13- SEGUNDO PRIMEIRO ENCONTRO

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POV: (S/N)


— Precisa mesmo ir? — Meu pai estava socando várias especiarias, remédios e lembrancinhas do Zora's Domain dentro da minha mochila já abarrotada. Além de uma armadura que ele havia confeccionado para me dar de aniversário, mas que nunca tinha tido a chance de entregar por conta de seus afazeres como curandeiro-chefe do Domínio.

— Sim, já estou atrasada. — O mapa de Hyrule estava aberto na mesa onde eu tomava o café da manhã. — Preciso chegar em Akkala antes do prazo final. Pai! — Reclamei quando o zíper da bolsa explodiu, jogando tudo no piso de luminous stone.

— Exagerei um pouquinho. — Ele sorriu constrangido, ao sentar-se no chão e tentar colocar o zíper no lugar. Não funcionou. — Sinto muito (s/n)...

—Você tem alguma mala para me emprestar?

— Não... Ah! A loja de artigos diversificados abriu novamente, eles devem ter algo que sirva lá. Já volto! — Ele disparava pela porta do quarto enquanto falava.

Como poderiam ser tão diferentes? Minha mãe, uma mulher prática, minimalista e séria. E ele, uma criança presa no corpo de um adulto. Com os olhos e o sorriso sempre prontos para a próxima travessura. Sorri da combinação inusitada entre os dois.

Se mamãe tivesse escolhido ficar aqui... Como teria sido minha vida?

Será que eu seria menos rígida e sedenta por me provar?

Sacudi a cabeça negativamente. Isso era improvável. Se tivesse crescido em meio aos Zora teria sido ainda mais competitiva, por todas as desvantagens que me separavam dos sangues puros.

Depois de transferir as coisas para a nova bagagem, uma mala de couro escuro com alças e interior impermeável, e com detalhes em material azul. Meu pai me ajudou a ascender as duas cachoeiras que davam acesso ao Toto Lake, para em seguida saltar no Lake Akkala.

— Sua jornada será mais rápida a partir daqui. — Ele indicou a ponte de madeira acima de nós, que se conectava a estrada de Kaepora Pass e seguia diretamente até o acampamento. — Tem certeza de que não quer que eu a acompanhe?

— Tenho, posso me virar sozinha. Obrigada!

— Como preferir, minha filha. — O abracei pelas costas e nadei até a margem direita da montanha. Uma vez em solo firme, sacudi os braços acima da cabeça, para sua figura azul, que quase se mesclava a cor da água do Lake Akkala.

— O Black vai ficar muito bravo. — Pensei ao atravessar a East Sokkala Bridge e lembrar que tinha pedido para meu cavalo esperar no FootHill Stable que ficava na estrada contrária a que eu seguia.

Não demorou muito até que a chuva que pairava aquela manhã no Domínio me alcançasse enquanto eu descia um trecho de terra com vista para o mar. Parei na bifurcação para apreciar a paisagem e quase fui arremessada ladeira abaixo quando vários cavalos passaram raspando velozmente por mim. Bokoblins seguiam alguém que tentava fugir.

Saí do caminho e observei o rapaz na dianteira se precipitar com sua montaria pela borda da montanha. Nunca havia visto um cavalo realizar tal façanha. Ele aumentou o passo e pulou no ar, um brilho azul explodiu abaixo de seu corpo, e ele girou o tronco com o arco na mão, sua figura prateada se destacando em meio ao céu nublado devido a tempestade. Cinco flechas foram disparadas ao mesmo tempo e encontraram seus alvos com perfeição, enquanto as montarias deles empinavam com medo da queda mortal.

Fumaça roxa explodiu uma atrás da outra e o rapaz sumiu montanha abaixo.

Corri até o local onde ele havia desaparecido. O homem agarrava a base do desfiladeiro com todas as suas forças, no entanto, a chuva deixava a rocha escorregadia.

— Aqui! — Gritei e me deitei na grama, estendendo a mão para ele. Um trovão caiu perto do lugar onde ele se segurava, o fazendo escorregar ainda mais. — Droga!

Retirei a mala das costas e percebi que os detalhes em metal azul não eram apenas enfeites. Mas sim, um misto de corda com chicote, apresentando juntas que lembravam escamas, que se afastavam para criar pontos de contato e se uniam formando uma superfície lisa e maleável. Me joguei uma vez mais no chão e arremessei a ponta do instrumento no abismo em direção ao rapaz. Ele girou o pulso duas vezes ao seu redor e acenou com a cabeça.

Travei os músculos do meu braço, o trazendo para cima, enquanto agarrava o solo com a outra mão. À medida que a corda diminuía, eu ajeitava meu corpo no chão. Agora estava sentada na base da montanha, fincando os saltos na terra para dar apoio, coloquei mais força e velocidade na corda.

— Oh! — Eu pensei que o homem tinha apenas se pendurado na corda, mas na verdade ele escalava com os pés apoiados na rocha. E no último puxão eu o trouxe rápido demais para o solo. Ele escorregou na lama e caiu em cima de mim. Me prensando de costas na grama.

— Me desculpe. — Ele se apressou a erguer o corpo, mas a corda nos mantinha unidos pelos pulsos. Ele levou um joelho ao chão, enquanto tentava se desvencilhar das amarras.

Seus olhos azuis absorveram o dourado do trovão que rasgou o céu nublado. Os cabelos longos e loiros balançavam violentamente com a chuva torrencial. Seu semblante franzido era curiosamente fofo.

— Poderia me ajudar? — Ele perguntou acanhado. Eu ainda estava estatelada abaixo dele. Me ergui com velocidade anormal e ele caiu sentado ao se assustar. Se perdendo ainda mais na corda azul.

— Acho que ela funciona assim. — Toquei o cabo da corda, que me fazia pensar que aquilo era um chicote, e girei o mecanismo duas vezes. A força com que ela se agarrava aos nossos pulsos se desfez. E a corda pareceu relaxar. — Interessante. — Pensei alto e o rapaz concordou com um movimento de cabeça.

Ele se levantou do chão, limpando as mãos nas partes de suas vestes que não estavam mergulhadas em lama. Para em seguida estendê-la na minha direção. Quando toquei seus dedos, um formigamento percorreu toda a extensão do meu braço até o meu peito e depois subiu para as bochechas.

Aprofundei o aperto, até que um gemido de dor escapasse de seus lábios. O soltei apressadamente. Ele massageava uma mão com a outra, me olhando com curiosidade. Seu semblante dizia tudo. Ele não esperava que eu fosse tão forte assim.

Filha do Sol e do Mar__FANFIC: Link x Leitora (BOTW)Onde histórias criam vida. Descubra agora