54

862 51 24
                                    

- Sim!... Eles se conheceram quando ela trabalhava como garçonete em um restaurante. Ele logo encontrou uma maneira de trazê-la para trabalhar na empresa do seu pai, que estava apenas começando. Naquela época, seu pai tinha apenas alguns anos de formado e ainda não era o homem que você conhece hoje.

- Verdade? – Se mostrava interessada.

- Sim, é verdade! Ele sempre foi um bom homem. Todas nós tínhamos a certeza de que ele iria prosperar ainda mais. Apesar de seu único relacionamento duradouro ter sido com Fabíola, e ter terminado como terminou, ele já demonstrava ser um homem diferente. Sempre soube como tratar uma mulher. - Ela disse com um sorriso orgulhoso no rosto, impulsionado pelo álcool.

- E ela? E minha mãe?

- Ela, uma morena dona de uma beleza única.

- Morena? Achei que ela fosse loira. - Estrela arqueou uma sobrancelha.

- Ah, verdade... é que como você, ela também clareava os cabelos. Esses procedimentos...

- Luzes. - Estrela interrompeu com um tom de enfado.

- Isso! Luzes. Ela gostava de variar o visual.

- Sei!... Mas continua, estou curiosa para saber mais.

- Bem, como você sabe, ela era encantadora, cheia de vida e espontaneidade. Seu sorriso era capaz de iluminar qualquer ambiente... Fabíola, Alba e até mesmo Daniela a olharam com desconfiança desde o início. Ela era jovem e deslumbrante demais para o nosso círculo na época, todos já estávamos nos nossos vinte e poucos anos, e de repente, lá estava Evandro nos apresentando uma jovem de apenas 18 anos, vinda de origens simples, mas com uma coragem notável. Ela havia enfrentado tantas dificuldades, mas ainda era uma verdadeira sonhadora. - Ela disse, com um brilho nos olhos ao recordar. - E claro, inevitavelmente, sempre que podiam, elas desaprovavam Evandro... mas era pura inveja. - Ela sussurrou como se estivesse compartilhando um segredo. - Todos nós podíamos perceber a mudança no semblante de seu pai na presença dela. Evandro até tentou afastá-la da empresa quando percebeu o interesse do seu pai, mas já era tarde.

- Mas então... ela e meu tio Evandro tiveram algo?

- Não, nunca!... Bem, ele queria e nunca escondeu isso. Mas ela nunca se envolveu com ele. Apesar de negar, a verdade é que, assim como seu pai, ela também se apaixonou por ele desde o início. Todos nós testemunhamos isso acontecer, e nada do que tentaram dizer para seu pai adiantou. - Um sorriso nostálgico se desenhou em seus lábios ao recordar todas as artimanhas que todos, inclusive Evandro, haviam tramado. - Eles simplesmente não conseguiam disfarçar o que sentiam um pelo outro.

- Sempre pensei que vocês fossem amigos. – Ela franziu o cenho.

- Éramos, sim!... Depois de um tempo, seu pai a apresentou como namorada, e todos acabaram "aceitando". - Ela fez aspas com as mãos. - ...Seu a pai e ela tiveram seus altos e baixos, mas sabe, nada conseguia separá-los... quase um ano entre idas e vindas, eles fugiram e se casaram escondidos de todos, só depois oficializaram a união na igreja. - Com a voz embargada e sonolenta, ela seguia falando sobre o passado.

- Espera um pouco... acho que estamos avançando rápido demais. - Ela afastou o copo da frente de sua prima. Já era o bastante de álcool. - Por que eles decidiram se casar em segredo? Afinal, vocês já não tinham aceitado ela?

- O quê? – Perguntou confusa.

- Minha mãe... casando escondido... – Ela tentava arrancar mais informações de Carmem, que já estava mais lá que cá.

- Ah, sim... eles casaram escondidos. Sua mãe e seu pai tiveram uma briga por causa da Fabíola. Então, seu pai "sequestrou" sua mãe e eles se casaram em segredo, só retornaram quando ela... engravidou... - Ela sorriu levemente antes de cochilar.

A MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora