Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)

49 - CALAMITY GANON

POV: LINK

— Todos estão aqui? Ótimo. — Ganon anunciou com sua voz profunda. — Quanto tempo esperei pelo momento de matar a vadiazinha que estragou tudo. — E em um impulso assustador, ele já estava debruçado sobre o corpo da (s/n), que permanecia desacordada.

Tentei me agarrar a ela, mas Ganon foi mais rápido e pendurou seu corpo inerte nos ombros e se afastou com movimentos quase invisíveis.

— Não tão rápido Link.

Ganon ergueu novamente a espada e ondas de calamidade se solidificaram e se precipitaram sobre nós, como uma chuva de flechas. Zelda gritou e um escudo dourado nos protegeu segundos antes que seu ataque nos matasse.

— Problemática como sempre, princesa. Em outra vida, talvez fosse atraente. Mas agora é só um empecilho. — Ganon ajeitou o corpo da (s/n) como se o peso dela machucasse seu ombro.

— Ganon! — Falei entre dentes. — Solte ela!

Ele passeou os olhos preguiçosamente pelo nosso grupo, seu nariz se franzindo a cada rosto que via, reconhecimento também preenchia suas feições, em um nível mais íntimo, e mais letal, até pararem em mim.

— Jovem demais para me encarar, herói.

Lembrei-me da visão na torre do oráculo, no Reino dos Dragões. Naquela realidade distorcida em que eu me curvava ao Ganon e lhe servia como general, eu não tinha permanecido os cem anos na caverna me recuperando dos ferimentos. Naquela realidade Zelda havia tomado meu lugar, depois que seus poderes lhe traíram e não apareceram.

Naquela realidade eu era um adulto amargo e cheio de arrependimentos.

Dei um passo a frente e ele ergueu a sobrancelha, como se me desafiasse a dar outro. Mas uma mão me impediu. Escamas negras, unhas afiadas, uma altura vertiginosa e olhos vermelhos.

— Ciaran?

— Não morra. — Ele disse, avançando na direção de Ganon. — (s/n) ficaria inconsolável.

— Ciaran! — O alertei. — Se você se machucasse teria o mesmo efeito. — Ele negou com a cabeça, seu sorriso dizendo que, infelizmente, sua morte não teria o mesmo peso que a do Link no coração de (s/n).

— Não tenho tempo para desperdiçar com a escória! — Ganon esbravejou quando Ciaran avançou em uma corrida furiosa com a lança em posição.

Um rugido ensurdecedor fez meus tímpanos protestarem, areia se desgrudou do chão e voou até meus olhos, me fazendo fechá-los por instantes cruciais, e quando os abri, ainda com seus grãos me cegando, um dragão esmeralda tinha as garras fincadas nas costas de Ganon, de onde uma poça de sangue surgia. Sua mandíbula estava arreganhada, e sua calda, desprovida de fileiras de espinhos, envolvia o corpo da (s/n).

— Herói! — Sua voz rouca gritou em minha mente.

O que estava fazendo?

Uma onda de malícia jorrou das costas de Ganon até o dragão, que travou os dentes e permaneceu no lugar, afastando o corpo da (s/n) do caminho.

Corri na direção dela, Ciaran em meu encalço. Eros e Kael vinham da direção contrária. O dragão esmeralda não tinha a mesma estrutura majestosa dos dois reis, mas se mantinha firme no lugar, apesar de a calamidade estar consumindo sua pele.

A luz dourada da Zelda avançava um pouco à nossa frente, servindo de escudo enquanto a princesa permanecia parada com os braços erguidos. Kayra estava ao seu lado, o arco tensionado mirando no borrão de calamidade aos pés do dragão, enquanto Sidon firmava seu corpo com o próprio.

Mas era impossível ver Ganon ali, ele havia se escondido em meio ao rosa e negro.

Kael afastou o dragão verde com violência para o lado e este caiu de mal jeito ao desviar do corpo inerte de (s/n) e soltou um urro de dor. Eros estava em segundos ao seu lado, examinando o braço do dragão, antes brilhante em suas escamas que lembravam a vegetação de águas pantanosas, mas que agora estava enegrecido e com aparência débil.

Derrapei na terra e apoiei a cabeça de (s/n) nas minhas pernas. Sua pele continuava machucada, mas a cor havia voltado ao seu complexo, e ela respirava tranquilamente.

Uma explosão congelante às nossas costas nos alertou que Ganon havia se recuperado, e que Kayra tentava matá-lo. Eros foi na direção de seu consorte, que soltava uma baforada quente, contrastante ao gelo que sua filha invocava com as flechas mágicas.

— Levem-na para longe. — Olhei do dragão machucado para o zora. — Consegue voar?

— Sim. — O dragão respondeu, abaixando o tronco do lado de seu braço inútil e permitindo que Ciaran montasse com a (s/n) em seus braços. — Vamos conseguir derrotá-lo dessa vez, herói. — Ele me encarou por um breve momento com aqueles olhos dourados e sábios e alçou voo.

Com a (s/n) em segurança, absorvi o caos ao meu redor.

Ganon havia crescido, literalmente. Seu corpo se sobressaindo em um círculo de dragões, hylians, zoras, gerudos, gorons e ritos, que o atacavam simultaneamente e não lhe davam chance de revidar.

Mas da posição privilegiada em que estava eu percebia que ele não estava tentando revidar, ele nem ao menos se mexia. Os olhos fechados, a postura largada como se se mantivesse de pé por magia, e a calamidade lhe servindo de escudo.

Nenhum ataque o acertava.