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No café da manhã, a convite de Ângelo e Carmem, todos acabaram se reunido à mesa em um clima aparentemente estável. Contudo, Alba, ciente de que Estrela não estava satisfeita com Maria ali, habilmente aproveitava cada oportunidade para provocá-la. Ela tinha pleno conhecimento dos ciúmes da jovem em relação a tudo que envolvia sua mãe.

- Você retorna hoje? - Ângelo questionou Maria, que estava ao seu lado.

- Ângelo, Maria não é médica! O que aconteceu ontem não vai se repetir. Eu e Carmem vamos nos revezar para garantir que você não fique sozinho. - Alba declarou, com desagrado em sua voz.

- Não quero ser um fardo na vida de vocês. - Lamentou, relutante em ver suas tias ligadas a ele e aos seus problemas de saúde.

- Não se preocupe, meu amor. Está tudo bem. Somos só amor aqui. Amamos você! – Asseguraram Carmem e Heitor, em uma tentativa sincera de tranquiliza-lo.

- Para mim, não é incomodo algum querido! Pode contar comigo se precisar de algo. - Maria piscou para ele. - Mas hoje, infelizmente, não acho que seja possível. Tive que desmarcar um compromisso ontem e não acredito que consiga escapar hoje. - Respondeu, expressando sua disposição em estar presente.

- Teve que desmarcar por minha causa!? – Perguntou, sentindo-se culpado.

- Claro que não... eu estava com tempo, mas acabei dormindo. – Sorriu para ele, tentando minimizar sua culpa.

- Então foi isso!? Você esqueceu de avisar o pobre coitado. – Vivian falou, sorrindo. – Geraldo, ligou preocupado com você. – Acrescentou em resposta ao olhar interrogativo de Maria.

- Ele voltou a te procurar? – A voz imponente de Estevão fez-se ouvir quando ele se juntou a eles no café da manhã. Ele estava elegante e pronto para o trabalho, enquanto ela o observava, sentindo uma crescente inquietação em sua intimidade.

- Está se sentindo melhor, pai? – Estrela, que não via o pai fora de seu quarto desde que voltou do hospital, correu para ele e o abraçou. – Te amo, paizinho! – Beijou seu rosto, por um instante esquecendo-se de que outra mulher havia ocupado o quarto de sua mãe, suavizando sua expressão que, desde que avistou Maria, tinha se tornado mais rígida e tensa. Desde então, não pronunciara uma única palavra, apenas suportando as piadas de Alba, que, mesmo de mal-humor após o que presenciara na noite anterior, não perderia a chance de atormentar a jovem.

- Estou bem sim, filha! – Depositou um beijo carinhoso em sua cabeça.

- Não está pensando em ir para a empresa, né!?

- Se sente bem para voltar a trabalhar?

- Não é melhor descansar mais uns dias!?

- Tomou seus medicamentos?

Suas primas lhe enchiam de perguntas e conselhos, cada uma expressando sua preocupação, enquanto Maria observava atentamente, analisando-o.

- Não precisa se sentir pressionado a voltar. Posso cuidar das coisas até que esteja se sentindo melhor. - Maria comentou, oferecendo seu apoio.

- Eu sei! E confiaria a minha vida a você. – Ele disse enquanto tomava seu lugar à mesa, olhando diretamente para ela. Uma onda de calor subiu pelas bochechas dela, enquanto pensava, envergonhada, "Por que ele diz coisas assim na frente dos outros?". – Mas preciso voltar a trabalhar... Possivelmente, essa sensação de mal-estar seja resultado do tempo prolongado que passei no quarto.

A MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora