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- Não! - Respondeu Heitor, encarando os dois. - Não é mais necessário. – Acrescentou, saindo do escritório do pai e deixando-os um tanto confusos.

- Eu sei que isso é importante para vocês... – Disse Maria, após ver seu filho sair do escritório. Então, ela olhou para Estrela, que, séria, mantinha os olhos fixos neles. – Não quero que façam algo contra a vontade de vocês.

- Façam o que quiserem. - Respondeu Estrela, detestando toda essa situação e as mentiras que lhes contaram. Contudo, reconhecia que sua mãe já havia passado por maus bocados, por isso também preferiu sair do escritório, evitando dizer algo imprudente.

-  Bem... – Comentou Ângelo, assim que sua irmã saiu, trocando olhares desconfortáveis com Vivian. – Também vamos indo. – Com os olhares dos pais sobre ele e Vivian, tentando entender o que acontecera, ele se retirou ao lado dela.

- Está acontecendo alguma coisa, Estevão. - Maria falou para seu marido logo depois de vê-los sair do escritório.

- Eu sei... mas não quero que se preocupe com isso. Deixe que eu falo com eles.

- Como posso não me preocupar?... Estrela, de repente, mal fala com você. - Nos últimos dias, Estrela até conseguiu controlar suas palavras e vinha tentando aos poucos restabelecer a conexão entre ela e sua mãe. Porém, quando se tratava do pai, sua postura era desafiadora, carregada de hostilidade e respostas afiadas, deixando transparecer a raiva que sentia. - Heitor estava até outro dia afundado em bebida, envolvendo-se com más companhias, e agora está fumando... - Olhou para a parede manchada pela fumaça. - Como eles conseguiram colocar fogo nesse quadro?... - Ela começou a andar de um lado para o outro. - Estavam brigando quando chegamos. - Maria recordou, imaginando que os três tivessem se envolvido em uma discussão que, como resultado, acabou no incêndio do quadro.

- Eu disse para não se preocupar. - Ele aproximou-se dela e a fez parar. - Além do mais são jovens, estão sempre aprontando alguma coisa. – Segurou-a pela cintura e beijou sua testa. – O importante é que, com você, eles estejam bem.


Naquela mesma noite, enquanto Maria dormia, Estevão reuniu os quatro no escritório, agindo às escondidas da esposa, querendo descobrir o que eles estavam escondendo. Com o comportamento imprevisível dos filhos, temia que pudessem responder mal a ela. No entanto, sua tentativa foi em vão. Os quatro o ouviram em silêncio, recusando-se a dar qualquer resposta, deixando-o intrigado. Ele sabia que estavam escondendo algo, mas não conseguiu tirar nada deles. Apesar disso, o simples fato de o quadro não existir mais lhe trazia certa paz. Ele notava nos olhos dela uma felicidade silenciosa pela ausência do quadro.
...

Cinco dias depois,

- E a Maria? – Estevão perguntou a Estrela assim que a viu entrar em casa.

- Não sei! Não está aqui? – Respondeu ela friamente, mantendo a postura que adotara nos últimos dias desde que descobrira a verdade.

- Ela saiu daqui para te encontrar! - Estevão falou com enfado. Estava cansado do comportamento da filha.

Ele havia chegado à conclusão de que na vida realmente não se pode ter tudo, era sempre uma troca, melhora de um lado, piora do outro. Contudo, aguardava ansiosamente pelos 45 dias até o nascimento de Luna. Então, sem temer que sua esposa ficasse estressada, ele poderia colocar os filhos de castigo e encarar as consequências disso.

- Sim... mas ela veio na frente. - Estrela explicou.

Maria havia acompanhado a jovem no shopping, mas como Estrela encontrou suas amigas e Maria estava cansada, ela resolveu deixá-la com suas amigas e voltou para casa.

A MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora