57

789 45 14
                                    

...

- Eu te amo! - Ele disse, enquanto a água quente caía sobre eles e em seu olhar refletia todos aqueles anos que ficaram longe um do outro, refletia a saudade que sentiu, o desejo, raiva e frustração por um amor não vivido. Segurando seu rosto, ele a beijou com paixão desesperada, como se tentasse recuperar o tempo perdido. - Promete que não vamos deixar que essas mentiras nos afastem de novo. - Agora que ele sabia que Evandro sempre a desejara, percebia o quanto havia deixado que a opinião dele influenciasse em seu relacionamento desde o começo.

- Ok!... - Ela concordou. Também reconhecia que muitos dos desentendimentos entre eles no passado aconteceram porque ela acreditava em Patrícia, e não nele. - Estou com o diário da Patrícia. - Sussurrou, surpreendendo-o. - Não me olhe assim. - Acrescentou ao ver sua expressão de reprovação. - Não confiava em você!

- E agora? Confia em mim?

- Por favor, não me decepcione.

- Não vou. - Sua voz era um sussurro rouco e grave, carregado de promessas silenciosas.

- Tem outra coisa.

- O quê?

- Não quero que Ângelo saiba que Alba é sua mãe.

- Maria...

- Não! Ele não merece saber que é ela!... Faz ideia do quanto isso vai magoa-lo?... Agora é meu filho.

- Posso tentar convencê-la, mas sabe como ela é quando o assunto é...

- Não!... Dê um jeito de mantê-la calada. - Ela o interrompeu de maneira irredutível.

- ...Ok! - Ele respondeu, sentindo que ela não recuaria. Com com delicadeza, seus dedos deslizaram pela pele macia, antes de voltar a beijá-la.

...

- Bom dia!

No dia seguinte, Estevão e Maria surgiram na sala para o café da manhã, saudando os jovens que já estavam à mesa, envolvidos em conversas paralelas enquanto os aguardavam. Desde que ela voltara do hospital com Luna, esse hábito se tornara frequente, embora normalmente eles chegassem em momentos diferentes e quase sempre atrasados, dada a pressa para saírem de casa. Mas naquela manhã, os quatro jovens haviam chegado antes do casal.

- Bom dia! - Os quatro responderam olhando para ele, que tinha o rosto com alguns machucados.

- Não quero saber das piadas de vocês.  - Pressentindo que eles já sabiam o que tinha acontecido na empresa, Estevão os advertiu, enquanto puxava a cadeira para Maria, que como sempre, foi até cada um dos jovens, beijando o topo de suas cabeças e acariciando-os com ternura, um gesto que só ela conseguia fazer de maneira tão especial.

- Nós não falamos nada. - Heitor falou na defensiva.

- Não, mas pensaram.

- Pois é, mas já que o Sr. mencionou... poderia nos dizer o que houve ontem? - Enquanto tomava seu café, Estrela se fez de desentendida sendo a primeira a interroga-lo. - Quando me contaram que meu pai andou brigando eu não acreditei. - Ela arqueou uma sobrancelha enquanto o encava.

- Estrela... - Maria chamou sua atenção, ciente de que a jovem estava prestes a provocar seu marido. Já tinha sido difícil acalmá-lo o suficiente para que ele não representasse um risco para todos, dada a raiva que ainda fervilhava dentro dele.

- É que ele sempre nos diz para não arrumar confusão na rua... ou mentir.

- Se não tiver um motivo. - Estevão a interrompeu justificando suas atitudes.

A MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora