09 - TERRITÓRIO DOS GUARDIÕES

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POV: (S/N)


Deixei o conforto dos lençóis ainda de madrugada. Meu corpo implorava para que eu permanecesse naquele emaranhado quentinho, no entanto, o prazo que tinha para chegar ao acampamento se aproximava rapidamente.

Black virou o pescoço a minha aproximação. Acariciei seu focinho e lhe ofereci maçãs enquanto atrelava minha bagagem as suas costas. Seguimos para o sul, em direção a estrada que contornava as muralhas do Great Plateau, e em seguida, viramos à esquerda nas ruínas da Guarnição Kolomo, ao norte.

A chuva pesada que nos alcançou na altura do Coliseu, não foi o suficiente para bloquear a primeira visão que tive do majestoso Castelo de Hyrule no horizonte. A destruição ainda estava presente em seus muros rachados e jardins sem vida, contudo, a malícia que antes pairava por ele, não mais existia.

Apesar das paradas ocasionais para ajudar viajantes que estavam sob o ataque de bokoblins, eu não tinha muito o que fazer com o meu tempo além de apreciar a vista. Senti o Black desviar para a direita por conta própria em uma bifurcação e virei a cabeça para decifrar onde estávamos, quando encontramos um guardião aranha.

Esporei o Black, e por sorte, a criatura metálica estava tão distraída quanto eu a alguns segundos atrás. Aproximei meu rosto da crina do cavalo à medida que ele ganhava velocidade e a chuva chicoteava em meu rosto. Estávamos nos aproximando das ruínas da Guarnição de Hyrule, quando bokoblins montados em cavalos e outro guardião aranha nos perseguiram.

Tentei despistá-los nas ruínas do Vilarejo de Mabe, mas eles eram implacáveis. Saltei do lombo de Black, com o arco em posição. O bokoblin era um inimigo recorrente no deserto, juntamente com os lizalfos. Mas era a primeira vez que eu me deparava com um guardião ativo.

Com a ascensão do Ganon, essas criaturas corrompidas devastaram muitos vilarejos. No entanto, elas não alcançaram as areias de Gerudo. Mirei no ponto azul no centro de sua cabeça metálica. A flecha o desnorteou brevemente, mas ele se ajeitou nas muitas pernas e apontou seu laser na minha direção novamente.

Retirei a espada do quadril, mas a cada passo que eu dava em sua direção ele dançava desgovernadamente para trás, sempre mantendo uma distância segura. Quando os bipes que a criatura emitia pararam bruscamente, um raio azul me atingiu de raspão no braço antes que eu tivesse oportunidade de desviar completamente.

Cambaleei, agora com o escudo em mãos. Minha visão periférica notando outro guardião andando ali perto. Trinquei o maxilar, com a dor que invadia meu corpo e com o calor do sangue que escorria pelo ferimento. Ao silêncio que antecedeu o disparo de mais um raio, ergui o escudo e rebati o ataque com força. O brilho azul se voltou para a criatura que caiu de costas, corri até ela e enfiei a espada de lâmina curva em seu olho, a pressionando cada vez mais fundo. Até que o guardião parou de se contorcer e sumiu em névoa rosa e negra.

Ajoelhei no trecho lamacento, mas rapidamente engatinhei para debaixo das ruínas de pedra, quando o guardião que estava preso nos estábulos do antigo rancho, se aproximava perigosamente da minha posição.

Vasculhei os terrenos pela fresta do esconderijo e, constatando que Black também tinha buscado abrigo da tempestade ali perto, desabei no chão e rasguei o tecido de seda da saia e envolvi o ferimento com ele. Fiquei calma. O machucado não era tão profundo quanto o medo me fez imaginar.

Encostei a cabeça na parede gelada e não percebi o quanto estava cansada até que senti meu cavalo se deitando ao meu lado. Me aconcheguei para perto de seu corpo e permiti que as pálpebras cansadas se fechassem.

Quando o barulho da chuva desapareceu, e os raios do sol da tarde despontaram por detrás das nuvens e perfuraram a escuridão de nosso abrigo, me espreguicei e observei a ferida no meu braço. Ela não doía mais, apesar de ainda estar aberta.

Dei tapinhas carinhosos no Black e ele também se ergueu, sacudindo a crina, ainda molhada.

— Vou precisar te dar um banho em breve. — O olhar de entendimento que vi perpassar seus olhos castanhos me fizeram rir, à medida que ele andava de fasto e desviava do meu toque. — Ora, não seja assim! — Pulei em sua direção e agarrei as rédeas.

Demorou até que ele permitisse que eu montasse em suas costas novamente.

Vencemos a estrada que trespassava o vilarejo, e na bifurcação forcei uma curva brusca para a direita, quando o corpo de um guardião despontou do caminho à esquerda. O Black não precisou de incentivo, ele disparou pela estrada a toda velocidade e tomou a direita na Mabe Prairie.

— Mas o que é isso? O lar de todos os guardiões? — Comentei para ele, que sacudiu o pescoço concordando.

Mas o que eu não tinha notado, na tentativa de driblar os monstros de metal, era que estávamos próximos demais das terras do Castelo. Onde a tribo Sheikah os reuniu para aprender a controlá-los antes da guerra contra a Calamidade. O que explicava a abundância de tantos guardiões ativos nos arredores.


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Só a música dos guardiões se aproximando quando resolvi explorar os terrenos do Castelo de Hyrule já fazia minhas palmas suarem... Criaturinhas do mau! 😱😱

Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)Onde histórias criam vida. Descubra agora