15

783 54 11
                                    




Leonel, que o viu ali parado, aproximou-se para cumprimenta-lo, também acabou ouvindo parte da conversa, mas antes que pudesse falar algo, Ana Rosa apareceu, perguntando por Estevão. Heitor, sem dar muita atenção a ela, deixou o local com Leonel seguindo-o.

... 

- Maria, não tem como fazer isso acontecer. Eles vão desconfiar. – Em meio a mais uma discussão, Estevão tentava fazer com que ela raciocinasse.

- Não me importo! É o único jeito que tenho de ficar perto deles e de... – Antes que ela pudesse concluir a frase, foram interrompido por duas batidas na porta.

Ana Rosa empurrou a porta e entrou, indo diretamente até Estevão para beijá-lo. Ele a avistou e respirou fundo, sentindo-se desconfortável e sem saber como agir diante da situação.

- Olá, meu amor! - Ela beijou sua boca. - Maria. – Ainda agarrada a Estevão, Ana Rosa também cumprimentou Maria, que retribuiu o cumprimento com um olhar frio e dirigiu-se à porta.

- Maria, ainda não acabamos. – Estevão se desvencilhou de Ana Rosa e caminhou até Maria.

- Por hoje, encerramos. Agora, dedique sua atenção à sua noiva, que parece estar precisando. – A olhou de cima a baixo. – Até amanhã, Estevão. – Ela partiu sem olhar para trás, enquanto, internamente, os ciúmes a consumiam.

- Como assim, até amanhã? - Ana Rosa questionou, confusa e sentindo um ódio crescer dentro dela.

...

- O que está acontecendo? E deixe de rodeios. – Assim que pisaram fora do prédio, Heitor exigiu de Leonel, que o seguia. 

- Você ouviu! - Leonel colocou as mãos nos bolsos enquanto o observava, ciente de que ele começava a entender o que estava ocorrendo.

- Ela é esposa dele?... Mas como? 

- Pensa, Heitor. Não foi você que disse que lembrava dela. Então...

- Fale logo. - Disse em voz alta. Mesmo que já pressentisse, estava em negação diante de todo esse absurdo.

- Acho que você já sabe a resposta. 

- Ela. Minha mãe... mas, não pode ser! Ela está morta. Não está!? – Ele disse, enquanto em sua mente mais lembranças dele com ela inundavam sua mente. Recordou-se mais uma vez, dela repetindo a palavra "mamãe" e brincando com ele. Por fim, reviu as imagens que há muitos dias vinha sonhando. No sonho, ela amamentava um bebê enquanto sorria para ele e o chamava, contudo, desta vez, o sonho que nunca tinha um fim não se encerrou com a voz dela chamando por ele. Em vez disso, ele correu para os braços do pai, que o pegou no colo, o beijou e, em seguida, foi até ela e a beijou. – Ela é minha mãe! – Sentindo-se frustrado e perdido, sentou-se na calçada, seus olhos cristalinos refletindo a tristeza contida nas lágrimas que evitava derramar. Pensava em tudo que havia vivido com ela desde que retornara, e agora muita coisa fazia sentido. – Ela se referiu a Estrela como 'minha menina'.

- É o quê? 

- Quando Estrela sofreu o acidente, ela a chamou de 'minha menina'... – Parou de falar ao notar Maria saindo apressadamente do prédio.

Heitor e Leonel observaram-na atravessar o estacionamento, e logo em seguida, fixaram seus olhares em Estevão, que vinha logo atrás dela e sem muito esforço, a alcanço e segurou em seu braço, forçando-a a parar. Enquanto ele segurava seu braço, ela o empurrava, indicando que estavam envolvidos em uma discussão acalorada. Heitor os observava, curioso, desejando ouvir o que estavam discutindo.

- Por quê? – Sua expressão oscilava entre tristeza e raiva, enquanto seu coração batia desordenadamente, tentando manter a calma.

Sua mãe estava viva. A mulher responsável por sua maior dor estava viva. E ele se via perdido, sem saber como agir, pois a fúria e a indignação pulsavam dentro dele, clamando por confrontar ambos, e expor tudo o que estava entalado, e exigir a verdade.

A MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora