54 - NÃO SE CULPE POR MINHAS ESCOLHAS

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POV: (s/n)

— Seu desejo de morrer me envelhece (s/n), — a voz de Aeron soava tão fraca, ou apenas por que ele sussurrava — o que aconteceu com "nada de mártires"?

Me espreguicei, sentindo como se tivesse sido atropelada por uma manada de moblins, pisquei várias vezes tentando ajustar minha visão ao cômodo desconfortavelmente claro.

Eu nunca estive ali.

As paredes de pedra clara com pequenos arcos me lembravam do Zora's Domain, mas as cores estavam erradas, o dragão esmeralda ao meu lado estava errado, assim como o zora dormindo com o queixo apoiado na banheira transparente em que eu estava.

— Onde? — Assim que falei Ciaran acordou e veio correndo pegar minha mão que estava dentro da água. — Estou bem. — Eu dizia com delicadeza, cada palavra custando deixar minha garganta seca.

— Foi por muito pouco. — Aeron me repreendeu, como se eu fosse uma criança custosa. — Você ia renunciar à sua vida por ele.

— Onde ele está? — Me desesperei. Ele tinha que estar vivo, eu tinha prometido encontrar uma forma de salvar a nós dois, se chegássemos a tanto, e ele havia concordado.

— Kael e Sidon o arrastaram para fora. — Aeron descansou a bochecha no topo da minha cabeça, e me senti instantaneamente revigorada. — Ele não saía um segundo do seu lado e sinto ser portador de más notícias. Não, ele não morreu. — Aeron emendou rapidamente quando comecei a chorar. — Só ia dizer que ele parece apenas uma sombra de quem era.

— A (s/n) é a vida dele. É claro que o Link estaria assim. — Ciaran defendeu o Link e apertou minha mão com mais força, mergulhando a outra mão na água e limpando minhas lágrimas. — Vou chamá-lo. — E depois de beijar minha mão e testa, ele saiu.

— Me ajuda a levantar Aeron.

Eu parecia uma criança que ainda não tinha apendido a andar, minhas pernas tinham dificuldade em sustentar meu corpo. Mas as forcei a se moverem, com os braços ao redor do pescoço do Aeron, que fazia um circuito lento ao redor do cômodo colossal pacientemente me apoiando e guiando.

As cortinas foram afastadas e todo o progresso que havia sido feito foi esquecido quando vi o Link empacar por um instante no batente, ele me olhava como se estivesse vendo um fantasma.

Estiquei um braço para ele, com medo de cair no chão se oferecesse os dois. Ele correu na minha direção, fazendo o meu dragão de apoio desnecessário. E assim que me abraçou, seus joelhos falharam e fomos parar no chão. Eu sabia que ele chorava e isso partia meu coração.

Afaguei seus cabelos, sussurrando em sua orelha que estava tudo bem, ao qual ele apenas me apertava ainda mais.

— Eu te amo, Link. — Ele tremeu e soltou um soluço, afundando o rosto no meu pescoço, me amaldiçoando ao mesmo tempo que jurava amor eterno. Eu ri e beijei o topo de sua cabeça.

Aeron não tinha exagerado quando disse que ele parecia apenas uma sombra do herói da lenda. Link tinha emagrecido, suas olheiras profundas deixado manchas escuras abaixo dos olhos, seu rosto estava fino e a pele estava adquirindo um tom doentio.

— Vou querer saber quanto tempo passei desacordada? — Seus olhos azuis entristeceram e encarei Aeron, que nos observava em silêncio.

— Quatro meses. — Ele disse, brincando com a água da banheira e desviando o olhar do meu.

— Não foi tão ruim.

Ele e Link bufaram ao mesmo tempo.

— Eu sei! Eu sei, desculpa. É pior para quem fica esperando. — O Link concordou, soltando a respiração que havia prendido e desabando sobre o meu peito. — No seu caso, foram duas vezes esperando para saber se eu estava viva ou morta. — Ele me abraçou e vi que seus olhos se enchiam novamente. — Obrigada por ter mantido sua promessa.

Ele ergueu a cabeça com espanto, sacudindo negativamente.

— Eu deveria ter ido atras de você, sinto tanto.

— Link. Meu amor. — Segurei seu rosto entre as mãos e beijei seus olhos marejados. — Você fez exatamente o que precisava fazer, nem mais nem menos. E eu te agradeço, de todo o coração, por isso. Então não se culpe, pelos meus machucados, pelas minhas escolhas. — Enfatizei. — Paguei o que devia. — Passei a mão pelo fantasma do corte que quase o matara. — Em algum momento eu não pude proteger quem amava, e não repetirei esse erro.

Percebi que ele sabia sobre o que eu falava.

A súbita movimentação na entrada do cômodo me deu uma desculpa para soltar uma risada tremula, secar minhas lágrimas e ver o que se passava.

Kayra entrava no cômodo vestindo uma armadura preta de couro, seu arco dourado preso as costas. Sidon segurava o pesado tecido para que ela passasse, e quando viu que eu estava acordada puxou de qualquer jeito o arco pela cabeça e se jogou no chão ao meu lado.

Ela xingava e me batia, com muita força. Encontrei os olhos do Aeron e perguntei, em pensamento, se era algum mal dos dragões serem tão violentos em seus carinhos, ele apenas bufou e se aproximou de mim, empurrando a Kayra, sem delicadeza, para trás e deitando a cabeçorra em meu colo. Seus olhos dourados a desafiando a me bater mais uma vez.

— (s/n)... — Ela esticou o braço lentamente e Aeron rosnou baixinho em meu colo. — Você ficou o tempo todo com ela! — Kayra esbravejou, e o Sidon sorriu abertamente para ela.

— Sem briga, crianças. — Kael apareceu em sua forma hylian com Eros logo atrás. — Você tem visitas.

Pensei que não conseguiria mais chorar, mas assim que vi meus pais solucei igual a uma garotinha e eles me abraçaram, até que havia camadas e mais camadas de pessoas queridas chorando e sorrindo por mim.

Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)Onde histórias criam vida. Descubra agora