- Sim... é exatamente isso que vocês ouviram! - Respondeu, visivelmente desconfortável diante da inquisição dos filhos.
- Mas, e aquela história de querer marcar a data do casamento? – Estrela questionou, sua voz carregada de curiosidade e uma leve impaciência, características típicas da adolescência. Enquanto isso, ele mantinha as mãos seguras no volante do carro, evitando olhar diretamente para ela.
- Não sei onde estava com a cabeça! – Ele soltou uma mentira consciente, sabendo que a verdade faria os três jovens pensar que ele estava tentando provocar ciúmes nela. Para Estrela, esse detalhe acionava mais uma vez o sinal de alerta em relação a Maria.
- Vai me dizer que queria provocar ciúmes na Maria!? – Estrela questionou, arqueando uma sobrancelha. – Ai pai, é sério?... A Maria não é uma adolescente. Você, que a conhece há tanto tempo, deveria saber. - Balançou a cabeça negativamente. - Imagine, Maria, linda do jeito que é, e com tantos pretendentes, vai se importar com Ana Rosa... Oh, e só para você saber, a Maria não é para ser levada a sério. - A jovem aconselhou. - E não é só porque não quero uma madrasta. - Avisou antes que fosse condenada por seu pai e Ângelo. - Ela me confidenciou que só amou uma vez, e esse amor foi sua perdição. Por tanto, ela não vai cair nesse seu joguinho.
- Ela disse isso? – Estevão perguntou ansioso, enquanto Heitor, observava sua reação.
- Sim!... aparentemente ele a matou. – Confirmou pensativa, recordando-se da expressão de Maria ao compartilhar essa informação com ela. – No sentido figurado, eu acredito. – Completou rapidamente. – E é por isso que eu tenho certeza de que ela não está interessada em algo sério. – Na cabeça de Estrela, isso era perfeito. – E não podemos negar que ela tem ótimas opções para passar o tempo. Sem querer te ofender, pai, mas ela tem uma fila de admiradores, e eles não ficam para trás. Estão prontos para servi-la. – Estrela expressava seus pensamentos sobre a situação, parecendo satisfeita com suas conclusões e o desfecho que se desenrolava. Paralelamente, Estevão respirava nervosamente, e seus irmãos permaneciam em silêncio, observando Estrela falar como um trem desgovernado.
- Entendo! – Foi o único comentário que conseguiu articular.
- Mas e então, está mais aliviado agora que não precisa beijá-la às escondidas? - A provocação escapou dos lábios da jovem, enquanto seu pai a encarou rapidamente com um olhar constrangido, como se estivesse ponderando como negar. - O quê? Não nos olhe com essa cara! Eu não sei como a Ana Rosa ainda não pegou vocês. Só eu já vi duas vezes. – Ela o repreendeu, assumindo o papel de responsável naquele momento. Se aproveitou da situação para tratá-lo da mesma forma como ele costumava tratá-la quando cometia alguma travessura, e agora quem devia explicações era ele.
- Três! - Ângelo comentou, se divertindo às custas do pai, que estava claramente se enrolando com sua irmã.
- Três, também! - Heitor confirmou, unindo-se aos seus irmãos.
- Vocês já chegaram nos finalmente? – Estrela foi além com suas provocações, levando seu pai a se sentir cada vez mais constrangido e seu rosto assumindo uma tonalidade avermelhada.
- É o quê? – Estevão perguntou, incrédulo com a conversa que estava tendo com os filhos, enquanto acelerava o carro. Desejava chegar logo em casa para encerrar aquela situação desconfortável e pensava que, se Maria soubesse das perguntas que estavam fazendo, certamente morreria de vergonha.
- Achamos que vocês transaram naquele dia que a Maria dormiu na nossa casa. - Estrela admitiu, e novamente foi surpreendida pela reação instantânea de seu pai, que freou bruscamente o carro em frente ao portão de casa.
- Chegamos! - Estevão estacionou em frente à entrada, agradecendo aos céus por, finalmente, terem chegado em casa.
- Não vai entrar? - Ângelo perguntou. Geralmente eles descem na frente da casa, não diretamente em frente ao portão na rua.

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A Madrasta
RomansaAdaptação de uma das minhas novelas preferidas. <3 Obs; está sendo corrigida.