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- Tudo bem! Fiquemos em silêncio, então. – Disse Maria, enquanto continuava acariciando os cabelos de Estrela. Mas logo começou a compartilhar sobre a loja, expressando o quanto sentia falta da energia jovial de Estrela, que sempre trazia ideias novas e interessantes. Maria também mencionou Greco, que constantemente perguntava por Estrela. Ao ouvir isso, Estrela começou a dedicar mais atenção à conversa.

À medida que o tempo avançava, quase sem perceber, o som reconfortante da voz e do sorriso de sua mãe parecia reconstruir cada pedaço de seu coração jovem.  Sua natureza intensa, típica da juventude, a levava a viver cada experiência e sentimentos ao máximo.

- Queria ter 30 anos! - Compartilhou algumas de suas aflições com Maria.

- Com certeza, você quer! - Maria sorriu para Estrela enquanto continuava mimando-a. - Mas a vida é assim. Na juventude, sentimos que o tempo não passa, e de repente, percebemos que estamos nos aproximando dos quarenta. Apenas aproveite a jornada, meu amor!

- Como vou aproveitar se o mundo me proíbe de fazer o que quero? Além do meu pai, é claro! - Revirou os olhos. - Desse jeito Carlos vai acabar encontrando alguém que seja livre como ele.

- Carlos? - Maria ergueu uma sobrancelha com curiosidade, aguardando a resposta de Estrela.

- Sim! Se é que já não encontrou alguém. - Ela disse com um tom aborrecido.- O vi beijando minha amiga. – Maria, a ouviu e por fim, entendeu a razão de suas lágrimas. – Por isso, não gosto de fazer amigos. Pessoas sempre traem umas às outras...e o pior é que...

- O pior é que dói quando as pessoas que você acha que conhece e que costumavam ser próximas se tornam apenas pessoas que você não conhece.  – Maria comentou, reconhecendo a angústia compartilhada por Estrela.

- Sim! Se for para ser assim, prefiro ser sozinha.

- Infelizmente, o mundo é belo, mas cruel. E os sentimentos... esses são maravilhosos, mas também impiedosos. - Maria concordou, reconhecendo a dualidade complexa da vida e dos relacionamentos.

- Você está realmente tentando me animar? - Estrela perguntou com certo divertimento. - Esperava algo mais otimista. - Sorriu, indicando que buscava um impulso de positividade.

- Certo! - Sorriu de volta. - Vamos lá, o que está procurando?

- Basicamente, alguém que me suporte.

- É um bom começo. - Maria respondeu, sorrindo e se deixando envolver pelo espírito determinado de sua filha. - E quem sabe, você encontre alguém que não apenas te suporte, mas que também compreenda e aprecie a pessoa que você é.

...

Enquanto Maria dedicava sua atenção a Estrela, Geraldo continuava conversando com Estevão, Alba, Carmem, Ana Rosa, Ângelo e Heitor. De vez em quando, ele lançava olhares ao relógio, ciente de que tinha uma viagem programada para aquela madrugada. Gostaria de ter deixado a casa de Estevão mais cedo para ter um momento privado com Maria.

Por sua vez, Estevão exibia todo o seu orgulho por Maria ter tomado a decisão de ficar com Estrela, sentindo-se vitorioso nesse jogo imaginário de rivalidade. 

- Querido, será que você acompanhar Ana Rosa até seu apartamento? – Alba sussurrou discretamente para Estevão. Ela esperava que quando Maria descesse, ficasse claro que Estevão já tinha planos de passar a noite com Ana Rosa e nem mesmo a esperou para se despedirem. - Não quero parecer indelicada, mas pedi a ela que resolvesse algumas coisas para mim, amanhã logo cedo.

- Não!... eu posso esperar, querido. - Ana Rosa interveio, aproximando-se e colocando-se ao lado de Estevão.

- Na verdade, não precisam se preocupar comigo. Também estou apenas aguardando Maria. - Geraldo, que participava de uma conversa separada com Heitor, ouviu parte da conversa dos três. 

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