- Está tudo bem? - Perguntou Estevão, aproximando-se quando viu Evandro se engasgar com a bebida. Com dois tapas fortes nas costas de Evandro, ele tentou ajudá-lo a se recuperar.
- Sim! – Respondeu Evandro, tentando rapidamente pensar em como mudar de assunto.
- E então? – Insistiu Estevão, depois de esperar que Evandro se recuperasse.
- O quê? – Ele ficou momentaneamente sem palavras, sem saber como responder à pergunta.
- O que queria com a Maria? – Ele perguntou, mais uma vez, seu tom cortante ecoou pela sala. – Nas oito vezes que a visitou. – Estevão já havia levantado toda a lista de visitas que sua esposa recebeu enquanto estava presa.
- Fui... fui pedir perdão... dizer que me arrependia, que não tinha pensado nas consequências... nas crianças... – Ele respondeu, tentando ser o mais convincente possível após um breve momento de hesitação. – Mas como ela deve ter falado para você, não me recebeu! – Ele continuou, sua mente trazendo à tona a dolorosa lembrança de quando a visitou depois de um ano que ela estava na prisão, e mais uma vez ela negou-se a vê-lo. Mesmo após ele ter enviado cartas, prometendo tirá-la dali, prometendo um novo recomeço.
- Pedir perdão? Por mentir no tribunal? – Estevão tinha as mãos tão cerradas em punho que suas articulações estavam brancas de tanta força.
- O quê? Eu nunca... - Ele murmurou, atordoado, como se a acusação fosse completamente inesperada para ele.
- Você disse que a viu com a arma ainda apontada para Patrícia! – Estevão gritou, a voz carregada de raiva. – Se vocês mentiram... eu... – Ele levantou-se abruptamente da poltrona, passando agitadamente a mão pelos cabelos em um gesto nervoso. – É preferível que deixem o país, porque eu te asseguro que voltarei e revisar cada detalhe da investigação que foi feita e....
- Eu... eu falei a verdade! – Ele o interrompeu. – Está desconfiando de mim? Não esqueça que nos conhecemos há muito tempo, antes mesmo de ela entrar na sua vida... sabemos das dores um do outro. Não esqueça de tudo que vivemos por uma mulher como...
- Como?... Ela é minha mulher! Minha! - Afirmou com veemência, sua voz ressoando com uma mistura de incredulidade e possessividade. - E se vocês não a respeitarem como tal, não vejo razão para continuarmos mantendo essa amizade. - Estevão declarou com firmeza. Já não acreditava em nada que ele falava.
- Ok! Me desculpe. - Evandro recuou, compreendendo que atacá-la naquele momento não seria produtivo. - Eu sei que nesse momento é difícil, mas precisamos conversar e resolver isso de maneira civilizada. - Ele tentou aliviar a tensão, demonstrando abertura para resolver suas dúvidas de maneira madura e respeitosa. Apontando para a poltrona de onde estava, indicou que ele voltasse a se sentar e mantivesse a calma.
- Civilizada? Vocês destruíram a vida da minha esposa e agora falam em civilidade? - Ele apertou os punhos, lutando para conter sua raiva. - Eu não sei se consigo ser civilizado com vocês depois disso. - Sua voz e expressão transbordavam raiva e ódio.
- Estevão, por favor, você precisa entender... confiar no que estou dizendo. Nós não mentimos, vimos o que vimos. O laudo comprovou que eram as digitais dela na arma. Você viu! - Evandro fez um apelo, esperando que os fatos concretos pudessem dissipar as desconfianças entre eles.
...
- Você é um traidor. Um completo miserável, canalha egoísta!... – Maria entrou na sala de Estevão sem cerimônia, lançando insultos antes mesmo de perceber que não estavam sozinhos na sala.
Leonel observou Maria, que parecia uma fera prestes a atacar. Diante do olhar furioso dela, ele ainda tentou conter qualquer vestígio de sorriso, embora achasse a situação engraçada.

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A Madrasta
RomanceAdaptação de uma das minhas novelas preferidas. <3 Obs; está sendo corrigida.