- Não, pode fechar. – Respondeu Patrícia após observá-la, percebendo que Maria não parecia com a mesma mulher que conhecera anos atrás.
- Ótimo... Não acho que seja interessante para nós que outras pessoas ouçam a nossa conversa. - Disse Maria, com um tom educado e seco, ao fechar a porta.
- Para nós, ou para você? – Patrícia questionou, arqueando a sobrancelha de maneira provocante. Maria ouviu seu comentário e dedicou alguns segundos a estudá-la atentamente.
- Para nós! – Afirmou Maria, ao mesmo tempo que passava tranquilamente ao lado de Patrícia e ocupava sua cadeira do outro lado da mesa de escritório. Com um gesto simples, convidou Patrícia a se sentar na cadeira à sua frente. – Bom, aqui estamos nós! – Ela aguardou que Patrícia desse início à conversa, enquanto batucava os dedos na mesa com uma leve expressão de expectativa.
- Não vai me oferecer algo para beber? – Patrícia mantinha uma calma fingida, e sua pergunta carregava um tom de desafio.
- Na verdade não. Estou exausta!...– Sua postura denotava um claro desinteresse em estar ali, enquanto seu olhar expressava impaciência, como se ansiasse por uma conversa rápida. – Se precisa tanto beber, fique à vontade para se servir. – Fez um gesto apontando para o armário de bebidas na sala. – Você já conhece a casa, sinta-se à vontade.
- Como chegamos aqui? – Indagou Patrícia, sua frustração e tristeza evidentes. Ou, pelo menos, era a imagem que ela acreditava estar passando.
Maria, que ainda batia com os dedos na mesa, interrompeu seus movimentos e a encarou. Seu rosto agora exibia uma expressão de interesse e fascínio, habilmente adotada graças ao que aprendeu com o diário.
- Éramos amigas, Maria! E eu confiava em você!... – Patrícia prosseguiu com um tom de desespero na voz, enquanto seu olhar distante parecia relembrar algo. Se observasse atentamente, era possível notar uma lágrima surgindo em seus olhos.
Maria examinava Patrícia com total atenção, dedicando-se inteiramente ao que ela estava expressando.
- Eu sei que você achou que eu estava tendo um caso com Estevão, mas não tínhamos nada!... – Patrícia esclareceu, com um tom de angústia em sua voz. – Eu... eu, jamais me envolveria com o marido da minha amiga. Ainda mais sendo ela, você... – Ela falou e aguardou, com expectativa, pela reação de Maria, que não veio. Maria permanecia com a mesma expressão impassível, sem emitir uma única palavra. – E então, tudo aconteceu... por causa de uma maldita desconfiança e maus entendidos. – Uma lágrima desceu em seu rosto. – Fiquei inconsciente por dez anos, confinada ao quarto de hospital, e quando finalmente despertei, perdi meu marido. Consegue se imaginar na minha situação? Consegue compreender o que senti?... Como se isso já não fosse o bastante, vi as imagens daquele dia e simplesmente não pude acreditar. - Ela continuava com a voz embargada pelo choro que tentava conter. - Mas você estava lá!... Você! Minha amiga.
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A Madrasta
RomanceAdaptação de uma das minhas novelas preferidas. <3 Obs; está sendo corrigida.