, eu quero continuar postando os capítulos aqui pras pessoas que gostam dessa história e que estão esperando.
E, infelizmente, não estou com cabeça para revisar o capítulo antes de postar, então se tiver alguma informação fora do lugar ou esquisita, peço que relevem, que eventuais discrepâncias serão corrigidas no futuro.
Muito obrigada pela paciência, e espero que tenham gostado do novo capítulo!
Nos vemos em breve. 😘
![](https://img.wattpad.com/cover/294507682-288-k290643.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)
FanficO herói, agora aliviado do peso da profecia e da morte das pessoas que amou, enfrenta um novo dilema. A paixão pela guerreira de cabelos perolados pode bagunçar a paz que ele já experimentava nos últimos meses vivendo ao seu lado. Ela estava com o c...