44

748 50 4
                                    

...

- Estevão? – Ela o chamou suavemente.

- Hum... – Ele respondeu sem abrir os olhos, afundando ainda mais no travesseiro voltando a dormir.

- Estevão? – Ela tentou novamente, dessa vez com um tom mais insistente. – Estevão? – Ela o empurrou.

- Hm... - Ele acordou assustado, piscando os olhos sonolentos. – Está tudo bem? – Ele perguntou, agora mais alerta ao perceber a agitação dela.

- Estou com fome! - Ela declarou, sua voz misturando-se com um tom de frustração.

- Agora? – Ele murmurou, ainda sonolento, antes de bocejar e verificar o relógio. Eram 2:30 da manhã.

- Seu filho! Você colocou ele aqui dentro. – O lembrou de suas próprias palavras.

- É, contra isso, não há argumentos! – Ele admitiu com um suspiro resignado se dando por vencido. – Como fazia antes? – Ele se levantou e dirigiu-se ao closet, recordando-se de que durante a gravidez de Estrela, também era assim.

- Tinha que levantar e ir na cozinha. –  Lamentou, expressando frustração por acordar com fome nas madrugadas. – Mas agora podemos dividir as tarefas.

- E o que meu filho deseja? – Ele perguntou, enquanto colocava uma roupa. – ...E então? –  Insistiu após um tempo sem receber resposta.

- Calma! – Ela respondeu, com uma nota de irritação na voz. – Estamos negociando. Ele só quer coisas calóricas. – Ela suspirou profundamente, preocupada com a possibilidade de ganhar peso excessivo se continuasse assim. Com um sentimento de culpa, seus olhos se encheram de lágrimas. Estevão, já devidamente vestido, olhou para ela com uma expressão confusa e se aproximou, sem compreender o que estava acontecendo.

- O que houve? – Ele perguntou, preocupado.

- Eu vou acabar engordando. – Ela desabou em lágrimas, e ele a abraçou com ternura, oferecendo conforto.

- Não vai não! Já passamos por isso antes, lembra? – Tentou consola-la. – Duas vezes... e continua linda! – Ele acariciou seu rosto gentilmente, transmitindo seu carinho e apoio.

- É claro que lembro! Eu que pari eles. – Respondeu como se fosse óbvio. – Mas eu tinha 19 e 21 anos. – Ela retrucou, visivelmente irritada, e mais uma vez ele a observava, agradecendo aos hormônios da gravidez por transformar sua adorável esposa em uma pessoa totalmente diferente em questão de segundos.

- Está bem... Por que você não desce comigo? Lá, você e nosso filho podem entrar em acordo sobre o que querem. Eu como o que vocês decidirem... e posso até te levar no colo. - Ele disse calmo, e em troca, recebeu um pequeno sorriso.

- Ok! – Ela concordou, com um sorriso divertido enquanto secava suas próprias lágrimas. – Isso não vai te fazer ter outro enfarte, certo? – Ela franziu as sobrancelhas, preocupada.

- Não, não vai! – Ele assegurou, colocando um robe preto nela e amarrando-o em sua cintura.   – Pronto! –  Beijou seu rosto ternamente e a pegou no colo.

...

No apartamento de Ana Rosa.

- Como assim, ela está grávida? – Ana Rosa questionou. Ainda tinha esperança de uma reconciliação.

Estevão, assim que soube da gravidez dela, enquanto Maria dormia após a discussão que tiveram, convocou uma reunião com Alba e Carmem. Ele queria garantir que Maria não fosse perturbada em sua própria casa.

- Você quer mesmo que eu te explique? Ela é muito mais esperta que você. – Alba sorriu com deboche.

Após quatro anos tentando afastar Ana Rosa de seu caminho, agora que finalmente conseguiu, percebeu que foi no pior momento possível. Parecia que o destino não parava de brincar com ela.

A MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora