Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)

25 - SIMPLICIDADE DE GESTOS

POV: (S/N)

Lembrar do motivo que nos tinha levado aquela parte das Planícies de Akkala demandou mais esforço mental do que jamais admitiríamos.

A pausa que pretendíamos realizar nos limites de Lanayru foi antecipada, por razão de nenhum dos dois estarmos com cara de guerreiros que conseguiriam proteger a futura rainha de Hyrule, sem esbarrar na sensação que nos cegou a pouco.

Encontramos um acampamento simples, com toras empilhadas sob uma panela de ferro vazia e que, para a nossa sorte, parecia limpa. Repousei a espada e o escudo ao lado das armas do Link e observei com fascínio incontido o herói preparar nossa refeição. O aroma desconhecido invadiu meus sentidos, e o meu estômago roncou antes que eu pudesse disfarçar o seu escândalo.

— Já está quase pronto (s/n). — Seu sorriso fazia seus olhos azuis brilharem.

— Precisa de ajuda com algo? — Perguntei, quando ele sustentou meu olhar ao invés de prestar atenção a panela a sua frente.

Ele sacudiu a cabeça e, apoiando a colher na haste que segurava o caldeirão, veio se sentar ao meu lado. Seu olhar buscando pela minha aprovação aos avanços que ele gostaria de fazer, quando girei o corpo na sua direção, ele me abraçou.

O calor febril de sua mão acalentando minhas costas nuas, enquanto a outra fazia carinho em meus cabelos soltos. Ao inalar seu aroma de mil florestas, uma sensação de familiaridade me invadiu.

— Por que tenho a sensação de que já fizemos isso antes? — Perguntei próxima ao seu ouvido, e contive o riso quando senti seu corpo reagir à minha voz.

— Ah! — Ele disse e se afastou, brincando com uma mecha do meu cabelo turquesa em suas mãos. — Quando você pediu que eu trançasse o seu cabelo. Mas nunca tive a chance de arrumá-lo para você.

— Quando eu te pedi uma coisa absurda dessas?

Vasculhei minhas lembranças da semana em que estive no acampamento militar, e tive certeza de nunca ter solicitado que o herói arrumasse o meu cabelo. E quando o Link percebeu que eu não recordava de termos compartilhado tal momento, ele se levantou e inclinou minha cabeça levemente para o lado e começou a separar pequenas mechas, as trançando rente a raiz. E fez a mesma coisa do outro lado, e por fim, com a mecha maior que sobrou no centro, criou ondas largas, que se sobrepunham e as uniu com as menores em um rabo de cavalo alto. Ele retirou o elástico azul, com o qual prendia o próprio cabelo, e amarrou o meu.

— Pronto. — Ele disse com simplicidade, e automaticamente me ergui e o abracei pelo pescoço, enquanto ele me envolvia pela cintura com uma leve risada.

E foi aí que me lembrei de ter feito a mesma coisa antes.

Mas não com o herói que salvou Hyrule, mas com a guerreira de cabelos loiros e olhos azuis que visitou a cidade de Gerudo, na época em que a Besta Divina ainda era uma preocupação recorrente no deserto.

Com a pessoa que eu pensava ser a escudeira do Link juntamente com Kayra.

...

Não era incomum ver as duas forasteiras saírem de nossa cidade nas primeiras horas da manhã e retornarem tarde da noite. Às vezes, ambas pareciam que tinham derrotado meio mundo, em suas aparências desmanteladas, e em uma situação em particular, a guerreira de cabelos perolados e olhos cinzentos carregava a outra, inconsciente, nas costas.

— O que houve? — Saltei do muro da Cidade Proibida quando reconheci sua figura avançando lentamente pelas areias escaldantes do deserto.

Encarei o rosto manchado de sangue de Kayra. Seus joelhos fraquejaram por uma fração de segundo e a amparei, antes que caísse no chão e levasse a outra guerreira consigo.