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- E por que essas caras? Parecem ter visto um fantasma. –  Alba perguntou, observando Heitor e Ângelo,  que ainda demonstravam inquietação pelo que haviam escutado e visto.

- Não foi nada! – Heitor respondeu, tentando disfarçar o desconforto, enquanto tomava seu lugar ao lado de Vivian e dos irmãos.

Ela os observava com perplexidade, incapaz de compreender o comportamento deles. Especialmente Estrela, de quem ela esperava no mínimo mais um dos seus escândalos. No entanto, para sua surpresa, Estrela retornou com um sorriso no rosto, ao lado de Vivian, a quem ela havia apelidado de 'sem-teto'.

...

- Estou faminta! – Ele despertou com o som da voz dela, que descansava em seu peito.  Os dois estavam deitados no chão, sobre o tapete, ao lado do sofá, após terem se entregado ao amor e adormecido ali mesmo.

- É claro que está! – Ele sorriu, desviando o olhar para o relógio, que já marcava além das 22h.  Com carinho, beijou sua testa e, sabendo que ela precisava comer, levantou-se e gentilmente estendeu a mão para ajudá-la a se levantar.

Depois de se arrumar, ele se aproximou dela, que preguiçosamente também vestia suas roupas. Com habilidade, fechou o sutiã dela e a ajudou com seu vestido, enquanto distribuía beijos pelo pescoço dela e aproveitava para acariciar seu corpo. Quando ela também estava pronta, ele a pegou no colo, arrancando dela um pequeno grito de surpresa, seguido por algumas risadas.

- Me coloque no chão! – Com um sorriso nos lábios, ela pediu e beijou seu rosto. – Preciso das minhas botas. – Reclamou por estar descalça.

- Não precisa. – Mesmo com seus protestos, ele caminhou até a porta do escritório.

- Espera! Não quero que nos vejam saindo desse jeito. – Ela pediu, lançando um olhar para o estado dos cabelos dele e imaginando que os seus próprios também deveriam estar tão desarrumados quanto os dele, ou até pior.

- Você está linda! - Ele disse, beijando sua boca. - E com fome. – Ele a lembrou, ciente de que se ela não comesse, ficaria insuportável.

- Eu sei! Mas não quero que me vejam assim. – Ela lamentou, enquanto arrumava os cabelos dele, perdida em seus próprios pensamentos sobre sua própria aparência. – Me coloque no chão. – Ela mandou.

- Está tarde. Já devem estar em seus quartos.

Com relutância, ela girou a maçaneta e abriu a porta, e assim, com ela ainda nos braços, seguiram para a cozinha.


- Estive pensando! – Ela comentou, enquanto colocava a louça suja na máquina de lavar após terminarem de comer.

- E? – Ele guardava o que sobrou do lanche na geladeira, e se preparou para o que viria a seguir. Com ela, era sempre assim, altos e baixos, sem intervalos.

- Como você se sente em relação a mim? – Ela perguntou, olhando para ele, enquanto ele permanecia de costas para ela. Com tantas brigas, dúvidas e medo de se entregar novamente, nunca se interessou verdadeiramente em saber o que ele sentia. – Depois de tudo que vivemos... você se arrepende da escolha que fez?

- Maria... - Ele chamou seu nome, virando-se para encará-la.

- Você disse que odiava me amar. - Ela repetiu as palavras ditas antes por ele.

- Falei da boca para fora. - Ele admitiu, aproximando-se dela. - Estava com raiva, com ciúmes.

- Mas, de certa forma, a minha presença na sua vida também lhe causou alguns estragos. – Ela suspirou, reconhecendo a provável dificuldade que ele enfrentou ao criar os filhos sozinho e ao lidar com uma mentira tão significativa. Estava tão imersa em sua busca por vingança que, até esta tarde, nunca havia considerado como aquela situação foi para ele.

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