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Dois meses depois...

- Já pensaram nos nomes? – Perguntou o médico para os dois. Era a terceira consulta e o bebê sempre estava de pernas fechadas.

- "Sim." "Não." - Eles deram respostas diferentes.

- Você já tem um nome? – Ela perguntou, com irritação perceptível em sua voz.

- Achei que seria como das outras vezes! Se for menino, eu escolho e se for menina, você escolhe. – Ele respondeu, enquanto ela arqueava uma sobrancelha com desaprovação.

- Parece um bom negócio para... a senhora. – O médico comentou, enquanto os dois olharam para ele e depois para a tela, onde a imagem do filho deles estava sendo exibida.

- Não me diga que é...

- Uma menina muito discreta! – Brincou o médico, enquanto Estevão sorria alto, com lágrimas nos olhos, e Maria já estava se afogando em suas próprias lágrimas.

- Vamos ter mais uma princesa! – Ele disse, olhando para ela com ternura e a beijando amorosamente, onde pôde.

O médico os observava com um sorriso, conhecendo bem o padrão deles nas consultas: primeiro as brigas por ela ser teimosa e não seguir a dieta, e depois, os momentos doces e apaixonados ao verem e ouvirem sobre a filha.


Durante esses dois meses, a relação entre eles era tão imprevisível quanto uma montanha-russa. Com momentos de profundo amor, onde trocavam carícias pela casa, no trabalho, na joalheria, até mesmo no carro. Mas também momentos de intensa discordância, onde pareciam cão e gato. Principalmente quando ela teimava em trabalhar incansavelmente e sair sem dar satisfações, deixando-o à beira da loucura, se vendo obrigado a ligar para o motorista só para descobrir o paradeiro da esposa.

...

- É uma menina! – Ele se adiantou para compartilhar a notícia com os filhos e Vivian, que esperavam do lado de fora da sala, mostrando-lhes as imagens do ultrassom. Seu rosto irradiava felicidade pura, um sorriso largo adornando seus lábios enquanto seus olhos brilhavam.

- Eu ia contar! - Maria cruzou os braços e semicerrou os olhos na direção dele.

- Você já vai escolher o nome!

Mesmo em meio à expressão de Maria, eles, já acostumados com as discussões do casal, deram os parabéns a eles. Logo em seguida, ignorando a discussão dos dois, Vivian e Estrela, que haviam feito uma aposta com Heitor e Ângelo sobre o sexo do bebê, estenderam as mãos para cobrar os 100 reais combinados.

Elas estavam mais que felizes por saber que logo teriam uma boneca em casa. Ambas sentiam uma carência por essa experiência, pois a infância de Vivian foi marcada pelo trabalho, e Estrela sempre teve dificuldades em construir amizades que realmente lhe fizessem bem, tendo como únicos amigos os irmãos.

Nesses meses que seguiram, os quatro pareciam ter estabelecido uma boa convivência, embora não estivessem isentos de discussões, afinal, eram duas mulheres jovens e dois rapazes, com idades entre 14 e 18 anos. Era natural que ocorressem atritos de vez em quando. No entanto, agiam mais como irmãos do que qualquer outra coisa, protegendo-se mutuamente.

Vivian, graças à ajuda de Heitor, que nos últimos meses havia se rendido ao seu jeito tosco, desajeitado, mas sincero, estava focada nos estudos. Com a aproximação dos dois, o relacionamento dele com Maria deixou de ser frio e sem palavras para se tornar apenas frio, pois conseguiam trocar algumas palavras sem tanto desdém por parte dele.

Desde que Maria e Vivian se mudaram para sua casa, Heitor, que estava começando a se afundar no mundo do alcoolismo, viu-se obrigado a reduzir suas saídas. Agora, era constantemente questionado sobre suas amizades e paradeiro, o que inicialmente o desagradou. Ele se considerava um adulto e achava que não precisava que lhe dissessem o que fazer, especialmente quando pensava que ninguém naquela casa tinha moral para tal. No entanto, ele teve que aceitar essa nova realidade e se comprometer a voltar a andar na linha.

A MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora