POV: LINK
Me materializei no Templo no interior do Castelo de Hyrule. Aquele local estava exatamente da mesma forma com que o encontrei seis anos atrás, durante a batalha final contra Calamity Ganon, ao lado de Kayra.
Saber que ela estava junto da (s/n) e da Zelda tranquilizava o meu coração. Sua força e técnica, individualmente, eram superiores à minha, e se qualquer coisa desse errado a (s/n) poderia auxiliá-la imensamente.
Encontrar a entrada subterrânea foi fácil uma vez que ela havia sido descoberta. Suas paredes permaneciam úmidas, e o negrume do ambiente não facilitava a locomoção, mas os pequenos trechos de luminous stones permitiam que eu me guiasse com sucesso pelos corredores.
Alcancei a sala circular com o cadáver ainda imóvel, mais rapidamente do que durante minha primeira excursão pelos seus corredores.
— Quem está aí?! — Zelda se pós de pé num instante quando notou minha presença. — Link! Por Hylia, você está bem!
Ela me abraçou apertado e em seguida analisou as manchas que pintavam meu braço direito, com lágrimas nos olhos.
— Precisamos sair daqui Link. — Ela me apressou. —Nosso povo deve se preparar antes que mais uma Calamidade nos aniquile.
— Claro, vamos fazer isso. — Dei tapinhas leves em seus ombros e olhei ao redor. — Onde estão a (s/n) e a Kayra?
— Lá embaixo. — A princesa apontou, e quando fiz menção de me jogar pela cratera, ela agarrou meu ombro. — A Kayra está trazendo a (s/n), você não precisa fazer nada.
— Zelda, me solte. — E como se tivesse levado um choque, a princesa me libertou e recuou lentamente até a pedra onde estivera sentada. — Sinto muito. — Ela exibiu um sorriso triste quando falei, e balançou a cabeça. — Preciso ter certeza de que estão bem.
— Eu sei.
— Sinto muito. — Repeti.
A minha consciência me dizia que eu estava cometendo um erro. Mas eu não poderia me importar muito além da minha função de soldado, que estava descaradamente desobedecendo sua soberana. E pedir por seu perdão era o máximo que eu estava inclinado a fazer.
Quando me virei para encarar a imensidão, uma lufada de vento me jogou de costas no chão com estrondo. Trinquei os dentes para abafar o gemido de dor, quando lamentos cada vez mais desolados me fizeram esquecer qualquer desconforto que meu corpo estivesse sentindo.
— Ajuda! — Kayra soluçava e me sacudia com tanta violência que meu pescoço balançava perigosamente para frente e para trás.
— Com o quê? — Indaguei. O modo como ela me prensava no chão não me permitia ver nada além de sua figura.
— (s/n)! — Ela berrou e nos tirou do chão com um movimento ágil de suas asas. — Alguma coisa estava nos puxando para baixo e ela... — Kayra mordeu os lábios ensanguentados antes de falar. — Se soltou.
Meu coração errou uma batida quando ouviu aquilo.
— Ela disse alguma coisa? — Agarrei a mão de Kayra e ela quase quebrou os meus dedos em retorno.
— Alguma coisa idiota como ser a única forma de nós duas continuarmos vivas.
— Ótimo. — Um suspiro aliviado escapou de meus lábios e ela me deu um soco no peito.
— NÃO! Não tem nada de ótimo! — Kayra gritou. — Ela vai...
— Não vai. — Falei com firmeza, me desvencilhando de seu aperto. — Se ela estivesse se sacrificando, não estenderia a promessa que fez comigo, a você.
— Ah... — Kayra respirava com dificuldade, tentando conter as lágrimas que escorriam febrilmente por seu rosto. — Espero que tenha razão.
— Eu tenho. A (s/n) não gosta de mártires. — Completei. — Devo me preocupar com algo?
— Sim. — Ela apontou para a Zelda e se largou no chão com violência, massageando as asas, que eu não tinha percebido que tremiam convulsivamente.
Me aproximei da princesa a passos largos, e agachei até que nossos rostos estivessem no mesmo nível.
Seus olhos verdes se perdiam no passado, desprezavam o presente e pereciam no futuro.
Eu não poderia julgá-la por guardar segredos, por querer sustentar o mundo nas costas e por colocar uma máscara de força, quando por dentro ela queria desistir. Eu também era assim, se não fosse pior.
— Zelda. Precisamos da sua ajuda. — Me curvei aos seus pés. — Precisamos da nossa rainha.
Como se tivesse despertado de seu transe, ela tocou o meu ombro e se ergueu. Sua postura e feição se transformando. Ela não mais era a princesa que queria agradar a todos, mesmo quando isso a tornasse miserável. Ela não mais era a mulher que implorava para o divino atender as suas preces.
Ela era a Zelda, herdeira com sangue divino, amada por Hylia e por seu povo. A mulher que com o seu poder aprisionou Ganon por cem longos anos, para em seguida extinguir sua existência com sua luz dourada.
— Você não precisa pedir duas vezes. — Ela se direcionou até o cadáver que mantinha seus olhos alaranjados brilhando e seguindo nossos movimentos.
Zelda ergueu a mão direita e os três triângulos unidos de modo a criar um vazio de mesmo formato, se iluminaram nas costas de sua mão, ao passo que a palma explodiu em um clarão.
Cobri o rosto com os braços e quando minha visão se ajustou novamente, a rainha de Hyrule me olhava com ferocidade, e o cadáver à suas costas, tinha sido reduzido a pó.
— Você consegue se teletransportar. — Não foi uma pergunta. — Presumo que tenha enviado os guerreiros para Goron City e Akkala. — Ela continuou, não me dando chance nem mesmo de concordar. — Me envie até o Rito Village, eles são os únicos que estão no escuro. Riju está no Zora's Domain, acredito que Ciaran passe lá antes de se unir ao exército. Se está preocupado, mande Kayra para Gerudo.
— E no que diz respeito a (s/n)?
— Encontrei com um seguidor do Ganon quando caí. Se não for ele quem impediu o retorno da (s/n), eu não tenho no que apostar.
— Pensei que a realeza repudiasse jogatinas. — Kayra bufou, incomodada.
— Mas é tudo o que eu posso fazer, quando o futuro que eu vislumbrei nos levará, inevitavelmente, a ruína.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)
FanficO herói, agora aliviado do peso da profecia e da morte das pessoas que amou, enfrenta um novo dilema. A paixão pela guerreira de cabelos perolados pode bagunçar a paz que ele já experimentava nos últimos meses vivendo ao seu lado. Ela estava com o c...